Façanha: Costa Rica bate Grécia nos pênaltis e vai às quartas pela 1ª vez
São Lourenço da Mata (PE), 29 jun (EFE).- Exterminadora de campeões no grupo D, em que deixou para trás Uruguai, Itália e Inglaterra, a Costa Rica fez história mais uma vez neste domingo ao vencer a Grécia nos pênaltis por 5 a 3, depois de empate em 1 a 1 que persistiu no tempo normal e na prorrogação, e se classificou para as quartas de final da Copa do Mundo pela primeira vez.
A classificação foi dramática. A seleção caribenha, que havia entrado nas oitavas apenas em 1990, quando caiu frente à Tchecoslováquia, esteve à frente no placar até os acréscimos da etapa final no tempo normal, graças a gol de Bryan Ruiz, mas Papastathopoulos empatou e fez os gregos se lembrarem da fase de grupos, da qual passaram com uma bola na rede nos segundos finais contra Costa do Marfim.
A igualdade persistiu na prorrogação e, nas penalidades, quem se destacou foi Keylor Navas. Um dos melhores goleiros desta Copa, ele parou o chute de Gekas e mudou o desfecho da história dos campeões europeus de 2004 para uma tragédia grega.
O próximo desafio dos costarriquenhos será passar pela Holanda, no próximo sábado, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Também neste domingo, a atual vice-campeão derrotou o México por 2 a 1 de virada em Fortaleza.
O técnico da Costa Rica, o colombiano Jorge Luis Pinto, repetiu o time das duas primeiras partidas, as vitórias contra Uruguai e Itália. O meia Bolaños, que foi poupado no empate com a Inglaterra, voltou a ser escalado.
Na Grécia, o português Fernando Santos tinha várias dúvidas, que, ao menos para o público e a imprensa, foram desvendadas apenas com o anúncio da escalação oficial. O goleiro Karnezis se recuperou de lesão e jogou, enquanto Kone teve que dar lugar a Samaris. Ainda no meio, Katsouranis, que cumpriu suspensão contra Costa do Marfim, acabou perdendo a posição para Karagounis e entrou apenas na segunda etapa.
As duas equipes não fugiram de suas características. A campeã europeia de 2004 até atacou, mas manteve a atenção maior na marcação diante de um adversário insinuante, com todos os jogadores atrás da linha da bola em diversas ocasiões. Na primeira tentativa dos caribenhos, aos sete minutos, Ruiz aproveitou jogada de Campbell e acionou Bolaños, que bateu para fora.
A Costa Rica aliava a habilidade de alguns jogadores à organização, mas errava bastante nos passes e nos cruzamentos. Aos 20, Campbell deixou Maniatis na saudade e levou o “rapa” da Karagounis a um passo da área pela direita. Entretanto, Bolaños cobrou mal a falta, e a bola atravessou toda a área.
Cruzamento, aliás, era o maior problema dos dois times. Aos 29, Holebas teve espaço pela esquerda e fez o chuveirinho. A bola atravessou toda a área, Karagounis dominou e colocou na cabeça de Samaras, que foi flagrado impedido.
Aos 37, enfim, um dos muitos levantamentos dos gregos foi aproveitado. Holebas desceu mais uma vez e agora encontrou Salpingis, que tentou tirar do goleiro. Atento, porém, Navas operou um milagre com a canela.
O segundo tempo teve começo de maior animação que toda a etapa inicial. Logo com um minuto, Holebas cobrou falta, Samaras cabeceou e, bem posicionado, Navas pegou mais uma.
A resposta costarriquenha foi dada aos seis, e Ruiz abriu o placar. Lançado na ponta direita, Bolaños dominou e serviu o camisa 10, que chutou muito colocado. Cheia de efeito, a bola entrou mansamente no canto esquerdo de Karnezis, que nada fez além olhá-la.
