Especialistas criticam torcida única nos clássicos e pedem medidas complexas

  • Por Jovem Pan
  • 09/04/2016 17h28
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Facebook/Reprodução Torcidas Organizadas entraram na mira da segurança pública em São Paulo

As brigas entre as torcidas no Brasil são fatos mais do que rotineiros. Mais um episódio dessa triste realidade aconteceu no último domingo (3), quando Corinthians e Palmeiras se enfrentaram no estádio do Pacaembu, e diversos conflitos entre torcedores foram registrados na cidade. O mais grave embate aconteceu em São Miguel Paulista quando um homem, que não tinha envolvimento com as torcidas, morreu depois de ser atingido por um tiro no peito.

Após o conflito, o secretário de segurança pública do estado de são Paulo, Alexandre de Moraes agiu e tomou decisões duras para combater a violência no futebol: a mais polêmica delas determina que os clássicos entre os grandes clubes paulistas sejam disputados com torcida única até o final de 2016.

A decisão do Estado de São Paulo dividiu opiniões. Enquanto alguns criticaram e consideraram a medida política e paliativa, outros, porém, viram com bons olhos a alternativa.

Sociólogo, professor universitário e pesquisador sobre torcidas organizadas, Maurício Murad foi ouvido pela reportagem da rádio Jovem Pan e afirmou que implementar as torcidas únicas nos clássicos não resolverá a questão da violência no futebol.

“Essa medida foi experimentada em outros lugares do país. Em minas gerais foi implementada essa iniciativa e o resultado é praticamente nenhum”, afirmou Murad à reportagem de Zeca Cardoso.

Quem compartilha da opinião de Murad é o delegado Olim, presidente da 1ª Junta Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo também não acredita na medida.

“Como delegado, acredito que a segurança tem que ser dada pelo Estado. Não pode acontecer o que está acontecendo: você deixar de ir no jogo porque vândalos não querem que você vá e porque é melhor para o secretário que faça assim”, declarou Olim.

Murad destacou que os conflitos entre torcidas organizadas vão além do futebol. As brigas recorrentes no país se tornaram problemas de segurança urbana que precisa de maiores reflexões.

“Se tornou um problema de segurança urbana grande complexo que para ser controlado e reprimido precisa de uma medida, precisa de medidas complexas”, afirmou.

“A tentativa de criminalizar o coletivo pela ação de uma parcela do coletivo, embora criminosa, isso é não resolver o problema. É ter uma atitude de exclusão. Aí sim não vamos controlar nem monitorar esses grupos”, disse o sociólogo.

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