Clubes de SP gastam mais de R$ 500 mil em jogos sem público no Paulistão
A partida mais cara deste Estadual até o momento foi o encontro entre Novorizontino e Santos, quando a equipe do interior precisou arcar com R$ 45,2 mil de prejuízo
O retorno do Campeonato Paulista depois da paralisação causada pela pandemia da Covid-19 fez os times terem um custo médio de R$ 25 mil a cada vez que são mandantes de uma partida. Os jogos disputados sem público para obedecer recomendações de saúde somados às despesas operacionais fixas fizeram com que os 22 compromissos realizados desde a retomada impactassem um gasto total para os clubes no valor de R$ 549,1 mil, segundo dados dos boletins financeiros da Federação Paulista de Futebol (FPF). Como não há mais receita com a venda de ingressos, todas as vezes em que houve jogo o time mandante e responsável pela partida ficou no prejuízo. Os custos para realizar um duelo da elite do Estadual são altos pelas despesas operacionais existentes mesmo quando não há um torcedor sequer nas arquibancadas. O pagamento de funcionários, aluguel do estádio, custo da ambulância, banheiros químicos, aluguel de geradores e despesas com alimentação de seguranças levaram os borderôs a registrarem déficit.
O jogo mais caro deste Estadual até o momento foi o encontro entre Novorizontino e Santos, na Arena Corinthians, em São Paulo. A equipe do interior precisou arcar com R$ 45,2 mil de prejuízo, principalmente pelo gasto de R$ 33,4 mil com funcionários. Também inquilina do estádio corintiano, a Inter de Limeira teve um déficit de R$ 42,4 mil para atuar no local diante do Oeste, no último dia 23. Os principais clubes do futebol paulista também precisaram arcar com as consequências. Quando foi eliminado pelo Mirassol no estádio Morumbi, o São Paulo teve um gasto de R$ 27,9 mil para realizar a partida. Enquanto batia o Santo André por 2 a 0 e confirmava vaga nas semifinais dentro do estádio Allianz Parque, o Palmeiras teve de gastar R$ 43 mil.
Mesmo com esse gasto, as equipes não têm reclamado. Pelo contrário. O posicionamento dos dirigentes é de que mesmo com prejuízo, é melhor ter o Estadual retomado do que cancelado. Isso se justifica porque com a volta das partidas, as parcelas das cota de transmissão da Rede Globo voltaram a ser distribuídas. Os quatro principais clubes recebem R$ 26 milhões cada. As demais equipes embolsam R$ 6 milhões. “A cota de televisão chega a ser 40% do nosso orçamento”, disse o presidente do Santo André, Sidney Riquetto. “Seria muito mais prejudicial para qualquer clube não ter essa receita. O Santo André também teve prejuízos em alguns jogos antes da pandemia, mesmo com a presença de torcida. A bilheteria nem sempre paga todos os custos. Então para nós o cenário pouco mudou”, explicou o dirigente.
A principal lamentação das equipes é que com a retomada do Estadual, o regulamento teve uma alteração. Em vez da renda das partidas únicas válidas pelas quartas de final e semifinal serem divididas igualmente entre as duas equipes, agora o prejuízo passou a ser todo arcado pelo time mandante. Quem mais se frustrou com essa determinação e com os portões fechados foi o Mirassol. A surpresa da competição poderia ter enfrentado o São Paulo e Corinthians como visitante e desfrutado de uma boa parcela da renda. “A escolha por jogar a competição com os portões fechados implicou nesse tipo de gasto. O Mirassol chegou a pagar R$ 9 mil de aluguel para a prefeitura de São Bernardo para usar o estádio Mas o que mais fez falta para nós é essa renda dividida no mata-mata. Seria um ótimo recurso”, disse o presidente Edson Hermenegildo.
*Com Estadão Conteúdo
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