O ritmo então caiu, já que a Grécia não conseguia pressionar, mas enquanto a Costa Rica não conseguia encaixar o contra-ataque. Até que Duarte, que já tinha cartão amarelo, cometeu falta dura em Holebas e foi expulso, dando emoção à partida a partir dos 21. Dois minutos depois, Karagounis cruzou da esquerda e Christodoulopoulos cabeceou à esquerda do alvo.
O jogo ia ganhando contornos de drama, não porque muitas chances eram criadas, mas pela tensão dos atletas. A equipe europeia cometia erros bobos, como cobrança de falta de Karagounis, que isolou da meia esquerda aos 34. Dois minutos depois, em nova infração, Malonas, cabeceou por cima.
Num dos poucos momentos de lucidez do ataque da Grécia, aos 42, Torosidis fez bela jogada individual pela direita, entortou Díaz e cruzou rasteiro. Depois de trombada no meio, para sorte da Costa Rica, Navas, já caído, segurou.
Se faltava inspiração, o jeito foi obter o empate “na raça”. Aos 46 minutos, Karagounis colocou na área, Gekas encheu o pé e Navas operou um milagre. Contudo, o rebote ficou no pé direito de Papastathopoulos, que não vacilou e deixou tudo igual.
Por mais que representasse contrariar seu estilo, não só atual, mas histórico, a Grécia, com um a mais, foi para cima na prorrogação. Logo nos primeiros segundos, Torosidis cruzou por baixo, Umaña tentou cortar e quase marcou contra. Aos quatro minutos, o levantamento foi de Katsouranis e, meio no susto, Gekas cabeceou à esquerda da meta.
Mesmo pressionando e com ampla vantagem na posse de bola, os europeus abusavam da bola pelo alto. Aos 10, depois de cobrança de falta da direita, Holebas tentou na segunda trave e a sobra ficou com Katsouranis, que parou na travada providencial de González.
Na etapa final do tempo extra, quem começou assustando foi a Costa Rica. Campbell lançou na direita até Brenes, que acertou um bom chute de fora e mandou perto da junção entre a trave esquerda e o travessão.
Aos seis, praticamente no mesmo lance, as duas equipes desperdiçaram uma grande oportunidade cada. Campbell cobrou escanteio, Cubero desviou e por pouco Borges não completou. Após o corte, a Grécia partiu em um contra-ataque de cinco contra dois, mas Christodoulopoulos bateu em cima de Navas.
Os caribenhos ainda tiveram um último contragolpe, aos 13, mas o próprio Campbell, extenuado, se enrolou e foi desarmado. E na derradeira da campeã europeia de 2004, nos acréscimos, Mitroglou ficou cara a cara e o goleiro salvou.
As cobranças de pênaltis foram mais bem realizadas que as de brasileiros e chilenos no Mineirão neste sábado, a maioria delas com o goleiro deslocado. Quem destoou foi Gekas, que parou na defesa de Navas no quarto chute da Grécia.
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Ficha técnica:.
Costa Rica: Navas; González, Umaña e Oscar Duarte; Gamboa (Acosta), Borges, Tejeda (Cubero), Bolaños (Brenes) e Díaz; Ruiz e Campbell. Técnico: Jorge Luis Pinto.
Grécia: Karnezis; Torosidis, Manolas, Papastathopoulos e Holebas; Karagounis, Maniatis (Katsouranis) e Samaris (Mitroglou); Salpingidis (Gekas), Christodoulopoulos e Samaras. Técnico: Fernando Santos
Árbitro: Benjamin Williams (Austrália), auxiliado pelos compatriotas Matthew Cream e Hakan Anaz.
Cartões amarelos: Duarte, Tejeda, Granados, Ruiz e Navas (Costa Rica); Samaris e Manolas (Grécia).
Cartão vermelho: Duarte (Costa Rica).
Gols: Ruiz (Costa Rica); Papastathopoulos (Grécia).
Pênaltis: Borges, Ruiz, González, Campbell e Umaña acertaram (Costa Rica); Mitroglou, Christodoulopoulos e Holebas acertaram – Gekas errou (Grécia).
Estádio: Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata (PE). EFE
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