Demitido após 6 meses, Kleina se decepciona e pede “proteção” à CBF
Seis meses bastaram para que a diretoria do Coritiba demitisse Gilson Kleina. O treinador, que foi contratado no fim do ano passado para iniciar a temporada à frente da equipe coxa-branca, não resistiu a um inconstante primeiro semestre e perdeu o emprego após somente 28 jogos. Neste período, foi vice-campeão paranaense, eliminado na segunda fase da Copa do Brasil e derrotado três vezes em cinco rodadas no Campeonato Brasileiro. Os resultados, definitivamente, deixaram a desejar. Mas Kleina não quer nem saber. Para ele, a demissão é reflexo de um imediatismo que, há algum tempo, assombra o futebol brasileiro.
“Os meus objetivos no Coritiba eram: usar a base e resgatar alguns jogadores importantes para o elenco. Conseguimos fazer isso, e o maior exemplo é o Kleber Gladiador, que foi artilheiro do Campeonato Paranaense e é um dos maiores goleadores do Brasil em 2016. Mas sabemos que o torcedor é movido pela paixão… Ele não quer saber quanto um clube tem de investimento, só quer saber de ganhar… Hoje, no futebol, precisa-se ter um pouquinho mais de clareza na transmissão dos objetivos para a torcida. O que falta é isso“, criticou, em entrevista exclusiva a Flávio Prado para o Plantão de Domingo, da Rádio Jovem Pan.
Em 28 jogos no Coritiba, Kleina conquistou 13 vitórias, cinco empates e dez derrotas, encerrando a passagem pelo clube com um aproveitamento de 52,4%. Para ele, apesar do questionável desempenho, a decisão mais acertada da diretoria seria apostar na manutenção do trabalho – que, com apenas seis meses, deveria ser julgado com ressalvas, sem rigidez capaz de provocar atitude tão intempestiva. O Coritiba, afinal, não tem das maiores receitas do futebol brasileiro.
“A disparidade do investimento é muito grande. Se um clube consegue contratar jogadores que agregam valor técnico e têm excelente potencial, com certeza o retorno vai ser mais imediato. Já quando uma equipe trabalha com a lapidação de atletas jovens, ainda sem a maturidade necessária, este retorno também acontecerá, mas depois de algum tempo. É natural que demore um pouco mais”, afirmou. “O Coritiba está se organizando fora de campo, mas, infelizmente, entra no imediatismo, nos resultados…”.
De acordo com Kleina, o complicado cenário enfrentado pelos técnicos brasileiros só será transformado se a entidade que rege o futebol nacional se mexer. “A boa vontade só será colocada em prática quando houver uma legislação“, opinou. “Chegou o momento de a CBF ver o que ela quer dos profissionais que comandam a parte técnica dos times de futebol. O treinador pode se qualificar, fazer estágios no exterior, estudar, mas, se não tiver a segurança de resistir a um mau resultado, fica mais difícil“, acrescentou.
O treinador fez até uma sugestão. “Para mim, deveria existir contratos vinculados à CBF que determinassem que os clubes pudessem ter, no máximo, duas comissões técnicas por ano. Melhoraria muito, porque, aí sim, haveria a real avaliação do trabalho dos treinadores. Trabalhar com resultados imediatos fica muito difícil“, encerrou, sem pressa para assinar com outro clube: “aguardo propostas, mas vou analisar os projetos com muito cuidado“.
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