Aos 35, Kléber Gladiador ‘foge’ da pressão e encontra a paz em time que joga em circuito da F1
Esqueça aquele jogador irritadiço, que já ignorou fair play e, invariavelmente, envolvia-se em momentos quentes dentro de campo. Esqueça, também, aquele cara polêmico, que já peitou Felipão e até bateu de frente com a diretoria do Palmeiras. Kléber Gladiador resolveu “fugir da pressão”, como ele mesmo definiu, e experimentar um pouco da tranquilidade do futebol norte-americano.
Em entrevista exclusiva ao narrador José Manoel de Barros, da Rádio Jovem Pan, o atacante de 35 anos reviveu parte da carreira e explicou por que optou por se aventurar no futebol dos EUA. Segundo Kléber, a escolha pelo modesto Austin Bold, fundado em 2017 e estreante na USL Championship, a segunda divisão do país, justifica-se por dois motivos: o desejo por um futuro melhor após a aposentadoria e a fuga das pressões e cobranças que são a marca do futebol brasileiro.
“Eu me transferi para cá pensando no futuro da minha família e no meu próprio futuro”, disse Kléber. “Quero me preparar melhor para depois que me aposentar. O idioma inglês é muito importante, e os EUA, em relação a estudo e conhecimento, está um pouco à frente do Brasil. Era um bom momento para ter uma experiência nova, viver em um país de primeiro mundo. Além, é claro, de poder fugir um pouco dessa pressão de estar toda hora jogando e tendo de responder à torcida, à imprensa, essas cobranças… Hoje, o momento é de estar aqui um pouquinho e aproveitar a minha família, porque, no Brasil, não dá para aproveitar direito, é muita viagem, muita pressão, concentração… Eu precisava desse tempo”, afirmou.
Não é exagero considerar o Austin Bold um time pequeno dos EUA. Fundada em 2017, a equipe do Texas é novata na USL (ocupa atualmente a oitava posição da Conferência Oeste) e joga em um estádio com capacidade para 5 mil pessoas. O Bold Stadium, por sinal, foi construído no meio do Circuito das Américas de Fórmula 1 – e teve o primeiro gol de sua história anotado justamente por Kléber, na vitória por 1 a 0 sobre o San Antonio FC, no dia 30 de março de 2019.
O Gladiador é o capitão do time e, em 15 jogos, já anotou cinco gols – ele forma a dupla de ataque titular ao lado do também brasileiro André Lima, ex-Grêmio e São Paulo. Isso, porém, não o impede de revistar parte de seu passado. Questionado sobre quais foram os times mais marcantes de sua carreira, o atacante, revelado pelo São Paulo e com passagens por Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Coritiba, não pestanejou.
“Na verdade, eu tenho um carinho especial por todas as equipes pelas quais joguei. Foi uma honra. Sou muito grato a todas. Mas é lógico que, em umas, a gente fica um pouco mais marcado, e, em outras, nem tanto. Sem dúvida, Cruzeiro e Palmeiras foram os times mais marcantes para mim, pelos bons resultados, pelo bom desempenho individual… Foram os clubes nos quais eu melhor joguei na minha carreira”, afirmou.
Sobre o fato de nunca ter atuado na Seleção Brasileira principal, Kléber disse não guardar mágoas. Segundo ele, a falta de convocações se explica por uma decisão tomada ainda no início da carreira, quando tinha 21 anos. “Em relação à Seleção, eu tive a oportunidade de ser campeão mundial sub-20 em 2003, mas acabei me transferindo para a Ucrânia logo depois. Então, não tive tempo de consolidar no Brasil uma carreira que, ao meu ver, era muito promissora”, justificou.
“Apesar de o Dínamo de Kiev ser um time importante, na época, o Leste Europeu não era tão visto como agora. Quando eu retornei ao Brasil, em alguns momentos, realmente teve o pedido de imprensa e torcida para que eu fosse à Seleção, mas, infelizmente, não aconteceu. Mas faz parte. O importante é que, independentemente de ter ido para a Seleção ou não, eu tive uma carreira muito boa”, finalizou.
Revelado pelo São Paulo em 2003, Kléber passou por Dínamo de Kiev, Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Coritiba antes de se transferir aos EUA, em agosto do ano passado. Em 15 anos de carreira, ele soma dez títulos por clubes – incluindo um Campeonato Paranaense, um Mineiro, um Paulista e dois Campeonatos Ucranianos.
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