Dez anos do Tri: com goleada, São Paulo manda na América pela terceira vez

  • Por Lucas Reis/Rafael Souto/Jovem Pan
  • 13/07/2015 13h35
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Montagem/Folhapress Relembre a conquista são-paulino em imagens

Há exatos 10 anos, a América era pintada de vermelho, preto e branco pela terceira vez. No dia 14 de julho de 2005, o São Paulo goleou o Atlético Paranaense no Morumbi lotado e se tornou o primeiro clube brasileiro a chegar ao tricampeonato da Taça Libertadores da América.

Diferente da maioria das finais da Libertadores que costumam ser apertadas, em jogos muito difíceis, o São Paulo mostrou sua superioridade e não deu a menor chance ao Furacão. O placar de 4 a 0 coroou não só a grande final do Tricolor paulista, mas também toda a excelente campanha da equipe comandada por Paulo Autuori: em quatorze jogos, o Tricolor conseguiu nove vitórias, quatro empates e apenas uma derrota.

A queda em 2004: aprendizado para buscar o título

Vindo de uma eliminação traumática na Libertadores de 2004, quando chegou até a semifinal da competição, mas acabou eliminado com gol no último minuto de jogo diante do desconhecido Once Caldas, o São Paulo manteve grande parte de seu elenco para o ano seguinte e com uma campanha espetacular chegou ao título em 2005.

Lateral direito titular e destaque da conquista são-paulina na Libertadores de 10 anos atrás, Cicinho lembra que a eliminação de 2004 serviu de aprendizado para que em 2005 o título viesse.

“Tivemos a oportunidade de aprender em 2004. Pegamos um time até então sem expressão e acabamos sendo eliminados no momento em que o Cuca já dava os nomes para as cobranças de pênaltis. Foi um gol no final que nos abalou bastante. E tivemos o exemplo de que o São Paulo, para ganhar, tem que jogar o futebol que sabe. Não pode entrar na catimba. O Once Caldas fez muita cera no Morumbi, no primeiro jogo. E decidiram em casa”, relembra o lateral, hoje no Sivasspor, da Turquia.

“Em 2005 nós aprendemos. Foi onde tiramos essas lições. Fomos jogar na Argentina e vencemos os jogos. Não tinha aquele negócio de ficar fechadinho para não tomar gol. Jogávamos de igual para igual tanto em casa quanto fora e saíamos vitoriosos. Por isso fizemos excelente Libertadores em 2005 e conquistamos o título”, completa.

Troca de comando: sai Leão, entra Autuori

O São Paulo iniciou a temporada 2005 sob o comando de Emerson Leão. Após a conquista do Campeonato Paulista, o treinador deixou o Tricolor do Morumbi para trabalhar no Japão e a direção do clube, então, contratou Paulo Autuori para a sequência do ano. Titular na outra lateral daquele time, o canhoto Junior destaca que a conquista do estadual daquele ano embalou o time e ressalta ainda que tanto Leão quanto Autuori foram fundamentais na montagem do time campeão.

“O Paulista foi muito importante para nós porque deu maturidade e confiança para a sequência do semestre. O Paulista foi um trampolim para chegarmos na Libertadores e no Mundial”, recorda Junior. “O Leão recebeu uma proposta do Japão e nos deixou. Mas o São Paulo foi buscar no mercado um treinador que, pra mim, está entre os melhores do mundo que é o Paulo Autuori. Tivemos dois treinadores de auto nível”, completa o ex-lateral esquerdo.

De Rogério a Luizão, passando por Lugano, Mineiro e Josué: a força do elenco

Mesclando jogadores jovens e desconhecidos com alguns experientes e consagrados, o time do São Paulo campeão em 2005 contava com Rogério Ceni; Fabão, Lugano e Alex Bruno; Josué, Mineiro, Cicinho, Junior e Danilo; Amoroso e Luizão. No banco, o Tricolor contava ainda com Grafite, Diego Tardelli, Souza e Fábio Santos. Para Cicinho, o São Paulo não possuía nenhum grande craque e o entrosamento da equipe foi o grande diferencial para chegar ao titulo.

“A gente já estava bem entrosado. Um jogador conhecia o outro. A gente brincava que o São Paulo jogava por música. A gente não tinha um craque no time, mas jogadores que decidiam a qualquer instante. Isso ajudou bastante”, comentou o camisa 2.

Para Junior, três peças foram fundamentais para a conquista e poderiam resumir a equipe Tricolor na competição mais importante do continente.

“Resumo o São Paulo em três pessoas: Josué, Mineiro e Lugano. Foram especiais nessa arrancada, tanto em campo como fora de campo”, afirmou.

A decisão: polêmica no primeiro jogo, goleada no segundo

A expectativa era de dois jogos apertados tanto na Arena da Baixada quanto no Morumbi. A Conmebol, porém, impediu o Atlético Paranaense de jogar em seu estádio por não ter a capacidade mínima de torcedores e o Furacão foi obrigado a levar a partida para o Beira Rio, em Porto Alegre.

Em campo neutro, o Atlético até saiu na frente, com gol de Aloísio (que meses depois chegaria ao Tricolor para a disputa do Mundial), mas o São Paulo empatou com gol contra do zagueiro Durval, hoje no Sport. O empate em 1 a 1 deixou a decisão em aberto e o campeão seria conhecido no Morumbi.

Diante de um Morumbi lotado com 71.986 pessoas, os são-paulinos viviam a expectativa de encerrar o jejum de 12 anos sem conquistar a América e foi com uma goleada que o título veio. Com gols de Amoroso, Fabão, Luizão e Diego Tardelli, o São Paulo fez 4 a 0.

“Na primeira partida saímos perdendo. Sabíamos que deveríamos ser perfeitos ali porque enfrentávamos uma boa equipe. Precisávamos ser perfeitos ali para que na segunda partida, diante da nossa torcida e nosso estádio, que conhecíamos bem, pudéssemos ganhar. Foi emocionante. A torcida do São Paulo ama essa competição, lotou o estádio, no final deu tudo certo”, relembra Junior.

A decisão que poderia ganhar ares dramáticos após o equilíbrio do primeiro se encaminhou para a tranquilidade e o torcedor são-paulino aproveitou a partida fazendo uma linda festa no Morumbi.

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