Em alta, Dorival revela sonho de atuar na Europa: “nem que fosse na Série B”
Dorival Junior está no comando técnico do Santos desde julho de 2015
Dorival Junior está no comando técnico do Santos desde julho de 2015Um ano e seis meses. Este é o tempo que Dorival Junior resiste no comando do Santos – nenhum outro técnico da elite brasileira está há tantos dias no mesmo clube. Estável como nunca, o paulista de 54 anos conta com o respaldo do presidente Modesto Roma Júnior e, pelo menos por enquanto, não pensa em deixar o Peixe. Pelo menos por enquanto…
Em entrevista exclusiva a Raphael Thebas que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan, Dorival revelou que, a longo prazo, pensa em cruzar o Atlântico para trabalhar em uma equipe europeia.
O desejo é tão grande, que o técnico não se importaria nem em dirigir um time da segunda divisão.
“Profissionalmente, para mim, seria muito interessante ter a oportunidade de trabalhar em uma equipe europeia. Nem que fosse em um time de segunda divisão ou em uma equipe pequena da elite de algum desses campeonatos importantes…“, revelou Dorival, com exclusividade, à Rádio Jovem Pan.
“Financeiramente, aí é outro aspecto. Aí, você pensa em mercado chinês… Mas, como realização profissional, eu gostaria muito de ter uma oportunidade no mercado europeu. Sei que é muito difícil, porque o treinador brasileiro ainda não é aceito na Europa por não ter a licença da Uefa, mas tenho esse objetivo”, acrescentou.
Recentemente, apenas Vanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari emprestaram a mão de obra brasileira a grandes clubes da Europa. O primeiro comandou o Real Madrid em 2005, e o segundo atuou no Chelsea de 2008 a 2009. No entanto, nenhum deles durou mais de uma temporada.
Atualmente, não há nenhum treinador brasileiro à frente de um time de primeira divisão de uma liga relevante na Europa. O último a conseguir tal feito foi o desconhecido Fabiano Soares, de 49 anos, que nasceu no Rio de Janeiro, mas se formou na Real Federação Espanhola de Futebol e estava no comando do Estoril, de Portugal – acabou sendo demitido há um mês.
Para Dorival, o problema é estrutural. E tem uma explicação: os cursos que a CBF oferece aos técnicos brasileiros não têm a chancela da Uefa – o que impede os treinadores nacionais de trabalharem na Europa.
Hoje, apenas o desempregado Milton Mendes, que estudou em Portugal e passou por Ferroviária, Atlético-PR e Santa Cruz, tem a formação necessária para comandar um time do Velho Continente – ele finalizou a Uefa Pro, licença que abrange conhecimento em administração, mídia, finanças e leis trabalhistas.
“Esse é um peso que vai nos acompanhar por muito tempo”, lamentou Dorival Junior. “É uma correção que precisa ser feita rapidamente, e a CBF vai ser fundamental em todo esse processo. Ainda não iniciamos esse movimento, mas precisamos de uma agilização em torno deste aspecto. Só para vocês terem uma ideia, um treinador indiano pode trabalhar em qualquer equipe europeia, e um brasileiro, não. O brasileiro, hoje, está fora do mercado por não ter as licenças chanceladas pela Uefa. Isso tudo precisa ser corrigido rapidamente“, finalizou.
E a tese de Renato Gaúcho?
Ainda durante a entrevista exclusiva a Raphael Thebas, Dorival Junior rebateu a polêmica declaração de Renato Gaúcho. Minutos depois de conquistar o título da Copa do Brasil, o técnico do Grêmio afirmou que “quem precisa aprender, estuda, vai pra Europa… Quem não precisa, vai pra praia”.
A tese de Renato incomodou Dorival, que, antes de assumir o Santos, viajou à Europa para conhecer novos métodos de treinamento.
“Você tem de adquirir conhecimento, sim. Temos de ter a consciência de que ficamos para trás há algum tempo. O futebol mudou muito, e os outros países passaram a estudar o que o Brasil havia feito de bom. Levaram, adaptaram e desenvolveram uma metodologia de trabalho muito interessante… Pelo terceiro ano consecutivo, eu fui à Europa para tentar entender aquilo que estava se passando. Foi muito importante para mim“, argumentou o treinador do Santos, que, durante um mês, acompanhou os trabalhos de Real Madrid, Chelsea, Bayern de Munique, Roma e Lazio.
“Eu constatei muitas coisas. Uma delas foi que o próprio treinador brasileiro não estava tão distante do europeu quanto imáginavamos. Muitas coisas que nós fazíamos aqui os treinadores dos clubes europeus, em geral, já usavam lá. Todas as coisas observadas foram importantes. Algumas foram adaptadas, outras, deixadas de lado. Eu tenho que reconhecer que ter ido à Europa me ajudou muito. E, inclusive, gostaria que isso acontecesse mais vezes. Eu me preocupo em tentar estar sempre atualizado”, finalizou.
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