Ex-presidente da Fifa João Havelange morre aos 100 anos
Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange, o João Havelange, morreu nesta terça-feira (16) aos 100 anos de idade. Em julho ele havia sido internado em um hospital do Rio de Janeiro com pneumonia.
Havelange, que completou seu centenário no dia 8 de maio deste ano, presidiu a Fifa entre 1974 e 1998. Em seguida tornou-se presidente de honra da entidade, cargo que manteve até abril de 2013, quando renunciou ao cargo simbólico em meio a denúncias de corrupção na entidade máxima do futebol que também envolveram seu nome.
Legado de escândalos e conquistas
Antes, Havelange também presidiu a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que antecedeu a CBF, entre 1956 e 1974, época em que a Seleção foi tricampeã mundial de futebol (1958, 1962 e 1970). A conquista do tri mundial foi iniciada com um ato corajoso do então presidente da CBD, após seguidos fracassos da seleção brasileira. Ele confiou no grupo formado pelo Doutor Paulo Machado de Carvalho e lembrou o fato ao lado do amigo, que ele dizia ser o melhor dirigente do país.
Na presidência da Fifa, assumida após a Copa de 1974, Havelange ajudou a transformar o futebol em um grande negócio mundial, popularizando o esporte em vários países e aumentando o número de participantes da Copa do Mundo. Ele visitou 186 nações e agregou de volta a China à Federação Internacional de Futebol, pois o país estava afastado por mais de 25 anos devido a razões políticas. Ao mesmo tempo, os escândalos de corrupção na administração do esporte se agigantaram.
Havelange também criou torneios mundiais de futebol feminino, juvenil e infantil. Havelange também foi durante muitos anos membro do Comitê Olímpico Internacional, onde ficou por mais de quarenta anos. Ao sair da Fifa, deixou como legado várias propriedades e uma grande quantia nos cofres da entidade, que passou a ser dirigida por Joseph Blatter.
Mas em sua carreira de dirigente não conseguiu se livrar de denúncias de suborno e corrupção, nem na Fifa e nem no COI. Na Fifa, ele teria feito acordos que possibilitaram a sua eleição e também se beneficiado em contratos da entidade. E no Comitê Olímpico, ele estaria envolvido em votações para a definição de países que sediariam a competição
Outra herança de João Havelange para o futebol brasileiro foi apoiar o seu então genro, Ricardo Teixeira, para a presidência da CBF. Eleito em 1989, exatamente quando o sogro deixava a Fifa, Teixeira só deixou a entidade em 2012 e sempre esteve envolvido em escândalos.
Em muitos deles, o nome de Teixeira estava ligado ao do sogro Havelange, que nunca conseguiu se desligar completamente do futebol. Mesmo debilitado pela idade e pela doença, Havelange participou ativamente do lobby para o Brasil sediar a Copa de 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016, período no qual falece. O ex-presidente sempre deixou claro que adoraria poder voltar a ver uma Copa no país, após ter visto o mundial de 1950.
Gratidão
Como último ato, ele nunca escondeu que gostaria de ver o nome de Ricardo Teixeira comandando a Fifa, mas dessa vez ele não conseguiu seu intento. Mesmo com algumas polêmicas, Havelange ganhou respeito no futebol mundial e Carlos Alberto Parreira sempre elogiou o dirigente.
Outro que tem muito gratidão ao ex-presidente da Fifa é o Pelé, que disputou a sua primeira Copa quando a CBD era dirigida por Havelange. O Rei do Futebol revelou que sempre teve Havelange como um pai, que lhe deu muitos conselhos quando ele estava iniciando a carreira.
Filho de belga, Havelange nasceu em 1916 na capital carioca, começou sua carreira atuando como nadador e chegou a competir nas Olimpíadas de Berlim de 1936. Em 1955, foi medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México de 1955 de polo aquático com a equipe brasileira. Havelange também formou-se em Direito pela Universidade Federal Fluminense e ocupou a direção da empresa de transportes interestadual Viação Cometa.
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