Felipão assume culpa: “quem é responsável pelas escolhas? Sou eu”
Tentando encontrar justificativas para a humilhante derrota que a Seleção Brasileira sofreu para a Alemanha, pelo placar de 7 a 1, o técnico Luiz Felipe Scolari concedeu entrevista coletiva no estádio Mineirão, logo depois da primeira semifinal da Copa do Mundo, e o comandante adotou um tom sereno para responder as questões.
O treinador abriu a coletiva assumindo a culpa pela eliminação do Brasil e exaltou a seleção alemã pela partida praticamente impecável que fez.
“Quem é o responsável pelas escolhas? Sou eu. O resultado catastrófico pode ser dividido, porque o grupo quer isso. Mas a escolha da forma de jogar é minha”, declarou Felipão. “A minha mensagem aos torcedores é que nós fizemos o que tínhamos condições. Perdemos para uma grande equipe, que teve a qualidade de definir o jogo em seis, sete minutos. Deu uma pane depois do primeiro gol e, com a qualidade deles, eles aproveitaram. Peço desculpas pelo resultado negativo e desculpas por não termos chegado a uma final. Agora vamos disputar o terceiro lugar”, prosseguiu.
Ao ser perguntado sobre se tinha a dívida com o Brasil por conta da goleada, Felipão foi enfático na resposta.
“Eu não tenho dívida. Fiz o meu trabalho como sempre faço. Fiz o que achei correto. Tivemos uma derrota hoje. Foi uma derrota horrível, pelo resultado. Eles (jogadores) pelo menos honraram a camisa, mostraram que foi um desastre”, falou. “O que hoje aconteceu é muito diferente daquilo que nós jogamos. Até o primeiro gol, o jogo era idêntico. Estávamos melhores que a Alemanha. Eles fizeram um gol de escanteio e, depois, foram quatro gols. Ainda tivemos algumas chances, criamos alguma coisa. Perdemos um jogo para uma seleção que é a Alemanha. Cinco bolas, cinco gols”, prosseguiu Scolari.
Luiz Felipe Scolari fez questão de rechaçar a hipótese de a Seleção ter sofrido a goleada por conta da ausência de Neymar. “Se eles fizeram isso sem o Neymar, poderia ser assim com o Neymar também. Ele é um jogador. Não tem porque imaginarmos que seria diferente. A equipe da Alemanha foi fantástica. Não vai acontecer de novo com eles (uma goleada deste tamanho contra o Brasil) e nem conosco”.
O tom que marcou as perguntas de muitos jornalistas foi de ‘caça às bruxas’. Apesar disso, Felipão, ao chamar a responsabilidade, preferiu focar nas lições da derrota.
“Eles sabiam desde o início de que, jogando em casa, a gente tinha que ser campeão. Eles fizeram aquilo que estava ao alcance. Não tem arrependimento e não tem como cobrar algo diferente deles. O que aconteceu é que a Alemanha, em determinado momento, impôs um ritmo maravilhoso e conseguiu dois, três gols para definir o jogo. Não tem nada a ver com hino, com Neymar, com caminhar com a mão no ombro. Eles fizeram isso desde o início”, observou. “Temos que sentar com o nosso grupo, olhar de novo, analisar o que aconteceu. Trabalhar com eles, pois muitos deles estarão novamente no Mundial de 2018. Mostrar que foi um jogo atípico, que aconteceu pela qualidade da Alemanha. É a pior derrota do Brasil, até em amistosos, no Mundial. A vida de todos vai continuar e vamos buscar o melhor para nossas vidas”, apontou o comandante.
Por fim, Felipão não negou que esta terça-feira foi o seu dia mais triste como profissional: “naturalmente que, se eu for pensar na minha vida como jogador de futebol, como técnico e professor de educação física, esse foi o pior dia da minha vida. Mas foi um risco que eu sabia que correria quando assumi a Seleção. Sequência de vida normal, pois ela não acaba com essa derrota”.
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