Chefe anti-doping da CBF crê em tese de Guerrero, mas vê decisão acertada da Fifa

  • Por Jovem Pan
  • 13/12/2017 16h30 - Atualizado em 13/12/2017 16h32
Pedro Martins/Mowa Press Guerrero, Paolo Guerrero Paolo Guerrero foi suspenso por um ano por doping; defesa do jogador já recorreu da decisão

Presidente da Comissão de Controle de Doping da CBF, Fernando Solera acredita que a Fifa acertou ao dar um ano de gancho a Paolo Guerrero. O atacante peruano foi flagrado no exame antidoping realizado após o jogo contra a Argentina, em 5 de outubro, pelas Eliminatórias para a Copa. Foi encontrado benzoilecgonina (metabólito da cocaína) na urina do jogador, que garante não ter consumido a droga, e sim um chá de coca para tratar de gripe.

Solera crê na tese de Guerrero. Porém, não condena a decisão da Comissão Disciplinar da Fifa, que suspendeu o atacante por 365 dias. Para o chefe anti-doping da CBF, a entidade apenas aplicou ao peruano a pena que julgou ser correta a partir dos argumentos apresentados pela defesa – o gancho poderia ser de até quatro anos. Solera explicou que, agora, cabe aos advogados do jogador reforçarem em segunda instância os pontos que passaram despercebidos ou que poderiam ser melhor abordados no primeiro julgamento.

“A verdade dos fatos só o Guerrero sabe, mas a gente pode fazer estudos em cima dos dados encontrados e fazer correlações… As alegações da defesa foram todas investigadas, absolutamente checadas, e eu acho que a Comissão Disciplinar da Fifa acertou (ao suspender Guerrero por um ano), porque entendeu que ele merecia essa pena. Agora, cabe à defesa do jogador abordar alguma coisa à qual não foi dada tanta importância e, no recurso, tentar reduzir esse um ano de suspensão”, afirmou, em entrevista exclusiva a Flavio Prado que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan.

Para Solera, a tese da defesa de Guerrero, de que o jogador ingeriu um chá de coca contaminado, é factível – e pode ser sustentada com números. Resta, apenas, “refinar” os argumentos para convencer a Fifa de que a suspensão de um ano é pesada demais para o caso.

“Foi encontrado algo em torno de 70 ng/ml de benzoilecgonina na urina do Guerrero. Esse é um dado bastante relevante no caso dele, porque nós temos um estudo aqui no Brasil, que eu fiz na CBF… Nos últimos 15 anos, eu tenho 18 casos de cocaína. E, desses 18 casos, nenhum deu esse valor… Todos deram um valor muito maior. Isso é um indício de que a teoria apresentada pela defesa está no caminho certo”.

A defesa de Paolo Guerrero já recorreu da decisão da Fifa e, agora, aguarda por um parecer da Comissão de Apelação da entidade, que entra em recesso no dia 20. Caso a suspensão se mantenha, o jogador do Flamengo ainda poderá acionará a Corte Arbitral do Esporte (CAS), terceira e última instância. Os advogados do atleta querem a absolvição ou a redução da pena, para que o atacante tenha ao menos condições de disputar a Copa do Mundo, em junho do ano que vem.

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