Especialistas opinam sobre decisão da Fifa de banir terceiros em negociações de jogadores
A série especial será sobre a polêmica determinação da Fifa em banir terceiros em negociações de jogadores de futebol. Empresários, investidores, empresários, pais de jogadores, representantes, todos esses agentes, deixarão de ter participação em cima dos direitos econômicos dos jogadores.
“O Comitê Executivo tomou uma decisão muito importante a respeito do TPO (third-party ownership). O grupo de trabalho apresentou um relatório e, por isso, tomamos essa decisão. Uma decisão firme de que o TPO será banido”, ressaltou Joseph Blatter.
Na primeira parte do especial, a Jovem Pan ouviu o advogado Marcos Motta, que faz parte do comitê de estudos da Fifa e esteve presente na reunião, e o profissional não escondeu sua desaprovação quanto ao banimento de terceiros em negociações.
“A minha posição pessoal no comitê, junto com os representantes do Porto e da liga espanhola, isto apoiado pela Conmebol, era a de uma regulamentação. A de uma total transparência neste tipo de operação, sendo registradas perante as federações, sendo apresentadas dentro do sistema internacional de transferências, para que se evite operações obscuras”, destacou o advogado.
Roberto Moreno, diretor executivo do DIS, um dos maiores grupos de investidores do futebol brasileiro, frisou que não acredita que a determinação da Fifa dará certo. “Eu não acredito que vá se concretizar em um curto espaço de tempo. Pode ser que seja concretizada em um espaço muito longo, superior às oito janelas inicialmente referidas pela própria Fifa”, falou.
Wagner Ribeiro, empresário, também não acredita que a decisão da Fifa vá se concretizar e classificou a manobra como uma “palhaçada”. Já Ataíde Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol do São Paulo, a determinação da entidade máxima do futebol mundial será positiva para os clubes, pois será possível afastar os investidores do esporte.
Na segunda parte da série especial, o tema abordado é os motivos que teriam levado a Fifa a tomar a decisão de banir a participação de terceiros em negociações de atletas.
Para Roberto Moreno, da DIS, o motivo principal para a entidade ter acelerado essa decisão foram as notícias sobre a negociação de Neymar com o Barcelona.
“A Fifa tomou conhecimento que os valores da transação de Neymar foram muito superiores àqueles noticiados inicialmente, o que foi, posteriormente, confessado pela própria diretoria do Barcelona. A Fifa percebeu que tinha algo errado e quis deixar que esse direito fique, exclusivamente, nas mãos do próprio time de futebol, que tem o direito federativo”, destacou.
Já segundo o empresário Wagner Ribeiro, a motivação da Fifa foi outra: “como é um ano político, ano que vem tem eleição, eles querem mexer em alguma coisa para chamar a atenção e se reelegerem”.
O advogado Marcos Motta crê que a Fifa pretende que os clubes operem dentro de suas capacidades econômicas.
“Estima-se que cerca de 80%, 85% de todos os jogadores da Série A brasileira sejam divididos entre clubes e investidores. A situação é delicada e eu não tenho a menor dúvida de que haja, obrigatoriamente, um redimensionamento financeiro dos clubes, ou seja, eles passarão a ter que operar dentro de sua capacidade econômica ou então buscar outras formas de financiamento”, observou.
Ataíde Gil Guerreiro, do São Paulo, disse que ainda não é possível se manifestar sobre a nova regra da Fifa, pois muitas dúvidas cercam o tema.
Diretor executivo da DIS, Roberto Moreno explicou também a diferença entre direito federativo e direito econômico de um jogador. Ele destaca que a nova regra imposta pela Fifa pode até ser considerada ilegal na Constituição Brasileira.
No terceiro episódio, lembramos que, na última conferência realizada pela Fifa, no mês de setembro, o presidente Joseph Blatter ressaltou o período de transição necessário para a regulamentação da nova regra.
O secretário-geral da federação, Jérôme Valcke, explicou um pouco mais como irá funcionar a adaptação à implementação da medida.
“Nós estamos discutindo quantas janelas de transferências serão necessárias para a implementação dessa nova regra. Seis que serão equivalentes a três anos ou oito, que serão equivalente a quatro”, disse o francês. “Esperamos que na próxima reunião do comitê executivo, que acontece em dezembro, em Marrakesh, os termos para implementação, estejam precisos para a decisão final, que deve acontecer no máximo até março”, completou.
No quarto episódio da série especial sobre banimento, por parte da Fifa, do envolvimento de terceiros em negociações de jogadores de futebol, o tema abordado é o impacto que a nova regra vai causar nos clubes e no meio esportivo.
Em entrevista à Jovem Pan, o advogado Marcos Motta, que faz parte do comitê de estudos da Fifa, acredita que, em um espaço de tempo maior, a medida pode ser positiva para o futebol brasileiro.
“Isso, em longo prazo, pode ser benéfico, pois os clubes brasileiros terão que, obrigatoriamente, que reformular, investir mais nas divisões de base, para formar jogadores, e também terão que adotar uma administração mais profissional”, declarou.
O vice-presidente de futebol do São Paulo, Ataíde Gil Guerreiro, também crê que a mudança pode ser boa para os times.
“Acho que essa determinação da Fifa é excelente, porque nós vamos afastar o investidor do futebol. Quando a gente afasta os investidores, nós obrigamos os clubes a sobreviverem com suas reais receitas”, frisou o dirigente.
Em contrapartida a essas opiniões, o empresário Wagner Ribeiro não acredita em mudanças significativas.
“Se for pensar que isso vai realmente acontecer, os investidores vão ter um clube pequeno, vão registrar os jogadores, e emprestarão os jogadores aos grandes clubes do Brasil e do exterior”, opinou.
Segundo Roberto Moreno, diretor executivo da DIS, a medida não será boa para o futebol brasileiro e, para ele, boa parte dos clubes vão falir.
No 5º e último episódio da série sobre a medida imposta pela Fifa, que baniu os investidores das negociações de jogadores de futebol, o tema abordado é como ficará a questão do assédio do futebol Europeu sobre o Sul-Americano.
Para o advogado Marcos Motta, os clubes do Brasil sofrerão com um assédio ainda maior das grandes equipes do velho continente, que terão mais facilidade para tirar jovens jogadores do país.
“Os clubes europeus chegavam no Brasil e com alguns milhões de euros, levavam as promessas. Eu participei de negociações que foram fechadas muito rapidamente antes do advento dos fundos de investimentos. Após isso, o clube vinha para o país e encontrava o time e o representante. Para eles, se tornará mais fácil negociar com a América do Sul, porque os clubes daqui não terão formas de oxigenação e condição financeira para encarar uma negociação com os europeus”.
O vice de futebol do São Paulo, Ataíde Gil Guerreiro, discorda e acredita que a medida forçará o futebol brasileiro buscar uma profissionalização para lidar com as negociações futuramente.
“Acho que vai exigir uma profissionalização maior dos clubes e preocupação com as finanças que hoje você lê que a maioria está com problemas. Nessa parte vai melhorar, já que não termos o dinheiro do investidor no meio”.
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