Ex-psicóloga da Seleção rebate fala de Dunga e não alivia: “fico com pena”

  • Por Jovem Pan
  • 26/04/2016 18h40
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Psicóloga Suzy Fleury trabalhou na comissão técnica da Seleção Brasileira de 1998 a 2000

Arquivo Pessoal Psicóloga Suzy Fleury trabalhou na comissão técnica da Seleção Brasileira de 1998 a 2000

Na última segunda-feira, Dunga polemizou ao questionar, durante evento da CBF, a eficácia do trabalho de um psicólogo na Seleção Brasileira. Desconfiado, o treinador indicou suspeitar do sigilo de profissionais da área e definiu como “inviável” este expediente no time verde e amarelo. A declaração, extremamente controversa, obviamente não agradou a quem se dedica, há anos, a trabalhar na psicologia esportiva. 

É o caso de Suzy Fleury. Formada em psicologia e responsável por trabalhar com atletas de alto rendimento desde 1993, a profissional rebateu a opinião de Dunga. Em entrevista exclusiva a Luís Carlos Quartarollo para o Plantão de Domingo, da Rádio Jovem Pan, Fleury, que integrou a comissão técnica da Seleção Brasileira de 1998 a 2000, tratou de ressaltar a necessidade da psicologia no selecionado pentacampeão mundial de futebol. 

“Eu fico muito triste de ver um ex-atleta de sucesso, que foi campeão com a Seleção Brasileira e referência em sua geração, não dar atenção ao aspecto psicológico no esporte. Ele não está dentro do seu papel como treinador, respondeu a psicóloga“Ele tem total desconhecimento, porque não apresenta informações à respeito do trabalho de um psicólogo do esporte. Ele se refere à psicologia clínica, que é fundamental, sem dúvidas, mas se aplica, em sua maioria, fora do ambiente esportivo. É uma pena. Eu fico com pena. Todas as pessoas deveriam evoluir para ter um posicionamento um pouco mais profissional, acrescentou.

Durante o evento “Somos Futebol”, organizado pela CBF na última segunda-feira, na capital carioca, Dunga deixou bem claro que não faz questão de ter um psicólogo trabalhando na Seleção Brasileira. Ele disse que o trabalho seria “inviável” e indicou que os jogadores não abririam o coração ao profissional em “meia hora” por não saberem se o assunto morreria ali ou não. 

Durante o papo com QuartarolloFleury lembrou que a seleção da Alemanha, campeã mundial em 2014, desenvolve um louvável trabalho emocional desde a derrota para o Brasil na final da Copa de 2002. Assimexplicou a importância da psicologia esportiva. “É diferente da psicologia clínica. Ela trabalha com um conjunto de competências referentes ao esporte de alto rendimento. O trabalho é feito paralelamente às competências técnicas, físicas e táticas do jogador. O emocional entra para dar esta parcela de contribuição principalmente nos momentos de decisão. São neles que você consegue ter uma dimensão do preparo emocional dos atletas“, esclareceu.

Para a psicóloga, a Seleção Brasileira de Dunga, mais do que nunca, precisa reavaliar a sua força emocional. O time nacional, afinal, deu um show de fragilidade psicológica no último Mundial, realizado dentro de casa. Na ocasião, o técnico Felipão até contratou uma psicóloga, mas apenas 15 dias antes da Copa – tempo irrisório para um profissional da área desenvolver o seu trabalho. 

“A Seleção deveria levar a psicologia mais à sério, até porque os últimos resultados que acompanhamos não foram favoráveis no aspecto psicológico. Perder por 7 a 1 e, em outro jogo, ter um chororô antes da disputa de pênaltis, são sintomas de que o assunto precisa ganhar uma atenção especial da comissão técnica”, decretou.

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