Ex-camisa 9 do Corinthians vê Guerrero superestimado: “absurdo o que pagam”

  • Por Jovem Pan
  • 04/12/2015 19h53
Futebol - Campeonato Brasileiro, 2002 - Corinthians 3 x 2 Inter: Guilherme, do Corinthians, comemora seu segundo gol no Pacaembu, em São Paulo (SP). (São Paulo, SP, 14.08.2002. Foto de Jorge Araújo/Folhapress. Digital) Jorge Araújo/Folhapress Guilherme - atacante Corinthians 2002

Com mais de 200 gols na carreira, o ex-centroavante Guilherme era um jogador que tinha como especialidade colocar a bola na rede. Com passagens marcantes pelo Atlético-MG, onde é o sétimo maior artilheiro da história do clube, e Corinthians, onde foi vice-campeão brasileiro de 2002, o hoje treinador do Novorizontino falou com exclusividade à Jovem Pan e criticou a safra atual de atacantes brasileiros.

Para Guilherme, o alto salário do peruano Paolo Guerrero no Flamengo – cerca de R$ 600 mil – é um sintoma da carência do futebol brasileiro na posição. “Hoje, não tem ninguém que herdaria a 9 da seleção tranquilamente. Se apontar qualquer um, não existe, por isso a gente está tendo que jogar com falso 9. É uma carência que se vê nos clubes também: o quanto se brigou, o quanto se paga para o Guerrero jogar no Flamengo, eu acho absurdo. É um bom jogador, nada mais que isso”, avaliou ele.

O ex-atleta considera que a falta de formação adequada nas categorias de base é a principal razão para que um grande centroavante não tenha surgido nos últimos anos no Brasil.

“A escassez se dá pelos problemas da base, treinadores que vêm das universidades, mas nunca estiveram dentro de campo. Ele pode ensinar tática para o atleta, porque estudou, mas ensinar o centroavante a cabecear, finalizar, bater na bola, ele não vai saber, porque nunca tocou na bola. Esse é o grande problema. Você vê torneios de base e, taticamente, os meninos sabem fazer as coisas, mas individualmente não se vê mais nada. Chega no canto do campo e, em vez de partir para a individualidade, volta para trás”, criticou.

Apesar de considerar que não há um camisa 9 pronto para assumir a titularidade da seleção brasileira, Guilherme não acha que a posição esteja ultrapassada no futebol moderno. Ele citou grandes times europeus que jogam com centroavantes de ofício, como o polonês Lewandowski no Bayern de Munique e o francês Benzema no Real Madrid.

“Acabar o camisa 9 eu realmente não acredito, por mais moderno que seja. O Guardiola, que é o mais moderno, joga com o Lewandowski, gosta de um centroavante. O Real Madrid tem o Benzema. A maioria das equipes tem um 9, porque ele é um definidor. O problema é uma escassez realmente. Se tiver um 9 de qualidade, ele vai jogar, os grandes treinadores do Brasil não abrem mão também. Neste ano nós (Novorizontino) fomos vice-campeões da Série A2 sem um 9. Tinha no elenco, mas infelizemetne não deram conta do recado, e a gente improvisou um falso 9. Mas se tiver qualidade, vai jogar”.

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