Enxerto de cadáver, bebida alcoólica, prisão: a história de superação de Breno

Breno despontou no futebol em 2007, quando foi eleito jogador revelação do Campeonato Brasileiro conquistado pelo São Paulo naquele ano. Pouco depois, fechou contrato com o Bayern de Munique. O jovem zagueiro caminhava a passos largos para ser um dos principais nomes do futebol mundial, mas não foi assim que a história aconteceu.
Sem chances no clube alemão, Breno jogou pouco, sofreu com repetidas lesões e viu sua vida entrar em parafuso ao ser condenado a três anos de prisão por um incêndio criminoso em sua residência. Ainda assim, sempre conseguiu manter um olhar positivo e ter a certeza de que iria prosperar novamente.
Agora com 26 anos, o zagueiro admite que chegou a cogitar que sua forma física – comprometida por lesões graves – não o permitiria ser jogador do São Paulo. Em entrevista exclusiva a Márcio Spimpolo, da Jovem Pan, no entanto, ele revelou que o último procedimento cirúrgico deve deixá-lo “zerado”.
Os problemas com o joelho começaram em 2010, ainda como jogador do Bayern, quando passou por intervenção que colocou um enxerto de cadáver. Seu organismo, então, rejeitou o corpo estranho: “quando jogava, inchava”. A frustração com repetidas tentativas de recuperação em vão veio com um desabafo.
“Cheguei no médico depois que parei esse ano, já que tentava, tentava e nada de ficar bom. Falei a verdade: se disser que meu joelho vai ser isso hoje, eu não sou jogador para o nível do São Paulo”, contou. No entanto, ao mencionar o enxerto, a solução veio com outra cirurgia, da qual já está se recuperando.
“Essa cirurgia é um processo mais lento, mas poderei voltar 100%. Isso me deixou mais motivado. Colocou do meu tendão mesmo desta vez, daqui seis meses estarei zerado”.
A rotina de recuperação, com três períodos diários no São Paulo, não o incomoda. Ainda mais quando se leva em conta o tempo que ficou parado sem poder treinar quando esteve detido. Ele admite que a prisão contribuiu para as lesões: “atrapalhou bastante. Estava com duas cirurgias, se não ficar fazendo manutenção, tudo atrapalha. Falo muito que quando entrei procurei tirar as coisas boas, dar mais valor à vida, aprendi o idioma”.
O seu tempo no cárcere não é algo que esconda, pelo contrário. “Fui preso e paguei pelo o que cometi”, diz. E agradece por não ter tido um desfecho pior: “por um pouco o álcool não acaba com a minha vida, graças a Deus que me tirou dentro daquela casa”.
Ressentimento com o Bayern
Breno se preocupa em não criticar o ex-clube, mas afirma que poderia ter sido tratado com mais carinho. “Difícil falar agora se passar por bonzinho, mas bastante coisa aconteceu. Sentei com eles, assim que começou o processo terminou meu contrato, para renovar um ano sem me pagar. Se eu tivesse contrato, a chance de eu ser preso era mínima, mas não aceitaram”, revelou.
São Paulo
Se não teve o apoio do time da Alemanha, o mesmo não pode ser dito do São Paulo. O zagueiro destaca que deve ao clube o fato de não ter pensado em desistir do futebol: “nenhum momento passou pela minha cabeça, São Paulo sempre me ajudou”.
Ele ainda cita o ex-diretor de futebol Adalberto Baptista: “ele me ajudou muito até na questão da volta. Fechamos por boca um contrato e quando aconteceu esses problemas [na justiça], foi o primeiro que foi atrás de auxiliar minha esposa”. Olhando para o passado, ele crê que deveria ter permanecido no clube: “se desse para voltar atrás, não sairia do São Paulo”.
Hoje de volta e confiante em sua plena recuperação no Tricolor, Breno afirma ver os bastidores do clube com um clima diferente desde a chegada de Bauza. “O ambiente está bem diferente. Ele tem todos os méritos”, conta. E mais: acredita, sim, que o São Paulo vem forte para disputar o título da Libertadores.
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