Futebol de Israel pode parar por discussão sobre trabalho aos sábados
Elías L. Benarroch.
Jerusalém, 1 set (EFE).- A bola pode deixar de rolar em Israel nos próximos dias, devido a falta de autorização para que jogadores de futebol atuem aos sábados, que é o dia semanal de descanso do judaismo.
“Todas as competições estão ameaçadas pela paralisação”, admitiu neste terça-feira à Agência Efe, Shlomi Barzel, porta-voz da Associação Israelense de Futebol (AIF).
Uma juíza local advertiu que os atletas não tem permissão para atuar no “sabá”, mas o representante que rege a modalidade no país afirma que está acontecendo uma confusão de interesses em diferentes esferas.
Ontem o presidente da AIF, Ofer Eini, e o diretor da liga que organiza o Campeonato Israelense, Yoram Bauman, ameaçaram suspender todos os jogos profissionais se, antes de 7 de setembro, o ministro da Economia, Arieh Deri, não assine uma permissão especial para os jogadores entrarem em campo aos sábados.
A autorização é necessária depois que o Tribunal do Trabalho de Tel Aviv decidisse contra o desempenho da função de jogador durante a jornada do “sabá”, em que está proibido exercer qualquer atividade, entre outras muitas limitações, segundo o judaísmo.
A orientação foi dada depois de um recurso de atletas da segunda divisão do país, que queriam transferir os jogos de quinta e segunda-feira, para o sábado.
A decisão judicial acabou afetando também os jogos da elite do futebol de Israel, e também dos juniores, que acontecem aos sábado. Apesar de os atletas das divisões de base, que não recebem salário, as restrições valem para árbitros, membros de comissão técnica, funcionários de estádios.
O entrave para os dirigentes da federação, no entanto, é que o ministro da Economia pertence ao partido ultra-ortodoxo Shas, que, por suas restritas crenças religiosas, defende a completa observância da jornada religiosa judia.
“Este não é um assunto político, nem religioso, é um assunto de ordem legal, que ele precisa resolver como ministro”, afirmou Barzel.
Na carta que escreveram a Arieh Deri, o presidente da federação e o diretor da liga lembraram que desde 1948, antes da criação do Estado de Israel, havia partidas de futebol, e que estas ocorrem nos “dias de descanso”, para que os trabalhadores comuns possam ir aos estádios.
“O futebol cai na categoria de evento cultural e, como um cinema ou restaurante podem abrir suas portas aos sábados, nós também devemos poder jogar”, concluiu Shlomi Barzel. EFE
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