EUA e Cuba restabelecem relações, mas mantêm rivalidade esportiva

  • Por Agencia EFE
  • 20/07/2015 19h07

Toronto (Canadá), 20 jul (EFE).- Estados Unidos e Cuba oficializaram a retomada das relações diplomáticas entre seus governos, mas para cubanos e americanos seria impensável reduzir a intensidade na rivalidade esportiva entre ambos os países.

“No esporte continuamos como sempre, os atletas seguirão nas mesmas condições. Os assuntos de política e esporte não têm nada a ver”, comentou o chefe da delegação de Cuba nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, enquanto o representante americano, Alan Ashley, sugeriu não misturar os temas.

Duas das potências esportivas do continente, os cubanos ganham motivação extra ao enfrentar americanos e comemoram em dobro quando vencem. Já os americanos buscam eliminar Cuba principalmente em esportes nos quais a ilha é referência, como boxe, atletismo e beisebol.

Uma das derrotas mais impactantes de Cuba na história do Pan foi justamente no beisebol, quando vencia por 5 a 1 e deixou os americanos virarem a partida para 7 a 6 nas semifinais.

No basquete, entre as mulheres, as norte-americanas derrotaram Cuba por 65 a 64 nas semifinais com uma cesta no último segundo que tirou as cubanas da luta pela medalha de ouro, que não ganham desde a edição de San Juan, capital de Porto Rico, em 1979.

Cuba se sobressaiu com alguns de seus melhores atletas, como o porta-bandeira da delegação, o peso pesado de luta greco-romana Mijaín López, que derrotou o norte-americano Robby Smith na final, e Reineris Salas, ouro nos 86 quilos contra o americano Jake Hernert.

Embora por muito tempo tenha havido um clima de ambos os lados levarem o rancor político aos esportes, a verdade é que mesmo nos anos mais difíceis muitos cubanos e americanos se negaram a entrar em polêmicas e defenderam a amizade entre eles.

O campeão olímpico de salto em altura Javier Sotomayor sempre manteve o bom relacionamento com seus rivais Charles Austin e Hollis Conway, enquanto o velocista Andrés Simón, campeão mundial de 60 metros, era amigo pessoal do medalhista olímpico Dennis Mitchell. No vôlei, a americana Caren Kemner, bronze nos Jogos Olímpicos de Barcelona, sempre pedia conselhos ao técnico cubano Eugenio George.

O confronto mais aguardado entre cubanos e americanos nunca foi realizado. Os pugilistas de peso pesado Teófilo Stevenson e Muhammad Ali jamais chegaram a se enfrentar, mas em 1996 aceitaram subir ao ringue em Havana para fazer uma simulação de como poderia ser o duelo. Ambos foram amigos até a morte de Stevenson, quando Ali chorou em mensagem divulgada pelas redes sociais.

A notícia do restabelecimento de relações diplomáticas entre os países ocupa as manchetes dos jornais nesta segunda-feira, mas isso não afeta a competitividade entre os atletas nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. EFE

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