Em carta, oposição do Corinthians cobra explicações sobre arena, patrocínio e Ralf
O momento nos bastidores do Cornthians é turbulento. Nesta semana, o clube teve seu estádio citado na investigação da Lava jato e seu vice-presidente foi preso. Diante disso, a oposição à presidência de Roberto de Andrade se manifestou, na noite desta quarta-feira (23), sobre esses e outros assuntos. Por meio de uma carta aberta, ela questiona diversos acontecimentos.
O primeiro deles é uma requisição para a criação de “uma comissão para acompanhar as discussões e auditorias que estão sendo realizadas para determinar o exato tamanho da dívida” da Arena Corinthians. “Nós ficamos muito preocupados. A coletividade corintiana como um todo está muito preocupada com tudo o que está ocorrendo”, disse Antônio Roque Citadini, um dos líderes da oposição, em entrevista ao repórter Luis Carlos Quartarollo, da Rádio Jovem Pan.
“Numa situação dessa, como nós estamos aí, com a questão da Lava Jato, dificulta muito uma negociação com uma empresa séria para um contrato de longo prazo. Por isso que nós da oposição gostaríamos que o clube superasse esses problemas até para resolver os outros, está faltando publicidade na camisa, está faltando naming rights. Para isso, é importante que a gente se distancie de problemas, especialmente de problemas judiciais”, completou Citadini.
Outro ponto questionado é o fim do patrocínio da Caixa Econômica Federal ao clube. Segundo o comunicado, é preciso que sejam informados “os exatos termos da contratação com empresa de apostas, concorrente da Caixa, que teria levado a instituição bancária a se desinteressar pela renovação do patrocínio do Corinthians”.
Por fim, a carta ainda faz questionamentos sobre a venda do volante Ralf, que trocou o Timão pelo Beijin Guoan no começo deste ano. Para a oposição, “deve ser instituída uma comissão para esclarecer cabalmente” o imbróglio da negociação. Ainda há o pedido do encerramento de todas as parcerias do clube com empresários.
Leia, abaixo, a carta na íntegra.
CARTA ABERTA DA OPOSIÇÃO CORINTHIANA
Aos respectivos Presidentes do Conselho Deliberativo e do Conselho de Orientação do Sport Club Corinthians Paulista.
Nós, da oposição à atual administração, em conjunto com conselheiros, sócios e a coletividade corinthiana vivemos um momento de intensas preocupações com os fatos e as notícias trazidas a público nos últimos dias.
A saber:
A questão do estádio, dos seus custos e das suas formas de pagamento, bem como sua citação por membros do Ministério Público e da Polícia Federal, que conduzem a operação Java Jato;
A informação de que o Corinthians deixou de renovar patrocínio com a Caixa Econômica Federal, por conta da existência de contrato conflitante, com empresa da área de apostas e jogos de cassino;
As circunstâncias incomuns oriundas da venda do jogador Ralf;
Corinthianos, que somos, e preocupados com nossa agremiação e com seu futuro, dirigimo-nos aos Presidentes do Conselho Deliberativo e do CORI para propor o seguinte:
1 – Quanto ao estádio e à questão da Lava Jato
Torna-se imperioso que os órgãos diretivos do Clube instituam uma comissão para acompanhar as discussões e auditorias que estão sendo realizadas para determinar o exato tamanho da dívida do estádio.
A correta fixação do valor de custo do estádio é de grande importância para o Corinthians e cremos que a mesma deve ficar próxima dos valores inicialmente pactuados, visto que algumas das alterações vem tendo seus números contestados pelos próprios arquitetos envolvidos na obra. É importante para o Clube que tal comissão acompanhe estes trabalhos de auditoria, reforçando a determinação para se chegar a um valor justo e acima de qualquer questionamento.
2 – Quanto ao rompimento do patrocínio com a Caixa Econômica Federal
É primordial, especialmente num momento de crise financeira para o Clube e para o país, que seja oficiada a diretoria para esclarecer os exatos termos da contratação com empresa de apostas, concorrente da Caixa, que teria levado a instituição bancária a se desinteressar pela renovação do patrocínio do Corinthians, tendo em vista que este correspondia a uma grande fonte de receitas para o Clube. Destaque-se que, em se tratando de organização de consolidado prestígio na área bancária, é inoportuno trocar o patrocínio da Caixa, em favor de uma empresa pouco conhecida e de segurança jurídica questionável.
3 – Quanto à venda do jogador Ralf
As notícias mostram um imbróglio, sem qualquer esclarecimento preciso por parte da direção sobre a transferência do jogador. Cremos que, neste caso também, deve ser instituída uma comissão para esclarecer cabalmente o ocorrido.
É sabido que, em nossa opinião, dever-se-ia encerrar todas parcerias com empresários. Sempre que há contratações ou transferências de jogadores, os ditos “parceiros” atormentam e sangram financeiramente o Clube. Para o Corinthians esta política de “parcerias” tem gerado somente prejuízo, ou quando muito, lucro insignificante.
Estes três pontos citados necessitam ser esclarecidos com a maior objetividade possível. O caso específico do estádio e de sua grave citação na Operação Lava Jato merece rápida e clara posição do Corinthians, de forma a apoiar a investigação do Ministério Público e da Polícia Federal. É necessário colocar à disposição das autoridades todos os números, contratos e demais dados referentes a esta questão.
Igualmente, devemos destacar que qualquer menção a dirigentes e funcionários do Corinthians devem respeitar o direito à defesa, dando a todos a oportunidade de elucidar o que for apontado pela investigação, sem julgamentos prévios e sem comodismo com os eventuais erros praticados.
É inegável que sem superar, de imediato, os graves problemas aqui apresentados, torna-se extremamente difícil a negociação dos Naming Rights.
É obrigação, dever mesmo, de uma oposição responsável nos momentos em que o Clube encontra-se exposto de maneira de tão negativa junto à sua torcida e às autoridades do país manifestar-se e exigir esclarecimentos da Diretoria. É o que estamos fazendo.
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