Brasileirão Feminino começa neste sábado; apenas dois times têm técnicas mulheres

  • Por Jovem Pan
  • 08/02/2020 11h16
Divulgação Ferroviária de Araraquara é a atual campeã da competição

O Campeonato Brasileiro Feminino começa neste sábado (8) com a estreia da Ferroviária, atual campeã. A equipe é uma das duas únicas do torneio que possui uma mulher no comando: Tatiele Silveira. Além dela, Patrícia Gusmão comanda a equipe do Grêmio

No ano passado, o cenário era o mesmo, também com duas treinadoras: Emily Lima (Santos) e a mesma Tatiele no time de Araraquara. Emily agora treina a seleção feminina do Equador.

O panorama internacional é diferente. Das 24 seleções que disputaram a Copa do Mundo do ano passado, por exemplo, nove tinham uma mulher à frente. A seleção brasileira, inclusive, contratou uma mulher – a sueca Pia Sundhage – após o torneio. Ela foi admitida para substituir Oswaldo Alvarez, o Vadão. Antes dele, a equipe foi comandada pela própria Emily, entre 2016 e 2017.

“O número é baixo, mas confio no trabalho das que estão surgindo. Quem sabe no próximo ano teremos mais mulheres na elite”, diz Gusmão, treinadora de 41 anos que possui a licença B da CBF. Por outro lado, reconhece a contribuição masculina. “Aprendi muito com profissionais homens. Cada um tem sua contribuição. Todos podem trabalhar dentro do futebol feminino.”

A falta de técnicas está inserida em um contexto mais amplo: existem poucas profissionais nas comissões técnicas. Nos quatro grandes de São Paulo, elas são minoria. O São Paulo possui uma mulher na equipe feminina – ela atua na assessoria de imprensa. Corinthians e Santos têm praticamente a metade do total de profissionais.

Exceção, a Ferroviária possui oito mulheres, entre elas psicóloga, preparadora de goleiras, supervisora, roupeira e a própria técnica. O departamento tem 11 profissionais. Tatiele afirma que não é preciso ser mulher para uma boa gestão, mas é importante incluir gestoras num departamento prioritariamente feminino.

“A comissão não precisa ser 100% feminina, porque os homens também agregam seus valores, como na parte prática e a psicológica. Mas as mulheres também precisam de seu espaço”, opina a profissional de 37 anos que já completou a Licença A da CBF. “Deveria ter pelo menos 50% de mulheres para balancear as ideias, o sentimento e a maneira de lidar com o grupo”, completa.

*Com Estadão Conteúdo

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.