“A Fifa se achava um poder paralelo”, afirma Jamil Chade

  • Por Jovem Pan
  • 27/05/2015 12h55
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EFE Presidente da Fifa tenta manter sua imagem fora dos escândalos

A prisão de dirigentes ligados à Fifa, que ocorreu na Suíça, na noite da última terça-feira (27), em Zurique colocou a entidade máxima do futebol em meio ao caos. A afirmação é do jornalista Jamil Chade, correspondente do jornal Estado de São Paulo na Suíça. Em entrevista à rádio Jovem Pan, Chade declarou que a Fifa se sentia acima de qualquer poder, e destacou que José Maria Marin foi visto muito abatido ao ser preso.

Uma palavra explica: caos! A Fifa não aguardava por isso isso, é uma situação nova. A  Fifa achava que estava acima de qualquer poder,  fora de alcance da justiça. Por que caos? Porque sexta tem eleição na e a grande questão é a seguinte: se essa eleição for adiante e Blatter ganhar, ele estará legitimando o seu poder por mais quatro anos e dirá ‘já limpamos a Fifa e vamos adiante’, e é nesse debate que estamos agora. Varias vozes na Uefa insistem que essa eleição não vá adiante. Que não tem legitimidade porque a Fifa está sob ataque. Fica muito pouco sobrando sem um ataque da justiça, isso é muito sintomático. Mostra que a situação é absolutamente critica dentro da entidade”, afirmou o jornalista.

Chade destacou que Blatter está tentando fazer com que seu mandato não seja atingido pelo escândalo, mas lembra que o presidente da entidade teve a chance de limpar a sujeira identificada anos atrás: “é uma tentativa desesperada de tirar isso das cotas. Imagina a situação. Vamos ter cartolas presos por ter vontade em Rússia e Catar e esses eventos vão acontecer lá. Que legitimidade esses eventos tem? Outro aspecto. O Blatter, há três anos, contratou um investigador e pediu que fizesse um relatório sobre isso. O que o Blatter fez? Pegou o relatório e jogou em baixo do tapete dizendo não ter provas. O que ele não contava é que o FBI viria agora dizendo que existem sim provas. Ele não fez essa limpeza que deveria ter sido feita dentro da entidade”, explicou.

Jamil comentou ainda a prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin. Segundo o jornalista, Marin foi visto muito abatido e agora, junto com os outros detidos, aguarda a extradição para os Estados Unidos.

“O que estavam em Zurique sim. Nicolas Leóz, por exemplo, não estava aqui e não foi preso. O Eugenio Figueiredo me disse durante a Copa do Mundo ‘ a policia nunca vai chegar na Fifa, hoje ele está na prisão. O Marin também está preso, perto das sete da manhã, foi levado, e estava visivelmente abatido, era visível o nervosismo. Essas pessoas estão presas e esperam a extradição, se recusarem ser extraditadas, existe um processo legal e ele pode durar seis meses, enquanto isso, ficam presos.  A extradição é para os Estados Unidos, a investigação é dos Estados Unidos”, explicou Jamil Chade.

“É muito curioso porque a Fifa de fato achava que era um poder paralelo até mesmo dentro da Suíça. É curioso, porque o Blatter que é suíço, não é um suíço que faz o país ficar orgulhoso e são muito críticos em relação a ele. E agora o povo daqui faz a pergunta: só os latinos são os corruptos?” completou o jornalista.

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