Aos 35, Kléber Gladiador ‘foge’ da pressão e encontra a paz em time que joga em circuito da F1

  • Por Jovem Pan
  • 24/06/2019 17h02 - Atualizado em 24/06/2019 17h15
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Kléber Gladiador atua pelo modesto Austin Bold, da segunda divisão dos EUA. Ele joga ao lado do também brasileiro Andre Lima

Esqueça aquele jogador irritadiço, que já ignorou fair play e, invariavelmente, envolvia-se em momentos quentes dentro de campo. Esqueça, também, aquele cara polêmico, que já peitou Felipão e até bateu de frente com a diretoria do Palmeiras. Kléber Gladiador resolveu “fugir da pressão”, como ele mesmo definiu, e experimentar um pouco da tranquilidade do futebol norte-americano.

Em entrevista exclusiva ao narrador José Manoel de Barros, da Rádio Jovem Pan, o atacante de 35 anos reviveu parte da carreira e explicou por que optou por se aventurar no futebol dos EUA. Segundo Kléber, a escolha pelo modesto Austin Bold, fundado em 2017 e estreante na USL Championship, a segunda divisão do país, justifica-se por dois motivos: o desejo por um futuro melhor após a aposentadoria e a fuga das pressões e cobranças que são a marca do futebol brasileiro.

“Eu me transferi para cá pensando no futuro da minha família e no meu próprio futuro”, disse Kléber. “Quero me preparar melhor para depois que me aposentar. O idioma inglês é muito importante, e os EUA, em relação a estudo e conhecimento, está um pouco à frente do Brasil. Era um bom momento para ter uma experiência nova, viver em um país de primeiro mundo. Além, é claro, de poder fugir um pouco dessa pressão de estar toda hora jogando e tendo de responder à torcida, à imprensa, essas cobranças… Hoje, o momento é de estar aqui um pouquinho e aproveitar a minha família, porque, no Brasil, não dá para aproveitar direito, é muita viagem, muita pressão, concentração… Eu precisava desse tempo”, afirmou.

Não é exagero considerar o Austin Bold um time pequeno dos EUA. Fundada em 2017, a equipe do Texas é novata na USL (ocupa atualmente a oitava posição da Conferência Oeste) e joga em um estádio com capacidade para 5 mil pessoas. O Bold Stadium, por sinal, foi construído no meio do Circuito das Américas de Fórmula 1e teve o primeiro gol de sua história anotado justamente por Kléber, na vitória por 1 a 0 sobre o San Antonio FC, no dia 30 de março de 2019.

O Bold Stadium foi construído no complexo do Circuito das Américas, que, desde 2012, sedia o GP dos EUA de Fórmula 1

O Gladiador é o capitão do time e, em 15 jogos, já anotou cinco gols – ele forma a dupla de ataque titular ao lado do também brasileiro André Lima, ex-Grêmio e São Paulo. Isso, porém, não o impede de revistar parte de seu passado. Questionado sobre quais foram os times mais marcantes de sua carreira, o atacante, revelado pelo São Paulo e com passagens por Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Coritiba, não pestanejou.

“Na verdade, eu tenho um carinho especial por todas as equipes pelas quais joguei. Foi uma honra. Sou muito grato a todas. Mas é lógico que, em umas, a gente fica um pouco mais marcado, e, em outras, nem tanto. Sem dúvida, Cruzeiro e Palmeiras foram os times mais marcantes para mim, pelos bons resultados, pelo bom desempenho individual… Foram os clubes nos quais eu melhor joguei na minha carreira”, afirmou.

Sobre o fato de nunca ter atuado na Seleção Brasileira principal, Kléber disse não guardar mágoas. Segundo ele, a falta de convocações se explica por uma decisão tomada ainda no início da carreira, quando tinha 21 anos. “Em relação à Seleção, eu tive a oportunidade de ser campeão mundial sub-20 em 2003, mas acabei me transferindo para a Ucrânia logo depois. Então, não tive tempo de consolidar no Brasil uma carreira que, ao meu ver, era muito promissora”, justificou.

“Apesar de o Dínamo de Kiev ser um time importante, na época, o Leste Europeu não era tão visto como agora. Quando eu retornei ao Brasil, em alguns momentos, realmente teve o pedido de imprensa e torcida para que eu fosse à Seleção, mas, infelizmente, não aconteceu. Mas faz parte. O importante é que, independentemente de ter ido para a Seleção ou não, eu tive uma carreira muito boa”, finalizou.

Revelado pelo São Paulo em 2003, Kléber passou por Dínamo de Kiev, Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Coritiba antes de se transferir aos EUA, em agosto do ano passado. Em 15 anos de carreira, ele soma dez títulos por clubes – incluindo um Campeonato Paranaense, um Mineiro, um Paulista e dois Campeonatos Ucranianos.

Kléber Gladiador foi apresentado como jogador do Austin Bold em agosto de 2018

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