Falta de tempo, “cobertor curto” e “palco perfeito” preocupam segurança no Rio durante Jogos

  • Por Jovem Pan
  • 18/06/2016 15h43
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Divulgação Navio da marinha durante parada naval na orla do Rio de Janeiro

Com o mundo assustado pelo terror e um grande evento internacional de grandes proporções como as Olimpíadas do Rio às portas, a pergunta que se faz é: o Brasil está preparado para eventuais ataques terroristas durante os Jogos?

A Jovem Pan conversou sobre o assunto com o especialista em segurança de grandes eventos, Igor Pipolo. O consultor de segurança está habituado a lidar com multidões em festivais de músicas, por exemplo.

Pipolo reconhece a dificuldade de se antecipar a eventuais extremistas, a quem a candidata à Presidência americana Hillary Clinton classificou como “lonely wolfs” (lobos solitários) após os recentes ataques de Orlando. “Pelas características como esses grupos extremistas agem, é muito difícil de prever. Eles sempre estão contando com algo para o qual a gente nunca está preparado, que é esse evento-surpresa. É muito difícil prever essa questão do ataque terrorista”, disse o especialista.

Calamidade e verba

O consultor avalia que o dinheiro extra que o estado fluminense deve receber com o estado de calamidade pública decretado pelas dificuldades financeiras não vai fazer muita diferença no quesito segurança. “A questão agora é, se esses recursos chegarem, se vai ter tempo de fazer alguma coisa. Segurança requer planejamento, requer treinamento, requer tempo”, avalia Pipilo. Ele prevê que, para prever as brechas na organização, organizadores terão que “trabalhar diuturnamente”. Na reta final, “não adianta tapar o sol com a peneira”, lamenta.

As Olimpíadas são em agosto e, na visão do especialista, “esse tempo não vai ser suficiente”.

Pipolo reconhece, no entanto, que “o planejamento da segurança das olimpíadas é uma coisa que está meio que protegido – existe o recurso, a contratação de empresas privadas”. Mas o trabalho deve ser árduo, em questões como juntar estratéfias e ações de militares que vão trabalhar nos jogos.

O consultor faz duras críticas à falta de organização: “parece que vem uma fada madrinha e resolve o problema? Não é assim”. Ele vê a procrastinação como uma “característica do brasil”, de “achar que pode resolver de última hora”.

“Palco perfeito”

A falta de histórico em terrorismo não isenta o Brasil do risco do terror, diz Pipolo. “O terrorismo não quer saber se é Brasil, se é paraguai”, disse. “Para atuar, ele precisa ter grande exposição midiática. Um evento como esse é um palco perfeito”, constata.

“A prevenção deveria ter ocorrido muito antes. Para a parte de infraestrutura, para a parte de inteligência, para a parte de operação entre as forças policiais e privadas”, reitera o analista.

“Cobertor curto”

Outro aspecto preocupante para a organização das Olimpíadas, destaca Pipolo, é a falta de segurança que as áreas periféricas do Rio de Janeiro deverão enfrentar durante os jogos.

“Muita gente ficará sem segurança”, alerta Pipolo. “Terá de sair muitos policiais de lugares que já não são bem assistidos”.

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