Efeito Bolsonaro: esporte e política devem caminhar juntos? Especialistas divergem

  • Por Allan Brito/ Jovem Pan
  • 17/09/2018 12h50 - Atualizado em 17/09/2018 13h24
Reprodução Roger, do Corinthians, foi muito criticado e até apagou foto com Jair Bolsonaro nas redes sociais

O apoio de atletas a Jair Bolsonaro tem se tornado cada vez mais frequente. Só na última semana aconteceram manifestações de Felipe Melo, Lucas Moura e Lucão sobre ele. Ao todo, pelo menos 10 personalidades ligada ao esporte já afirmaram que vão votar no candidato do PSL. Mas a influência deles nas eleições é motivo de divergência entre especialistas.

Valdir Pucci, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), acredita que os jogadores podem influenciar: “são personalidades que uma parcela da sociedade leva em consideração. A gente tem que pensar com a cabeça do marketing, que contrata jogadores para promover marcas. Isso se reproduz na política. O atleta famoso, que joga em grandes times, também pode influenciar na eleição”.

Já o historiador Marco Antonio Villa, comentarista da Jovem Pan, discorda: “é sempre recomendável separar esporte de política. A fala de alguns jogadores significa pouco hoje em dia. Quando você vive no regime de democracia, tem pluralidade. Mas os esportistas que estão falando aí tem um nível de consciência política muito baixa”, analisou ele, que acredita que ninguém votará em Bolsonaro por causa das atitudes recentes de Felipe Melo, por exemplo.

Villa também destacou que alguns atletas nem vivem no Brasil, mas opinam sobre a política do país: “o Lucas Moura devia se concentrar em voltar a jogar bola. E no caso do Lucas Moura é pior ainda, porque ele está fora do Brasil. Ele não sabe o cotidiano da vida aqui”, lembrou o historiador, destacando a polêmica recente do jogador do Tottenham, que discutiu com torcedores no Twitter por causa do apoio a Bolsonaro.

Valdir Pucci consegue identificar por que os jogadores se identificam com Bolsonaro: “se você olhar o perfil do eleitor do Bolsonaro, se encaixa com o perfil dos jogadores. A maioria está em uma faixa de 20 anos e tem um perfil típico de jogador de futebol. E são homens. As pesquisas indicam que há identificação maior de homens com esse candidato”

E de fato só aumenta a lista de atletas que votam em Bolsonaro. Lembre abaixo 10 esportistas que já foram ligados ao candidato.

Felipe Melo

O volante dedicou um gol feito por ele a Jair Bolsonaro. Mas muito antes disso, em 2017, o volante já tinha manifestado apoio ao candidato.

Lucas Moura

Há uma semana, o atacante do Tottenham surpreendeu ao manifestar apoio a Bolsonaro no Twitter. Ele nunca tinha falado de política, mas resolveu responder a uma série de seguidores, defendendo o candidato e as ideias dele.

Depois Lucas ficou “blindado” pelo Tottenham, sem dar entrevistas nem fazer outras manifestações. O clube pediu até para uma torcida LGBTQ, a “Proud Lilywhites”, não falar sobre o atacante.

Ele só comentou o assunto novamente neste final de semana e lamentou a reação das pessoas: “infelizmente eu já imaginava que teria uma repercussão exagerada, com mais atenção do que deveria por parte da mídia. Apenas quis me posicionar. Antes de ser um jogador de futebol, sou um cidadão e tenho direito de me preocupar com que está acontecendo no meu país”.

Lucão

Artilheiro da Série B atualmente, com 12 gols, o atacante Lucão manifestou apoio a Bolsonaro após fazer gol pelo Goiás neste sábado (15): “não é coisa de futebol, mas eu queria mandar uma boa recuperação para o Bolsonaro. Independente de partido, a gente tem que proteger o ser humano”, disse ele em entrevista ao Sportv.

Jadson

Muito antes da campanha eleitoral de 2018 começar, Jadson já declarou que votaria em Bolsonaro: “o lado da política está sem credibilidade com o povo. Já vi algumas entrevistas do Bolsonaro e me parece ser um cara correto. Se ele se candidatar a presidente, eu votaria nele, porque é um cara que briga pelos valores da família e isso é fundamental”.

Roger

O atacante, que hoje está no Corinthians, publicou no Instagram uma foto ao lado de Jair Bolsonaro. Ele ainda jogava no Botafogo e foi muito criticado pelos torcedores, a ponto de excluir a imagem da rede social. Na época ele tinha se tratado de um câncer renal e algumas pessoas escreveram que desejavam a volta da doença.

Quando foi para o Corinthians, Roger fez uma homenagem à “Democracia Corintiana”, que se manifestava contra a ditadura militar, o que fez a polêmica retornar. O atacante se defendeu e tentou minimizar o apoio a Bolsonaro.

Rossi

O atacante do Internacional costuma se manifestar de forma controversa no Twitter sobre vários assuntos. Ele inclusive já foi muito criticado ao falar sobre a tragédia com a Chapecoense. E quando fala de política, Rossi também chama atenção, principalmente por ter declarado abertamente o voto em Jair Bolsonaro. Quando jogava pela Chapecoense, ele comemorou um gol fazendo o sinal de continência para um policial que estava em campo, algo típico de quem admira um candidato ligado aos militares.

Cafu

Nem só os jogadores em atividade são apoiadores de Bolsonaro. O ex-lateral Cafu, capitão do pentacampeonato da Seleção Brasileira, também já falou que vai votar no candidato do PSL. Ele disse isso em um vídeo curto publicado na internet. Depois o político agradeceu no Twitter.

Lucas Bebê

Um dos poucos brasileiros que joga atualmente na NBA, principal liga de basquete, Lucas Bebê já manifestou discretamente o apoio a Bolsonaro. Ele publicou uma imagem em que estava usando uma camisa com o rosto do candidato. O filho do político, Eduardo, destacou a imagem nas redes sociais.

José Aldo

Ex-campeão do UFC, José Aldo já fez um vídeo dizendo que é “fanzaço” de Bolsonaro.

Kaká

Discreto, o meia nunca manifestou publicamente o apoio a Bolsonaro. Mas de acordo com a revista Veja, ele até já se encontrou com o candidato. O fato dele ser evangélico e conservador teria facilitado a aproximação.

Seleção Brasileira de vôlei?

Essa é uma história mais obscura, então não entra para a conta. Em uma foto recente da Seleção de vôlei, dois jogadores, Wallace e Maurício Souza, teriam tentado fazer o número 17, que representa Bolsonaro na eleição. Mas eles não confirmaram que tinham essa intenção e nem manifestaram apoio ao candidato por enquanto. Nas redes sociais surgiram muitas críticas aos dois.

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