Dorival Júnior afirma: “temos que recuperar a essência do futebol brasileiro”

  • Por Jovem Pan
  • 06/07/2015 22h24
O técnico Dorival Júnior durante 1º Fórum Brasil de Treinadores, promovido pela Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol (FBTF), no Spa Sport Resort, em Itu, SP. (Itu, SP, Foto de Marcelo D'Sants/Frame/Folhapress) Folhapress O técnico Dorival Júnior durante 1º Fórum Brasil de Treinadores

Atualmente sem clube, devido a problemas de saúde com sua esposa, o técnico Dorival Júnior concedeu entrevista à Rádio Jovem Pan e falou sobre futebol brasileiro, o desfecho da Copa América e teceu críticas contundentes à formação dos treinadores em nosso país.

Em relação ao título chileno, Dorival aprovou o estilo de jogo demonstrado pela seleção comandada por Jorge Sampaoli.

“Eu acho que prevaleceu mais uma vez o futebol coletivo. O futebol apresentado pelo Chile foi muito regular. Jogando em casa, a motivação foi grande. Talvez a melhor geração do futebol chileno, um meio de campo ofensivo, que valoriza a posse de bola. De um modo geral, não tivemos novidades. O que prevalece é aquilo que o futebol brasileiro sempre teve, é o futebol coletivo, de uma intensidade muito grande. Mostrou o que mostrou a Copa do Mundo. A Alemanha foi a equipe mais coletiva de toda a Copa”, disse. “Lógico que estamos muito insatisfeitos, mas temos que dar uma parada, repensar o que estamos fazendo com o futebol. A distância hoje é muito grande em relação a outras equipes do futebol mundial. Nós paramos por um bom tempo e temos que nos estruturar novamente para voltarmos a ter o respeito”, prosseguiu.

Sobre as críticas aos técnicos brasileiros depois do vexame na Copa do Mundo, Dorival Júnior frisou que elas foram equivocadas de certa forma. O ex-técnico de Palmeiras e Santos, entre outros clubes, aponta um erro na formação dos comandantes.

“O que chamava a atenção é que, após a Copa do Mundo, muito se falou sobre o treinador brasileiro. É natural que se faça alguns questionamentos. Todo mundo falou que tínhamos que melhorar, que buscar uma reciclagem. Então eu pergunto: em que momento nos foi passado alguma condição na formação do profissional de futebol? Em que momento o futebol brasileiro se preocupou com isso? Nós nunca fomos grandes formadores, essa é a grande verdade. O que nós conseguimos implantar é o que aprendemos no dia-a-dia, aprendemos como ex-jogadores. Melhoramos fazendo um ou outro curso, alguns que conseguiram uma formação superior, mas são raros os que conseguiram. Você vai reciclar o que se você não teve nem uma formação? Vimos as críticas, mas encaramos com muita pouca ação. Estamos demorando muito. Estamos próximos às Eliminatórias e nada foi feito. Corremos um risco muito grande por aquilo que estamos apresentando neste momento”, questionou.

Para Dorival, o passo inicial para o nosso futebol voltar a caminhar nos trilhos é pensar sempre na base das coisas.

“Temos que parar com esses cursos de final de semana. Não existe mais isso. Temos que implantar uma nova metodologia, recuperar a essência do futebol brasileiro. Hoje não conseguimos buscar uma definição do futebol brasileiro. Somos uma equipe de toque de bola? Não. Somos uma equipe de contra-ataque? Não. Somos uma equipe com uma marcação altamente eficiente? Não. O futebol brasileiro, que sempre teve uma característica toda particular em relação ao resto do mundo, que era a valorização da posse de bola, o jogo coletivo, foi perdido”, afirmou. “Nos centros da Europa, não temos a chancela da Uefa, não podemos trabalhar lá. Apenas treinadores que passaram por seleções. O Vanderlei (Luxemburgo) teve essa possibilidade, o Luiz Felipe (Scolari) teve. O Mano (Menezes) está uma formação lá fora, buscando algo que lhe faculte o trabalho fora do nosso país. Nós precisamos que a CBF comece a implantar uma metodologia de trabalho, para que nós tivéssemos uma formação inicial, o reconhecimento Conmebol, Uefa, Fifa, para que o treinador brasileiro pudesse militar em qualquer parte do mundo. Esse é o primeiro erro”, finalizou.

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