Dorival Júnior destaca diferença entre futebol brasileiro e europeu e critica: “não temos um modelo”
Com 13 anos de profissão e 17 clubes no currículo, Dorival Júnior é um dos treinadores de alto nível da escola brasileira. Sem time desde o fim de 2014, quando foi demitido do Palmeiras, Dorival conversou com a Jovem Pan e criticou a situação do futebol brasileiro, que tem problemas administrativos e dificuldade em definir um estilo.
Pela terceira vez na carreira, o técnico esteve na Europa para estudar e se atualizar profissionalmente. “Sempre fui interessado em mudar alguma coisa que vinha acontecendo no país. A gente nunca teve um modelo, uma grande formação, uma preocupação em formar administrativamente dirigentes, nunca demos suporte à formação de treinadores”, relata.
Segundo ele, o futebol brasileiro sempre andou na contramão, e não houve uma preocupação em busca de melhoras, de atualizações. “A verdade é que o jogador brasileiro sempre brotava, nascia, e suas condições individuais o levavam a certo ponto. Dificilmente o clube o formava”, explica.
Dorival ainda reforça que o Brasil teve futebol bem jogado pelas características individuais, e que poderia ter ganhado muito mais do que já ganhou. “É o resultado de 20 anos de desmando, de inoperância, e deixamos a desejar. A Europa sempre se atentou para isso”, aponta.
Como ponto de comparação, o técnico ainda coloca alguns números, divulgados pela Universidade do Futebol, que comprovam o atraso do futebol brasileiro: entre 2010 e 2011, a Espanha formou 55 mil treinadores, em todas as categorias. O Brasil, no último ano, formou 50 profissionais, pelo curso da Confederação Brasileira de Futebol, que não é reconhecido pela Fifa e nem pela Uefa.
A dificuldade para os treinadores, especialmente, é a falta de incentivos e de profissionalização. Mesmo colocando a necessidade de melhorias, Dorival questiona como esta reciclagem pode acontecer. “Nem todo mundo tem condições de sair e ficar 15,20 dias se bancando na Europa. 80% dos treinadores brasileiros não tem carteira assinada. Precisamos acordar, precisamos de uma mudança radical”, lamenta.
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