Bicampeã olímpica, Pia Sundhage muda o patamar da seleção brasileira e busca sua 1ª estrela no Mundial

Técnica de 63 anos busca título inédito com a seleção na primeira Copa do Brasil com uma mulher no comando

  • Por Jovem Pan
  • 23/07/2023 12h00
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Reprodução/ CBF pia sundhage Pia Sundhage é experiente e vencedora e mudou o status da seleção brasileira no ciclo para a Copa

A seleção brasileira feminina de futebol chega à Copa do Mundo de 2023 em outro patamar se comparado ao da última Copa, e isso se deve a uma pessoa: Pia Sundhage. A sueca de 63 anos assumiu o comando da equipe em julho de 2019 e, desde então, são 54 jogos com 33 vitórias, 11 empates e 10 derrotas, um sistema de jogo definido e a esperança de conquistar a primeira estrela na Nova Zelândia e Austrália. A virada de chave na seleção feminina começou ainda no Mundial da França, em 2019. Com a eliminação do Brasil nas oitavas de final para as anfitriãs, a CBF decidiu apostar em renovação e anunciou a contratação da técnica sueca. Segunda mulher no cargo (Emily Lima esteve no cargo entre 2016 e 2017), Pia é a primeira estrangeira a comandar qualquer equipe da seleção brasileira feminina e trouxe uma bagagem importantíssima para a evolução da modalidade. Nascida em 1960 em Ulricehamn, na Suécia, a pequena Pia começou sua carreira no futebol bem jovem e, aos 18 anos, assinou com o seu primeiro time profissional, o Falköpings KIK. Ela atuava como atacante e se destacou rapidamente, sendo convocada para a seleção que disputou a primeira Eurocopa feminina, em 1984. As suecas foram campeãs com Pia artilheira (4 gols) e eleita a melhor jogadora do torneio. Estrela, ela ainda foi vice em 1987 e 1995. No ano seguinte, Pia encerrou sua carreira como jogadora no Hammarby e iniciou como técnica no time.

Em seguida, os três primeiros trabalhos na comissão técnica foram como assistente até que, em 2003, ela assumiu o Boston Breakers-EUA como técnica. Nesse ano, conquistou seu primeiro título: campeã nacional do WUSA (precursora da WNSL). Em 2007, Pia trocou os clubes por seleções ao aceitar o cargo de assistente da China. O trabalho foi rápido e, em 2008, assumiu a seleção dos Estados Unidos – na ocasião já bicampeã mundial – , quando sua carreira deslanchou. Por lá, foi bicampeã do Torneio das Quatro Nações, tricampeã da Algarve Cup, bicampeã olímpica (2008 e 2012) e vice na Copa de 2011. Levou a Bola de Ouro de melhor técnica em 2012, mesmo ano em que deixou os EUA para assumir a Suécia e foi prata nas Olimpíadas do Rio 2016. A sueca passou pelas categorias de base de seu país até que, em 2019, aceitou um novo desafio: treinar a seleção brasileira e buscar o nosso primeiro título mundial do nosso país.

Mudanças no estilo de jogo e mentalidade

Assim como a maioria dos treinadores que passam pela seleção brasileira, Pia Sundhage virou alvo de muitas críticas por suas escolhas. Logo que chegou, preparou o elenco para as Olimpíadas de Tóquio 2021, onde amargou uma eliminação precoce nas quartas de final. Passado o ciclo olímpico, Pia introduziu mais seu modelo de jogo e fez diversos testes. Entre os mais polêmicos, deixar Cristiane de fora. A seleção começou a ter um padrão definido de jogo, melhorou defensivamente, mas ainda pecava no ataque. Dentro da proposta de renovação, jogadoras jovens foram chegando e os adversários, cada vez mais fortes, mostravam onde estavam os erros. Pia foi ajustando o time até que, no início deste ano, o Brasil conseguiu empatar com a Inglaterra, atual campeã da Eurocopa, na Finalíssima e venceu a Alemanha em amistoso. Os resultados mostraram uma equipe forte e bem treinada, que animou para a Copa do Mundo. Na Austrália, Pia se apoia na união do grupo, na disposição das novatas (11 de 23) e na experiência de Marta para tentar o que parece impossível: o título inédito.

Além de melhorar a seleção dentro de campo, a presença de Pia Sundhage tornou o ambiente muito mais profissional. Pela primeira vez, a delegação brasileira teve um planejamento de viagem para o Mundial. Chegou à Austrália com 20 dias de antecedência para se adaptar ao fuso horário de 13h+, teve voo fretado e traje de viagem, aumentou a delegação com o suporte de ginecologista, psicóloga, nutricionista e demais profissionais, e incluiu folgas na preparação – algo muito comum entre seleções europeias, mas repudiado no Brasil. É possível dizer que a chegada de Pia elevou o profissionalismo na seleção, mesmo ainda tendo muito a melhorar. A projeção da CBF é que o Brasil termine entre as quatro melhores do mundo mas, para a torcida, a expectativa é o título. Será que vem?

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