Pablo recusa Rússia pela família e derruba fama pós-Corinthians: ‘me chamavam de mercenário’
“As pessoas formam opinião a partir do que veem na TV. Mas a realidade nem sempre é igual ao que é falado. Faz parte da nossa profissão os outros nos julgarem sem nos conhecerem. Mas temos de saber lidar com isso. Eu aprendi que, para tudo na vida, é preciso de tempo. Uma hora ou outra, se você é uma pessoa correta, a verdade vai aparecer, mesmo que os outros teimem em dizer que você é de outro jeito.”
Campeão brasileiro pelo Corinthians, Pablo abriu o coração. E desabafou. Oito meses depois de deixar o clube alvinegro pela porta dos fundos, acusado de ser “mercenário” e impedido de participar da festa pelo heptacampeonato nacional, o hoje zagueiro do Bordeaux revelou em entrevista exclusiva ao repórter André Ranieri, da Rádio Jovem Pan, uma história que, na sua visão, mostra quem é “o verdadeiro Pablo”.
Tudo aconteceu há poucas semanas, no início de agosto. Pablo estava acertado com o Krasnodar, da Rússia, que desembolsaria 12 milhões de euros para tirá-lo da França. O jogador ganharia três vezes mais do que faturava no Bordeaux e atuaria no país-sede da última Copa do Mundo. Pouco dias antes de viajar para assinar contrato, porém, o próprio Pablo desistiu do negócio. O motivo? O amor pela família.
“Foi uma coisa bem louca”, definiu. “Estava tudo certo entre mim e o Krasnodar. Foi uma negociação longa, de mais de um mês, e chegamos a um acordo de eles pagarem 12 milhões de euros. Só que, pouco tempo antes de assinar o contrato, eu desisti. Não estava me sentindo seguro, pensei muito na minha família… Eu teria que passar por mais uma adaptação complicada com a minha mulher e o meu filho, passar a viver em outro país, numa cultura completamente diferente. Eu iria começar tudo do zero. Coloquei tudo na balança, conversei com a minha família e decidi não aceitar a proposta. Foi por isso que eu não fui à Rússia”, explicou.
A história derruba a “fama” com a qual Pablo deixou o Corinthians, no fim do ano passado. Na ocasião, o defensor tinha praticamente tudo acertado para ser contratado em definitivo pelo Corinthians por quatro anos – ele estava emprestado pelo Bordeaux até dezembro. De última hora, porém, o empresário do jogador, Fernando César, não chegou a um acordo com a diretoria alvinegra, que se recusou a pagar um adiantamento de 40% no valor integral das luvas no ato do acerto. O zagueiro ganhou fama de “mercenário” e foi até impedido de participar da festa pelo título brasileiro.
“Eu sou um cara muito tranquilo. As pessoas que estão próximas a mim sabem como eu sou. Todos me chamavam de mercenário, mas ninguém sabe dos meus princípios”, defendeu-se Pablo. “Nessa proposta do Krasnodar, eu ganharia três vezes mais do que ganho no Bordeaux, mas coloquei tudo na balança. Coloquei a minha família em primeiro lugar, porque tivemos uma adaptação bem difícil no começo aqui na França. Agora está tudo bem, mas eu não poderia esquecer disso. Não poderia querer passar por tudo isso de novo e em um país mais complicado, onde é muito frio, com uma língua difícil… Eu preferi ficar. Foi por isso que eu não aceitei a proposta”, finalizou.
Em abril, mês no qual concedeu outra entrevista exclusiva à Jovem Pan, Pablo negou guardar mágoa do Corinthians e disse que ficaria “muito feliz” se um dia pudesse voltar a jogar pela equipe alvinegra.
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