Excluída dos Jogos, Isinbayeva anuncia aposentadoria do atletismo
Yelena Isinbayeva
Yelena IsinbayevaTricampeã mundial e duas vezes medalhista olímpica de ouro no salto com vara, a russa Yelena Isinbayeva, uma das grandes ausências dos Jogos de Rio de Janeiro, anunciou nesta sexta-feira sua aposentadoria do atletismo.
“Estou colocando ponto final à minha carreira de atleta e abrindo uma nova etapa em minha vida. Não me rendo, sigo em frente”, disse Isinbayeva, de 34 anos, em entrevista coletiva no principal centro de imprensa do Parque Olímpico da Barra da Tijuca.
A saltadora não pôde competir nos Jogos deste ano devido à suspensão da equipe de atletismo de seu país pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) por causa de um esquema de doping promovido pelo Estado russo.
“Sou uma pessoa imprevisível e hoje os convidei para anunciar o fim da minha carreira. Falar de (os Jogos Olímpicos de 2020, em) Tóquio é prematuro. Hoje, embora quisesse, dificilmente poderia competir lá”, acrescentou.
Seguidamente, Isinbayeva disse que estuda possibilidade de presidir a Federação Russa de Atletismo após ter sido convidada.
“Em verdade, sim, recebi essa proposta. Depois dos Jogos me reunirei com os dirigentes da federação. É algo que me parece muito interessante. Poderia fazer com que a federação volte à IAAF”, declarou.
“Antes de aceitar, é preciso pensar tudo muito bem e pôr na balança tanto os desejos como as capacidades”, acrescentou.
Assim como havia feito o ministro dos Esportes, Vitaly Mutko, o presidente do Comitê Olímpico Russo (COR), Aleksandr Zhukov, antecipou hoje que apoiaria Isinbayeva se ela quiser dirigir a federação de atletismo.
Isinbayeva, que tentou até o último momento participar dos Jogos apesar da proibição da IAAF, afirmou após ser excluída daquela que seria sua quinta e última edição de Jogos Olímpicos que não fazia sentido continuar competindo.
“Depois do nascimento do meu filho, os Jogos do Rio ainda faziam sentido. Sacrifiquei um tempo que poderia ter passado com meu filho. E agora me tiraram este sonho. Já tenho 34 anos e priorizo a família”, ressaltou.
A russa deu o primeiro passo ontem ao ser escolhida membro da comissão de atletas do COI, um cargo que nãom pode ser ocupado por atletas em atividade e que ela exercerá durante os próximos oito anos, após receber o aval de 1.365 dos competidores nos Jogos.
“Uma pena que não a deixaram competir no Rio. Mas vimos que atletas de todo o mundo votaram nela. Isso pode valer mais que uma medalha olímpica. Depois que a IAAF a excluiu das competições, os próprios atletas votaram nela para que represente seus interesses”, disse Zhukov.
Isinbayeva quer seguir o caminho percorrido por seu ídolo, o ucraniano Sergei Bubka, que após terminar sua carreira assumiu postos de direção em seu país, na IAAF e no COI.
Seu técnico e descobridor, Yevgeni Trofimov, disse à Efe que depois da “humilhação” à qual sua pupila foi submetida, “não vale a pena continuar treinando”.
“Que sentido tem continuar se a tratam assim? É uma decisão injusta e incompreensível. Lena deu muito ao esporte mundial. Ganhou Olimpíadas, Mundiais e Europeus. Estabeleceu 28 recordes mundiais. É uma grande pena. Sonhávamos com o ouro olímpico”, afirmou.
Isinbayeva pretendia conquistar sua terceira medalha de ouro olímpica no Rio, e tem a segunda melhor marca do ano em provas ao ar livre (4,90m).
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