Ex-presidente da ANAF detona arbitragem brasileira: “está em estado vegetativo”

  • Por Jovem Pan
  • 19/08/2015 13h18
SÃO PAULO,SP, 12.08.2015 - CORINTHIANS-SPORT - Jogadores do Sport durante partida contra o Corinthians jogo válido pela décima oitava rodada do Campeonato Brasileiro 2015 na Arena Corinthians, zona leste, nesta quarta-feira, 12. (Foto: Bruno Ulivieri/Brazil Photo Press/Folhapress) Folhapress Jogadores do Sport se revoltaram com pênalti marcado em jogo contra o Corinthians

Questionada por todas as partes, a arbitragem no Brasil sofre um momento conturbado e para o ex-presidente da Associação de Nacional de Árbitro de Futebol, a situação é critica. Em entrevista ao repórter Wanderley Nogueira, da Rádio Jovem Pan, Jorge Paulo Oliveira Gomes analisou o momento da arbitragem brasileira e lamentou as polêmicas envolvendo a regra da mão na bola.

Jorge deixou a presidência da Associação dos Árbitros em 2005 e na oportunidade, destacou o péssimo momento vivido pela arbitragem nacional. Hoje, porém, o ex-bandeirinha vê o cenário ainda pior: “naquele momento a arbitragem já passava por dificuldades. Por desespero, declarei que a arbitragem estava na UTI. Hoje tenho certeza que ela se encontra em estado vegetativo, de lá pra cá nada mudou, aliás, mudou para pior”, afirmou.

Para o ex-presidente da ANAF, a atual gestão do órgão pouco briga pela melhoria da classe no Brasil e, desse modo, os árbitros viram marionetes da CBF.

“Entendo que qualquer dirigente de classe tem que defender sua classe e é pra isso que o dirigente se presta quando passa a frente de uma entidade. O que ocorre hoje é que os dirigentes de classe aceitam fazer o jogo da CBF. Então a CBF trilhando caminhos certos ou errados, ele vai junto e quem pagam são os árbitros. Muitos fatores de interesses dos árbitros, as pessoas que estão à frente, preferem não incomodar a CBF”, disse Jorge que ainda destacou.

“Se continuarmos como estamos, com as pessoas à frente sem a disposição de brigar pelas melhores condições para os árbitros, vamos continuar sendo marionetes da CBF”

Jorge ressaltou que, embora os árbitros tenham que “fazer o que a CBF mandar”, isso não significa a entidade máxima do futebol brasileiro manipule os resultados de partidas. O ex-líder dos juízes de futebol afirmou, porém, que a Confederação Brasileira “enche a cabeça” dos apitadores.

“Não posso afirmar isso (manipulação de resultados). Não entro nisso porque muito grave. O que digo é que enche a cabeça do árbitro de tanta coisa, já que alguns que estão sentados lá, no auge de sua frustração como ex-árbitro sem tanta projeção, hoje tenta criar normas que vão de encontro com o que é praticado a mais de 100 no futebol Brasil, e influenciam o árbitro que fica com a cabeça confusa. E se ele não cumprir, corre o risco de não ser escalado. O árbitro vive da escala, se não foi escalado, não recebe. Ele não tem nenhuma relação comercial com a CBF mesmo estampando a marca na camisa”, lamentou.

O ex-presidente da ANAF ainda comentou a polêmica regra da mão na bola que, sob novas orientações, tem gerado muitas discussões no Campeonato Brasileiro em função do grande número de pênaltis marcados nessas jogadas. Para Jorge Paulo, a regra é muito simples e não deveria dar margem para tanta confusão.

“No Brasil, com 100 anos de arbitragem, tivemos 99 anos em que bola na mão e bola na mão eram distintas e cabia a interpretação de cada árbitro. Se o árbitro não é capaz de interpretar, ele tem deficiência técnica e tem que ser afastado. A regra sempre foi muito clara e objetiva: cabe ao arbitro interpretar se houve toque ou não. É tão simples isso dentro da regra 12. Eu não entendo porque isso, porque estão criando uma situação nova. Não consigo entender até onde querem chegar com isso”, declarou Jorge.

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