Dinâmico e midiático, mas… Por que o caratê demorou tanto para virar olímpico?

  • Por Jovem Pan
  • 12/08/2016 17h49

Caratê foi incluído no programa dos Jogos Olímpicos de Tóquio Divulgação Caratê foi incluído no programa dos Jogos Olímpicos de Tóquio

Demorou, mas o caratê finalmente foi incluído no programa dos Jogos Olímpicos. Lendária, a arte marcial japonesa é popular, dinâmica e bastante midiática, mas tardou em integrar o quadro do principal evento esportivo do mundo. 

A espera só acabou há duas semanas, quando o COI anunciou que o caratê e mais cinco modalidades farão parte dos Jogos de Tóquio, em 2020. O fato de o Japão ser o berço do esporte ajudou, é claro, mas não foi só por causa disso que o caratê se tornou um esporte olímpico. 

Há uma explicação objetiva para que a modalidade tenha demorado tanto para ser reconhecida pelo COI: ela não cumpria com uma das obrigações definidas pelo órgão para a inclusão de um esporte no programa olímpico. 

O comitê estabelece dois parâmetros para a aceitação de uma modalidade como olímpicaque ela seja praticada em muitos países e que seja representada por uma única entidade mundialmente reconhecida.  

O caratê não se enquadrava no segundo desses requisitos. Quem explica tudo é José Carlos de Oliveira. Em entrevista exclusiva a André Ranieri para o próximo Domingo Esporte, da Rádio Jovem Pan, o presidente da Federação Paulista de Caratê explicou que a modalidade era marginalizada pelo COI porque tinha diversos órgãos que a representavam – e não apenas um, como a entidade pede. 

“Nós passamos por um processo político muito intenso nas últimas décadas. Houve muitos dissidentes, pessoas que saíram da federação internacional para montar outras confederações, e isso não repercutia bem dentro do Comitê Olímpico Internacional“, disse José Carlos de Oliveira. 

A situação só mudou em 1999, quando o COI reconheceu Federação Mundial de Caratê (World Karate Federation – WKF, em inglês) como a entidade governativa da arte marcial japonesa. Somente a partir daí é que o caratê passou a ser candidato a figurar nos Jogos Olímpicos.  

A comunidade tentou a inclusão nos Jogos de 2004, 2008, 2012 e 2016, mas só conseguiu ganhar a confiança do COI há pouco tempo – o que motivou a decisão do último dia 3, de incluir o caratê no quadro da Olimpíada de Tóquio, em 2020. 

“Nossa comunidade está muita satisfeita pela inclusão nos Jogos Olímpicos, porque o caratê é um esporte muito praticado mundo afora. No último Campeonato Mundial, na Alemanha, por exemplo, foram quatro dias de competição e 11 mil ingressos vendidos. O caratê é praticado em mais de 190 países. A federação mundial é muito responsável, bem organizada, então, o caratê tem tudo para ficar definitivamente no quadro olímpico“, apostou José Carlos de Oliveira.

Bom para o Brasil 

A inclusão do caratê nos Jogos Olímpicos foi bastante comemorada pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro). O País, afinal, tem muita força no esporte e deve brigar por medalhas já em 2020. Douglas Brose, na categoria até 60 kg, Vinícius Figueira, na categoria até 67 kg, e Valéria Kumizake, na categoria 55 kg, são os principais nomes da modalidade no Brasil – que, inclusive, ganhou títulos mundiais e pan-americanos nos últimos anos. 

Há um celeiro muito bom no Brasil. Com certeza, vamos ter bons resultados já em Tóquio-2020“, disse o presidente da federação paulista. “Hoje, há oito categorias… Acredito que, se o caratê já integrasse os Jogos em 2016, teríamos condições plenas de subir ao pódio em pelo menos três delas“, decretou.

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