Com venda de camisas e audiência em alta, Neymar faz PSG virar potência comercial
No domingo passado, por volta de 14h30, uma fila de consumidores se estendia para fora das portas de uma grande loja da Avenida Champs-Elysées, no coração de Paris. Mas dessa vez não se tratava de uma disputa entre consumidores chineses para entrar na loja de bolsas e acessórios de luxo Louis Vuitton. A fila era para ingressar na megastore do Paris Saint-Germain no centro da capital francesa. Desde que o craque brasileiro Neymar chegou para conduzir o time dentro de campo, há menos de dois meses, o clube viu o movimento em suas lojas crescer 75%.
A frequência dos torcedores e as vendas de camisetas após a chegada do camisa 10, no início de agosto, são apenas dois dos termômetros da estratégia de marketing bem-sucedida que a operação de compra de Neymar representou para o PSG em nível internacional. Se o ritmo de vendas da camiseta continuar em cerca de 4 mil exemplares por dia, o que é improvável, o clube parisiense chegará ao seu recorde histórico de 1,4 mil peças vendidas no intervalo de um ano – ou duas vezes e meia o habitual registrado entre 2011 e 2016, depois que o clube foi adquirido pelo fundo do Catar. Esse patamar é semelhante ao do Manchester United, do Barcelona e do Real Madrid.
Em diferentes países do mundo, encontrar um exemplar original da camiseta, fabricada pela Nike, tornou-se impossível. Em Dacar, no Senegal, por exemplo, uma verdadeira fábrica ilegal de produtos do PSG com o nome de Neymar funciona a todo vapor. As peças não são fabricadas pela fornecedora oficial do clube, mas para os torcedores locais pouco importa. Mesmo que dispusessem de 140 euros (R$ 523) para pagar pelo uniforme, os torcedores não teriam acesso ao modelo original por causa da ruptura de estoque, que só deve retornar a um nível satisfatório em novembro.
Além de camisetas, echarpes com o nome de Neymar e as cores do PSG ou em amarelo – uma homenagem à seleção brasileira – vendem como pão quente em Paris, a valores que variam de 15 a 18 euros (R$ 56 a R$ 67). Por isso a procura por produtos com a grife do craque fez com que a afluência de clientes nas lojas do clube crescesse em relação ao mesmo período do ano passado – um sinal do entusiasmo dos torcedores históricos, da conquista de novos torcedores e da fidelidade dos fãs de Neymar.
RECORDES
O fenômeno da exposição da marca do clube também se reproduz nas redes sociais. Em seis semanas de existência, a conta do Twitter do PSG voltada ao público brasileiro (@PSGBrasil) saiu de zero para 127 mil seguidores. Na TV, a cada jogo do PSG transmitido na França um novo recorde de audiência do Campeonato Francês vem sendo batido, como aconteceu no confronto contra o Lyon, vencido por 2 a 0 pelo time de Neymar.
No exterior, o sucesso é ainda maior. No mercado brasileiro, a audiência do campeonato subiu 480% desde que craque passou a jogar com as cores do clube, segundo dados do Instituto Kantar/Ibope.
Todos esses dados positivos serão convertidos, segundo o presidente do clube, Nasser Al-Khelaifi, em contratos publicitários, de fornecimento e de franquias mais rentáveis em um futuro próximo – uma forma de viabilizar o clube após os gastos da janela de transferência e de cumprir a política de fair-play da Uefa.
Para o economista do esporte Pierre Rondeau, esse potencial é fruto direto da associação entre a imagem do PSG à de Neymar, que catapultou o clube no cenário internacional.
O sucesso de Neymar em Paris também se prolongou dentro de campo, com os 100% de aproveitamento no Campeonato Francês até a quinta rodada, uma estreia com goleada frente ao Celtic na Liga dos Campeões e, sobretudo, pelo respeito dos adversários.
Destaque do Bayern de Munique e jovem talento da seleção francesa, Coman comentou nessa semana o impacto da contratação. “A transferência de Neymar aportou algo a mais ao PSG. Ele mudou de classe, mesmo que já fosse uma boa equipe”, afirmou o atacante, que jogará no Parque dos Príncipes na quarta-feira.
O sucesso até aqui só não foi maior porque o brasileiro se envolveu na sua primeira polêmica. A disputa com o centroavante uruguaio Cavani pela posição de batedor de pênaltis do time gerou temores de que a estrela do clube possa estar desestabilizando o grupo.
O problema interno é potencial, já que Neymar ainda não fala francês e tem dificuldades de se comunicar diretamente com parte do elenco. Antes liderado pelo grupo de “italianos” – como eram chamados os jogadores com passagem por clubes da Itália, como Ibrahimovic, Thiago Motta, Verratti e Thiago Silva -, o PSG agora tem uma verdadeira colônia brasileira no grupo, com Daniel Alves, Thiago Silva, Lucas, Marquinhos e Neymar.
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