Di Grassi vê talento preterido e avisa: cada vez menos brasileiros estarão na F-1
Lucas Di Grassi atualmente corre no Mundial de Endurance e na Fórmula E
Lucas Di Grassi atualmente corre no Mundial de Endurance e na Fórmula ETerceiro com mais títulos na história, formador de três campeões mundiais e dono de um dos Grandes Prêmios mais prestigiados da temporada. O Brasil, definitivamente, é um dos países mais tradicionais do luxuoso e estrelado “circo” da Fórmula 1. Para um dos melhores pilotos da nova geração nacional, contudo, o futuro tende a deixar a nação verde-amarela cada vez mais distante da principal categoria do automobilismo mundial.
Em entrevista exclusiva ao repórter Felipe Motta, da Rádio Jovem Pan, Lucas Di Grassi criticou o atual cenário da F-1 e disse que cada vez mais o “ganha-pão” dos pilotos nacionais estará fora da modalidade. “Hoje em dia, eu posso afirmar com certeza que, para os pilotos brasileiros, não é nem que existe vida fora da Fórmula 1… E sim que praticamente só existe vida fora da Fórmula 1“, afirmou.
De acordo com o paulista de 31 anos, que competiu na principal categoria do automobilismo mundial em 2010, a explicação para tal tese está na condição para que um piloto se profissionalize atualmente. Di Grassi contou que, hoje em dia, um garoto só faz carreira fora do Brasil se estiver ligado a uma grande montadora, como Audi, BMW, Mercedes e Nissan, por exemplo. São elas que decidem onde o piloto irá competir – e a Fórmula 1 é a categoria que dá menos espaço a jovens talentos, principalmente por causa da influência de patrocinadores e do dinheiro externo na escolha dos atletas.
“Se você vir a quantidade de pilotos profissionais que hoje existem no Brasil e a quantidade que haverá no futuro, cada vez menos eles serão relacionados com a Fórmula 1. Pode ter certeza. A tendência é que, daqui para frente, haja cada vez mais brasileiros em outras categorias… Exatamente naquelas ligadas às construtoras“, avaliou Di Grassi, exemplificando tal afirmação com os brasileiros Augusto Farfus, que é ligado à BMW e compete na categoria DTM, e João Paulo de Oliveira, contratado da Nissan e piloto da Super GT.
Di Grassi, que é ligado à Audi e corre no Mundial de Endurance e na Fórmula E, ainda deu outra explicação para a já perceptível escassez de brasileiros na Fórmula 1: acredite, a crise financeira pela qual algumas equipes passam. Ela, de acordo com o paulista, obriga os grupos a contratarem os pilotos com mais força junto a patrocinadores – e não necessariamente os mais talentosos.
“Se você pegar um cara tipo o Felipe Massa… Ele entrou na Fórmula 1 em uma época na qual os pilotos recebiam bons salários, mesmo os de teste. Eles chegavam à categoria pelo talento, basicamente“, explicou Di Grassi. “Hoje em dia, é muito difícil que isso aconteça. Há uma competição muito grande. As equipes estão em um deficit enorme, e, excetuando os seis, oito pilotos dos grupos grandes, que ainda são muito bem pagos, o salário médio diminuiu muito”, encerrou.
Isso quer dizer que, se o Brasil não ganha um título mundial na Fórmula 1 desde 1991, a seca ainda deve demorar para se encerrar.
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