Entenda a briga entre Primeira Liga e CBF e por que ela interessa ao futebol nacional

  • Por Jovem Pan
  • 26/01/2016 16h17
Reprodução/Twitter Dirigentes de clubes da Primeira Liga: com a competição

Enquanto os times brasileiros se preparam para o início de uma nova temporada, os bastidores do futebol estão agitados como uma fase decisiva do Campeonato Brasileiro. Isso porque a Primeira Liga trava com a CBF um duelo para realizar sua competição entre clubes do Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

No entanto, mais do que o futebol jogado em campo, esta briga tem muito a ver com o esporte em todo Brasil e interessa mesmo a torcedores e dirigentes dos clubes de outros estados. Então, para entender melhor tudo o que tem acontecido recentemente, o Jovem Pan Online preparou um guia para entender o que é a Primeira Liga e por que ela tem causado tanta confusão nos bastidores.

O que é?

A Primeira Liga surgiu no primeiro semestre de 2015 inicialmente com o intuito de reeditar a Copa Sul-Minas. Flamengo e Fluminense, brigados com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) se uniram ao grupo posteriormente, e então passou-se a se falar em Copa Sul-Minas-Rio.

A fundação oficial da liga aconteceu no dia 10 de setembro de 2015.

Por quem é formada?

São doze times de quatro estados diferentes: Flamengo e Fluminense (Rio de Janeiro), Cruzeiro, América-MG e Atlético-MG (Minas Gerais), Grêmio e Internacional (Rio Grande do Sul), Coritiba e Atlético-PR (Paraná), Criciúma, Avaí e Figueirense (Santa Catarina).

Por que ela é importante para o futebol brasileiro?

A Primeira Liga é administrada diretamente pelos clubes, sem a interferência da CBF e das federações estaduais, como acontece nas outras competições. Portanto, ela representa um movimento de independência dos clubes, que podem, posteriormente, formar uma liga nacional para organizar o Campeonato Brasileiro.

Críticos da CBF, como o Bom Senso FC, personalidades do esporte e veículos de imprensa, apoiam a Primeira Liga não apenas por verem nela uma boa opção em relação aos desgastados campeonatos estaduais, mas também pela esperança de enfraquecimento da entidade que comanda o futebol brasileiro. Enfraquecimento que já vem acontecendo com a prisão do ex-presidente José Maria Marin e o pedido de licença de Marco Polo Del Nero, acusado de corrupção pelo FBI e pela Justiça americana.

“Temos que perceber que o modelo atual está ultrapassado. Com os times tomando conta e com os players discutindo, tendemos a ter um campeonato mais justo, mais democrático, com mais público, mais audiência”, disse Enrico Ambrogini, dirigente do Bom Senso, em entrevista ao Jovem Pan Online em setembro de 2015. “O problema não é a CBF em si, e sim não ter estrutura correta na hora de resolver os problemas. O Campeonato Brasileiro está perdendo dinheiro, perdendo audiência, e a organizadora não faz nada, até porque a CBF tem seus interesses políticos”, analisou.

Como a CBF tem lidado com ela?

A princípio, a entidade não se opôs à criação da Primeira Liga. No entanto, o maior apoiador da liga dentro da CBF, o vice-presidente Delfim Peixoto (que também é presidente da Federação Catarinense de Futebol), é opositor do grupo de Marco Polo Del Nero e Coronel Nunes (atual presidente).

O primeiro atrito entre ambas aconteceu em reunião no dia 19 de outubro. A partir de então, a CBF passou a ter uma postura ambígua, ora aprovando, ora batendo de frente com a liga. O confronto principal veio a acontecer em 25 de janeiro de 2016, quando a Confederação divulgou, por meio de seu site, uma proibição à realização da Primeira Liga por falta de espaços no calendário do futebol brasileiro.

Os clubes reagiram ao veto afirmando que a competição, marcada para ter sua primeira rodada nos dias 27 e 28, acontecerá com ou sem a aprovação da CBF. No Twitter, os perfis desses clubes passaram a conversar sobre a Primeira Liga e convocar os torcedores para as partidas. Este é outro ponto importante: em caso de presença maciça da torcida, a causa dos clubes pode ganhar força na guerra contra a CBF.

Possíveis punições

Até o momento, nenhum clube foi ameaçado de punição pela CBF caso os jogos do torneio sejam mesmo realizados. As exceções foram Flamengo e Fluminense, ameaçados pela Ferj de perder sua parte nos direitos de transmissão do Campeonato Carioca, os quais seriam distribuídos entre os outros clubes do certame.

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