Ameaça de agressão e situação “de chorar”: Mogi vive calvário e deve deixar Série C
É questão de tempo: se nada de anormal acontecer até o próximo fim de semana, o Mogi Mirim estará fora da Série C do Campeonato Brasileiro. Após não mandar um time a campo na última rodada, contra o Ypiranga-RS, em Mogi, o Sapo também deve perder o próximo jogo, sábado, diante do Tupi, por W.O., o que resultaria na exclusão da equipe da terceira divisão nacional.
O clube paulista vive uma crise sem precedentes na sua história. Atrasos salariais de até oito meses motivaram uma debandada de jogadores nos últimos dias. Até o ex-técnico, Marcelo Veiga, saiu. Os que ficaram, por sua vez, recusam-se a entrar em campo sem uma parte dos pagamentos e, ao que tudo indica, vão forçar o segundo W.0. seguido na Série C. A situação é simplesmente caótica.
“Ontem, estivemos lá no estádio do Mogi e nos proibiram de entrar”, relatou Mauro Costa, diretor do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp), em entrevista exclusiva a José Manoel de Barros, para a Rádio Jovem Pan. “Eles não querem negociar. Fizemos uma reunião com aproximadamente 20 jogadores fora do estádio e ficou decidido que, se não tiver o pagamento de pelo menos um mês de atraso, os atletas não jogarão a próxima partida”.
Se o Mogi não entrar em campo no sábado, contra o Tupi, em Minas Gerais, estará automaticamente eliminado da Série C. E o pior: ficará impedido de disputar qualquer competição da CBF pelos próximos dois anos.
O presidente do clube, Luiz Henrique Oliveira, alega não ter dinheiro para quitar os atrasos. Mesmo assim, não tem aprovado a atitude dos jogadores. “Nós fomos até o Mogi apenas para apoiar a decisão dos jogadores, porque o presidente ameaçou de não dar mais alojamento e alimentação a eles. Queríamos negociar, mas o presidente nem apareceu, não quis conversar”, revelou Mauro Costa.
O meia Cristian, ex-Palmeiras e Ponte Preta, é um dos líderes do movimento dos jogadores. Como comandou o protesto que culminou com o W.O. da última rodada, virou “persona non grata” para o presidente, que, inclusive, teria tentado agredi-lo em uma reunião nesta semana.
“Parece que o presidente quis agredir fisicamente o Cristian. Estamos esperando. Tomara que ele pague uma parte do que deve, mas acho difícil, porque ele disse que não tem dinheiro. Mas ele promete. Ele promete e não cumpre. Tem menino que está há oito meses sem receber. Eu voltei para casa quase chorando, porque é triste ver a situação dos jogadores”, finalizou.
Uma decisão deve ser tomada até sexta-feira. A única certeza que se tem é a de que, se o Mogi entrar em campo no sábado, será uma enorme surpresa.
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