No Japão há 4 meses, Jô ainda mira Copa e fala em “voltar ao Coringão” após cumprir contrato

  • Por Jovem Pan
  • 02/04/2018 11h00 - Atualizado em 02/04/2018 11h14
Divulgação JÔ, NAGOYA GRAMPUS, JAPÃO, CORINTHIANS Jô hoje é atacante do Nagoya Grampus, do Japão, que desembolsou mais de R$ 40 milhões para tirá-lo do Corinthians

Jô saiu do Corinthians, mas o Corinthians não saiu de Jô. Em entrevista exclusiva ao repórter André Ranieri, da Rádio Jovem Pan, o artilheiro e melhor jogador do último Campeonato Brasileiro contou como anda a vida no Japão e se declarou ao clube alvinegro, para o qual pretende voltar depois de cumprir o contrato com o Nagoya Grampus.

“Eu sou corintiano. Sou torcedor e sempre serei”, afirmou Jô. “Eu pretendo me aposentar no Corinthians. Como eu disse na minha entrevista de despedida, foi um até logo, e não um adeus. Espero cumprir o meu contrato aqui (o vínculo vai até o fim de 2020) e quem sabe voltar ao Coringão”.

O atacante de 31 anos também relembrou o polêmico gol de mão marcado contra o Vasco, revelou uma surpreendente história do técnico Fábio Carille e garantiu: ainda não desistiu do sonho de disputar a sua segunda Copa do Mundo consecutiva.

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Confira, abaixo, a entrevista exclusiva de Jô à Jovem Pan!

Futebol japonês

“Eu tenho me adaptado aos poucos. É um futebol bem rápido. O japonês tem uma técnica muito apurada. Eles são bem rápidos, inteligentes, têm qualidade para trabalhar com as duas pernas. É tudo um toque, dois toques. É um estilo um pouco diferente. Você não tem aquele tempo para pensar muito, não tem como cadenciar. São 90 minutos de correria. Eu estou me adaptando nesse sentido. Não é tão fácil assim, mas acredito que estou evoluindo. Fiz um gol em cinco jogos. Mas estou gostando bastante. O nosso time é muito bom, tem características de tocar a bola… Temos ambições no campeonato.”

Seleção Brasileira

“Quando aceitei a proposta do futebol japonês, eu tinha consciência de que a Seleção ficaria mais distante, bem difícil. Mas eu continuo acreditando e tendo esperanças pelo ano que eu fiz em 2017. Eu sei que futebol é momento, mas, pelo meu desempenho no ano passado e pelo conhecimento que o Tite tem da minha pessoa, isso ainda me faz ter esperança. Claro que é muito difícil, mas (ao fechar com um clube japonês) eu optei mais pela minha família. Hoje, qualquer passo que eu dou, eu penso primeiro na minha família. Para o Corinthians seria excelente financeiramente e para mim, também. Mas eu continuo acreditando (em uma convocação à Seleção), tenho fé. Fazendo o meu trabalho aqui, fazendo bons jogos, gols, vai despertar aquele interesse. Vamos ver… Até o final eu vou acreditar.”

Líder do Corinthians campeão brasileiro

“Essa é uma das coisas pelas quais eu sou muito grato ao Corinthians. Ele me fez despertar essa liderança que existia dentro de mim. Eu, por exemplo, orientava muito o Arana, até na questão da transferência dele. No meio do ano, ele tinha a mesma proposta (do Sevilla), e eu o aconselhei a terminar o ano bem, sendo campeão brasileiro, isso iria valorizá-lo bastante… E deu certo. Eu conversava direto com a diretoria para buscar o melhor para o grupo. O Carille me deu esse papel, e acho que consegui cumprir com sucesso. Nos outros clubes, eu não conseguia aflorar isso tão bem, e, no Corinthians, eu consegui com bastante êxito. Sem dúvidas, 2017 foi o melhor ano da minha carreira.”

Fábio Carille

“O Fábio vai ser um treinador de muito sucesso. É um cara que estuda muito. Ele estuda o adversário, estuda o jogador que vai chegar ao clube, sabe estatística, conhece tudo. Quando eu cheguei, ele me disse que eu já havia jogado de ponta-direita no Manchester City e que tinha até cobrado escanteio… E eu não lembrava disso! Eu não sabia que já tinha jogado assim, e ele me lembrou, porque no início do ano pretendia me escalar nessa posição. No ano passado inteiro, eu não vi o Fábio gritar com ninguém. Mesmo com jogador mal e tudo… Eu até brinquei com ele: ‘Fábio, às vezes, quando o time não está de acordo com o que você quer, você tem de gritar’. E ele não gritava. Esse carisma dele acaba cativando os jogadores. Ele consegue passar seriedade, mas com respeito e carinho. Ele se preparou para ser treinador. E, por isso, está colhendo resultados tão rapidamente.”

Críticas após gol de mão contra o Vasco

“No futebol, não tem unanimidade. Você nunca vai ter 100% das opiniões iguais. Para mim, o mais importante é que a pessoa que for fazer alguma crítica preze o respeito. Pode ter opinião contrária, mas pelo menos saiba colocar as palavras e tenha respeito. Assim, o futebol não vai ficar chato. O complicado é quando você recebe uma crítica te desrespeitando. Isso é muito ruim. Depois daquele lance contra o Vasco, eu vi muita gente falando sobre o meu caráter. Muita gente falando que eu era um bandido e um mau caráter por causa de um lance que faz parte do futebol, que já decidiu Copa do Mundo, classificação para Copa… Se você colocar uma opinião respeitosa, aí tudo bem. Isso eu vou sempre cobrar: pode me criticar, mas tudo dentro do respeito.”

Volta ao Corinthians

“Eu pretendo me aposentar no Corinthians. Como eu disse na minha entrevista de despedida, com certeza foi um até logo, e não um adeus. Espero cumprir o meu contrato aqui e quem sabe voltar ao Coringão. Eu sou corintiano. Sou torcedor e sempre serei.”

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