Dudu destaca sua reinvenção em campo: “atacante precisa ter mais de uma função”

  • Por Estadão Conteúdo
  • 14/12/2016 13h15

Capitão do Palmeiras Divulgação / Cesar Greco / Ag Palmeiras Capitão do Palmeiras

Dudu acredita que os atacantes estão percorrendo o mesmo caminho dos zagueiros e volantes e aprendendo a realizar mais de uma função dentro de campo. Assim como os defensores têm de iniciar as jogadas ofensivas – Moisés e Tchê Tchê são os melhores exemplos do Campeonato Brasileiro -, os atacantes têm de pensar o jogo, criar e ir além da função de colocar a bola para dentro do gol. A trajetória do capitão é um exemplo disso. Em 2015, ele foi decisivo no título da Copa do Brasil e terminou a temporada como artilheiro com 16 gols em 56 partidas. Neste ano, virou o maior garçom do Brasileirão ao lado de Gustavo Scarpa ao dar dez assistências. 

Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, o camisa 7 conta como conseguiu se reinventar, revela que está ajudando as famílias das vítimas do acidente aéreo da Chapecoense e como planeja as férias em Goiânia. 

Você foi contratado para atuar como atacante e finalizar as jogadas. Neste ano, virou armador. Como foi essa mudança?

Eu sempre joguei mais avançado, mas agora estou atuando um pouco mais recuado. Isso ajuda a olhar o jogo de outra maneira. Foi uma mudança importante para mim. Não vejo problemas em fazer as duas funções. Consegui mostrar que posso jogar para finalizar e também para armar as jogadas. A gente tem de aprender a se virar para fazer o que o treinador quer. Mais importante do que a posição é poder ajudar o Palmeiras.

Você acha que melhorou dentro de campo?

Acho que sim. A gente vê pelos números. Acho que os atacantes têm de aprender a fazer coisas diferentes. Não pode só finalizar. Tem de voltar para marcar, pensar o jogo, criar situações para os companheiros. A gente vê os volantes que saem para o jogo. Os atacantes também podem fazer várias funções. Fico feliz pela mudança e mais ainda por ter ajudado nessa trajetória até o título brasileiro. Espero que o ano possa ser ainda melhor. 

Foi difícil mudar?

A gente sempre passa por um período de adaptação, mas o meu foi bem curto. Eu tive o apoio do grupo. Os jogadores se ajudam muito dentro de campo e isso facilitou bastante. O Cuca também foi importante. Com isso, eu consegui me desenvolver. 

O que você prefere fazer: finalizar ou armar?

A gente prefere fazer o que está dando certo (risos). No ano passado, deu certo jogar como atacante. Neste ano, eu me senti bem armando e dando alguns passes para os gols. 

O que espera do novo treinador? Tudo indica que será o Eduardo Baptista…

Ainda não recebemos nenhuma informação. Posso jogar onde o treinador me escalar. Espero que o treinador que chegar possa fazer a escalação da melhor maneira. 

Você também passou por uma mudança de comportamento. Depois de ser suspenso após dar um empurrão no árbitro, passou de 14 cartões em 2015 para seis neste ano. Como conseguiu mudar o jeito de ser?

Eu coloquei na minha cabeça que precisava mudar. Não podia ficar tomando tantos cartões. Consegui reduzir isso durante a competição. 

Precisou de um psicólogo?

Não. Isso partiu de mim mesmo. O Cuca falou comigo e disse que precisava de mim. Disse que eu não podia correr o risco de ficar fora por suspensão e desfalcar a equipe. Os companheiros também me deram confiança. 

A partir de que momento você passou a acreditar que o Palmeiras poderia ser campeão?

Desde o primeiro jogo (vitória sobre o Atlético Paranaense por 4 a 0 no Allianz Parque). Pela maneira como conseguimos a vitória e pelo grupo que nós tínhamos, eu percebi que a gente podia disputar o título. Desde o início, o Cuca também disse que nós poderíamos ser campeões. Isso entrou na cabeça de todo mundo. Nós compramos essa ideia. Jogo após jogo, todo mundo começou a perseguir essa conquista. 

Qual foi o momento de maior dificuldade dentro do torneio?

Foi no final do primeiro turno quando ficamos três jogos sem vencer. A gente via os outros times vencendo, tirando a diferença e isso nos abalou um pouco. Acho que chegamos a cair para a terceira posição. Felizmente, nós conseguimos assimilar esse momento rapidamente. Todos os times oscilam em um torneio longo como o Campeonato Brasileiro. Nossa oscilação durante apenas três jogos e conseguimos recuperar o ritmo. 

A tragédia da equipe da Chapecoense aconteceu dois dias após o título do Palmeiras. Como você se sentiu?

Ficamos todos muito tristes. A nossa conquista não se compara ao que aconteceu. Todos ficaram abalados no dia da tragédia e também nos dias que se seguiram. O Fabiano foi para lá (Chapecó). Ele conhecia todo mundo. Tínhamos muitos conhecidos, jogamos contra eles no domingo. Foi uma tragédia para todo mundo. Eu senti que precisava fazer alguma coisa. 

O que você fez? 

Resolvi leiloar a camisa do jogo para ajudar as famílias. O leilão já estava acontecendo e achei que poderíamos mudar o formato para beneficiar os parentes. É uma pequena atitude para confortar um pouco a dor dos familiares. 

Vai viajar nas férias?

Vou para Goiânia. Nós temos um sítio lá e meus planos são fazer um churrasco e jogar umas “peladas”. 

Só isso?

Vou fazer mais uma tatuagem pelo título brasileiro. Já perdi a conta das tatuagens que eu tenho, mas essa será uma das mais importantes.

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