Fora da Olimpíada, Isinbayeva virá ao Rio por votos em Comissão de Atletas do COI

  • Por Estadão Conteúdo
  • 30/07/2016 17h45

Vladimir Putin e Yelena Isinbayeva durante cerimônia de despedida dos atletas russos

EFE / Yury Kochetkov Vladimir Putin e Yelena Isinbayeva durante cerimônia de despedida dos atletas russos

Mesmo impedida de disputar os Jogos Olímpicos, Yelena Isinbayeva virá ao Rio na semana que vem. A bicampeã olímpica do salto com vara é uma das 24 candidatas na eleição da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Internacional (COI) e, por isso, tem direito a uma credencial do COI para entrar na Vila dos Atletas e fazer campanha.

O Comitê Olímpico da Rússia (ROC, na sigla em inglês), confirmou à reportagem do Estado que a saltadora, que cogitou recorrer ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, chegará ao Rio com a delegação de dirigentes do Comitê Olímpico Russo. Em nota, o COI admitiu que Isinbayeva é aceita na Olimpíada por conta da eleição.

Para ser candidata, Isinbayeva atende o critério de ter disputado os Jogos Olímpicos de Londres. O nome e a foto dela aparecem na cédula de votação, ao lado da alemã Britta Heidemann e logo acima da egípcia Aya Medany, as duas candidatas mais ativas no corpo a corpo da campanha eleitoral na Vila.

Diferentemente da maior parte das rivais, porém, Isinbayeva não precisa fazer boca de urna. Além de famosa, defende uma plataforma conhecida por toda a comunidade esportiva internacional. É, afinal, a principal porta-voz das queixas de um país que se diz perseguido pelo COI e por outras entidades esportivas, como a IAAF.

Perto de se aposentar, Isinbayeva quer uma cadeira na comissão que tem a missão de “assegurar que o ponto de vista dos atletas continue no coração das decisões do Movimento Olímpico”.

Dentro desse pretexto, membros da Comissão defendiam que o COI não punisse a Rússia de forma generalizada, deixando-a de fora da Olimpíada. Eleito em 2000, quando a Comissão foi formada, e reeleito em 2008, o ex-nadador Alexander Popov está deixando a cadeira e a Rússia, claro, não quer ficar desassistida em um órgão chave para o esporte olímpico.

Claudia Bokel, alemã que também deixa o cargo depois de oito anos na comissão, confirmou ao Estado que Isinbayeva não retirou sua candidatura. Questionada se achava correto, ela apenas disse: “É a democracia”.

A eleição começou dia 24, quando a Vila dos Atletas foi aberta, e segue até 17 de agosto. Cada um pode escolher quatro candidatos, desde que sejam de modalidades diferentes. Os quatro com mais votos se elegem para um mandato de oito anos.

CORPO A CORPO – Alguns dos candidatos estão empenhados na campanha. É o caso da egípcia Aya Medany, que passa o dia próxima ao stand mais procurado pelos esportistas, de uma marca de celulares. Com o manual de votação nas mãos, pede votos.

“Alguns são muito simpáticos, outros não entendem direito o que estou fazendo. Metade aceita conversar, outra metade não. Eu não posso dar nada a eles, não posso trocar pin ou bandeiras”, explica. Afastada do esporte depois de dar à luz duas crianças, Medany tem no currículo três participações olímpicas no pentatlo moderno. Oriunda de uma modalidade com poucos atletas no Rio, ela confia que pode obter votos com os africanos (só ela e o togolês Benjamin Boukpet se candidataram) e entre os árabes (também um catari e uma jordaniana).

“Quero ajudar africanos para ter voz com os membros do COI. Somos pequenos, não somos tantos (atletas) aqui”, argumenta Medany. A egípcia é a única a usar o hijab, tendo competido em Londres com o véu muçulmano. Além dela, também circulam pela área internacional a esgrimista alemã Britta Heidemann e o mesa-tenista sul-coreano Seung-min Ryu.

SCHEIDT CANDIDATO – Pela primeira vez o Brasil tem um candidato. Dono de cinco medalhas olímpicas, Robert Scheidt conta com apoio do Comitê Olímpico do Brasil. Por ser um pleito inédito para o esporte brasileiro, o COB ainda não sabe quantos votos precisa. Em Londres, o candidato eleito com menor porcentagem teve 1.571 votos.

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