Demitido após 6 meses, Kleina se decepciona e pede “proteção” à CBF

  • Por Jovem Pan
  • 03/06/2016 17h09
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Ana Cichon/Jovem Pan Gilson Kleina no Esporte em Discussão

Seis meses bastaram para que a diretoria do Coritiba demitisse Gilson Kleina. O treinador, que foi contratado no fim do ano passado para iniciar a temporada à frente da equipe coxa-branca, não resistiu a um inconstante primeiro semestre e perdeu o emprego após somente 28 jogos. Neste período, foi vice-campeão paranaense, eliminado na segunda fase da Copa do Brasil e derrotado três vezes em cinco rodadas no Campeonato Brasileiro. Os resultados, definitivamente, deixaram a desejar. Mas Kleina não quer nem saber. Para ele, a demissão é reflexo de um imediatismo que, há algum tempo, assombra o futebol brasileiro.

Os meus objetivos no Coritiba eram: usar a base e resgatar alguns jogadores importantes para o elenco. Conseguimos fazer isso, e o maior exemplo é o Kleber Gladiador, que foi artilheiro do Campeonato Paranaense e é um dos maiores goleadores do Brasil em 2016Mas sabemos que o torcedor é movido pela paixão… Ele não quer saber quanto um clube tem de investimento, só quer saber de ganhar… Hoje, no futebol, precisa-se ter um pouquinho mais de clareza na transmissão dos objetivos para a torcida. O que falta é isso“, criticou, em entrevista exclusiva a Flávio Prado para o Plantão de Domingo, da Rádio Jovem Pan. 

Em 28 jogos no CoritibaKleina conquistou 13 vitórias, cinco empates e dez derrotas, encerrando a passagem pelo clube com um aproveitamento de 52,4%. Para ele, apesar do questionável desempenho, a decisão mais acertada da diretoria seria apostar na manutenção do trabalho – que, com apenas seis meses, deveria ser julgado com ressalvas, sem rigidez capaz de provocar atitude tão intempestiva. O Coritiba, afinal, não tem das maiores receitas do futebol brasileiro. 

“A disparidade do investimento é muito grande. Se um clube consegue contratar jogadores que agregam valor técnico e têm excelente potencial, com certeza o retorno vai ser mais imediato. Já quando uma equipe trabalha com a lapidação de atletas jovens, ainda sem a maturidade necessáriaeste retorno também acontecerá, mas depois de algum tempo. É natural que demore um pouco mais”, afirmou. “O Coritiba está se organizando fora de campo, mas, infelizmente, entra no imediatismo, nos resultados…”. 

De acordo com Kleina, o complicado cenário enfrentado pelos técnicos brasileiros só será transformado se a entidade que rege o futebol nacional se mexer. “A boa vontade só será colocada em prática quando houver uma legislação“, opinouChegou o momento de a CBF ver o que ela quer dos profissionais que comandam a parte técnica dos times de futebolO treinador pode se qualificar, fazer estágios no exterior, estudar, mas, se não tiver a segurança de resistir a um mau resultado, fica mais difícil“, acrescentou. 

O treinador fez até uma sugestão. “Para mim, deveria existir contratos vinculados à CBF que determinassem que os clubes pudessem ter, no máximo, duas comissões técnicas por ano. Melhoraria muito, porque, aí sim, haveria real avaliação do trabalho dos treinadores. Trabalhar com resultados imediatos fica muito difícil“, encerrou, sem pressa para assinar com outro clube: “aguardpropostas, mas vou analisar os projetos com muito cuidado“.

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