Ex-garçom descobriu dom como “imarcável” no futebol. Hoje, tem índice olímpico

  • Por Jovem Pan
  • 16/05/2016 19h01
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Vagner da Silva Noronha é atleta profissional há apenas três anos e já conquistou índice olímpico

Facebook/Reprodução Vagner da Silva Noronha é atleta profissional há apenas três anos e já conquistou índice olímpico

Fruto de uma ascensão meteórica, surpreendente e que comprova que não há idade para se realizar sonhos. Assim pode ser explicado o feito alcançado por Vagner da Silva Noronha. Há aproximadamente duas semanas, o maratonista de 31 anos cruzou o Atlântico e fez o que muitos acreditavam ser “impossível”: conquistou índice para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. 

Noronha terminou a Maratona de Praga, na República Tcheca, na 11ª posição, com o tempo de 2h18min00s. A espetacular marca não deu ao corredor uma vaga ao principal evento esportivo do planeta, mas foi suficiente para deixá-lo na “reserva” da equipe brasileira de maratona. Se Paulo Roberto de Almeida PaulaMarílson Gomes dos Santos ou Solonei da Silva enfrentarem algum problema e não tiverem condições de representar o País na Rio-2016, Noronha poderá ser convocado. 

E por que a simples pré-convocação à Olimpíada já haveria de ser tachada como “impossível” por Vagner da Silva Noronha? Simples: há somente três anos, o pernambucano sequer praticava esporte profissionalmente. O corredor é, aos 31 anos, uma das maiores revelações do atletismo brasileiro, e tal status, apesar da idade avançada, justifica-se pelos grandes resultados conquistados por ele mesmo com pouco tempo de experiência.  

Tudo fica ainda mais impressionante quando se olha para o “currículo” de Noronha. Antes de virar atleta profissional, ele trabalhava em dois turnos e em áreas que nada tinham a ver com a maratona. O pernambucano, que viajou a São Paulo em busca de oportunidades, ganhava a vida como garçom e manobrista. Durante a tarde, Noronha estacionava carros de matriculados em uma escola de idiomas. Já na parte da noite, servia clientes em um restaurante de Alphaville. 

Como que se deu a transição para o atletismo? Graças a uma elogiada atuação no esporte mais popular do planeta“Eu jogava futebol. E, numa certa partidaum rapaz que já era corredor me disse que eu não parava de dar pique mesmo aos 45 minutos do segundo tempo, que ninguém aguentava me marcar... Ele me mandou correr na rua. Fiquei com aquilo na cabeça, liguei para ele alguns dias depois e fui participar de uma corrida. Tive um desempenho legal, gostei. Aí, pensei assim: em vez de tomar canelada, vou começar a correr”, explicou Noronha, em entrevista exclusiva a Fredy Júnior para o Plantão de Domingo, da Rádio Jovem Pan.

O atleta começou a se animar com o bom desempenho no novo esporte, atraiu o interesse de técnicos e, algum tempo depois, deixou o trabalho na escola de idiomas para passar as tardes apenas treinando. Não demorou muito para que o talento na corrida o impedisse, também, de atuar como garçom na parte da noite. Vagner passou a receber patrocínio privado de uma construtora e, em 2013, profissionalizou-se. O detalhe: os diretores da empresa que o incentivou eram clientes assíduos do restaurante no qual ele trabalhava. Coisas do destino. 

Os resultados conquistados pelo corredor desde então foram simplesmente chocantes. Mesmo tendo começado a competir já com 28 anos, Vagner foi o 40º colocado na primeira São Silvestre que disputou, em 2013. Nos anos seguintes, só evoluiu: foi 25º em 2014, e 21º em 2015. A prova que lhe fez assombrar o País, contudo, aconteceu no ano passado: foi a Maratona de São Paulo, a qual terminou na segunda colocação mesmo tendo participado dos 10 km do Troféu Brasil dois dias antes. O desempenho foi tão inacreditável quanto o índice olímpico alcançado após somente três anos de carreira. 

Mas se engana quem pensa que Vagner Noronha já se dá por satisfeito. O corredor segue na contramão da lógica e acredita que está apenas começando a aparecer em cenário nacional. “Eu venho crescendo e até surpreendendo a algumas pessoas. Fico muito feliz por isto“, admitiu, ainda anestesiado por apenas constar na lista de pré-convocados à Rio-2016. “O trabalho vem sendo feito. Daqui a uns anos, eu vou estar bem melhor, certamente. Tenho muitos planos de conseguir uma vaga para Tóquio-2020”, encerrou. 

Alguém ousaria duvidar disto?

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