Dorival Júnior afirma: “temos que recuperar a essência do futebol brasileiro”
Atualmente sem clube, devido a problemas de saúde com sua esposa, o técnico Dorival Júnior concedeu entrevista à Rádio Jovem Pan e falou sobre futebol brasileiro, o desfecho da Copa América e teceu críticas contundentes à formação dos treinadores em nosso país.
Em relação ao título chileno, Dorival aprovou o estilo de jogo demonstrado pela seleção comandada por Jorge Sampaoli.
“Eu acho que prevaleceu mais uma vez o futebol coletivo. O futebol apresentado pelo Chile foi muito regular. Jogando em casa, a motivação foi grande. Talvez a melhor geração do futebol chileno, um meio de campo ofensivo, que valoriza a posse de bola. De um modo geral, não tivemos novidades. O que prevalece é aquilo que o futebol brasileiro sempre teve, é o futebol coletivo, de uma intensidade muito grande. Mostrou o que mostrou a Copa do Mundo. A Alemanha foi a equipe mais coletiva de toda a Copa”, disse. “Lógico que estamos muito insatisfeitos, mas temos que dar uma parada, repensar o que estamos fazendo com o futebol. A distância hoje é muito grande em relação a outras equipes do futebol mundial. Nós paramos por um bom tempo e temos que nos estruturar novamente para voltarmos a ter o respeito”, prosseguiu.
Sobre as críticas aos técnicos brasileiros depois do vexame na Copa do Mundo, Dorival Júnior frisou que elas foram equivocadas de certa forma. O ex-técnico de Palmeiras e Santos, entre outros clubes, aponta um erro na formação dos comandantes.
“O que chamava a atenção é que, após a Copa do Mundo, muito se falou sobre o treinador brasileiro. É natural que se faça alguns questionamentos. Todo mundo falou que tínhamos que melhorar, que buscar uma reciclagem. Então eu pergunto: em que momento nos foi passado alguma condição na formação do profissional de futebol? Em que momento o futebol brasileiro se preocupou com isso? Nós nunca fomos grandes formadores, essa é a grande verdade. O que nós conseguimos implantar é o que aprendemos no dia-a-dia, aprendemos como ex-jogadores. Melhoramos fazendo um ou outro curso, alguns que conseguiram uma formação superior, mas são raros os que conseguiram. Você vai reciclar o que se você não teve nem uma formação? Vimos as críticas, mas encaramos com muita pouca ação. Estamos demorando muito. Estamos próximos às Eliminatórias e nada foi feito. Corremos um risco muito grande por aquilo que estamos apresentando neste momento”, questionou.
Para Dorival, o passo inicial para o nosso futebol voltar a caminhar nos trilhos é pensar sempre na base das coisas.
“Temos que parar com esses cursos de final de semana. Não existe mais isso. Temos que implantar uma nova metodologia, recuperar a essência do futebol brasileiro. Hoje não conseguimos buscar uma definição do futebol brasileiro. Somos uma equipe de toque de bola? Não. Somos uma equipe de contra-ataque? Não. Somos uma equipe com uma marcação altamente eficiente? Não. O futebol brasileiro, que sempre teve uma característica toda particular em relação ao resto do mundo, que era a valorização da posse de bola, o jogo coletivo, foi perdido”, afirmou. “Nos centros da Europa, não temos a chancela da Uefa, não podemos trabalhar lá. Apenas treinadores que passaram por seleções. O Vanderlei (Luxemburgo) teve essa possibilidade, o Luiz Felipe (Scolari) teve. O Mano (Menezes) está uma formação lá fora, buscando algo que lhe faculte o trabalho fora do nosso país. Nós precisamos que a CBF comece a implantar uma metodologia de trabalho, para que nós tivéssemos uma formação inicial, o reconhecimento Conmebol, Uefa, Fifa, para que o treinador brasileiro pudesse militar em qualquer parte do mundo. Esse é o primeiro erro”, finalizou.
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