Três perícias apontam falha de segurança e Corinthians tem eleição sob suspeita

  • Por Estadão Conteúdo
  • 23/07/2018 08h23
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Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo andrés sanchez, corinthians As falhas na eleição foram encontradas pela Dynamics Perícias, contratada por Paulo Garcia, candidato que ficou em segundo lugar

Enquanto o técnico Osmar Loss está pressionado no Corinthians após perder o clássico para o São Paulo, os bastidores do clube fervem. A suspeita de que houve irregularidades na eleição para presidente aumentou após três auditorias constatarem falhas de segurança na votação e o Ministério Público deixar claro que não é possível assegurar a integridade do pleito, que colocou Andrés Sanchez de volta ao poder.

Ainda não chegou-se a conclusão de que houve fraude. De certo, apenas que ocorreram falhas de segurança no sistema de votação, que foi feito pela Telemeeting Brasil. Diante disso, na semana passada, o MP se manifestou dizendo que “ficou demonstrada a absoluta violação da confiabilidade e seriedade do pleito e o desvirtuamento do processo eleitoral de um dos maiores clubes do Brasil, vez que o presidente e chapas não foram eleitos dentro de um processo democrático íntegro, seguro, confiável e hígido”

As falhas na eleição foram encontradas pela Dynamics Perícias, contratada por Paulo Garcia, candidato que ficou em segundo lugar, e pela Perícias Informática, paga pela Comissão Eleitoral do Corinthians e o Instituto de Criminalística, órgão da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

Quem apontou dados que mais levantou dúvidas da idoneidade da eleição foi a Dynamics. Ela detectou uma diferença de 25 votos entre os que foram apurados e o número de sócios que assinaram a lista de presença. Além disso, na véspera da eleição, foi apresentado o sistema de votação para os auditores e fiscais e, após a exibição do mesmo, o computador foi lacrado e gerou um código. O número, entretanto, apareceu diferente quando foram checar as máquinas ao final do pleito.

Além disso, os votos foram registrados por meio de uma rede Wi-Fi considerada vulnerável, pois não havia criptografia, o que facilita um acesso de terceiros aos dados.

A Perícias Informática constatou que houve a divergência no código do computador, mas que isso ocorreu por falha de um funcionário da Telemeeting e que o problema não pôde ser corrigido após a eleição por causa da confusão depois do anúncio da vitória de Andrés Sanchez. A perícia também destaca a fragilidade da rede Wi-Fi. O Instituto de Criminalística aponta que a alteração dos códigos se deu antes da eleição e que o sistema de votação se comportou de forma esperada.

Em fevereiro, pouco tempo depois da eleição, Paulo Garcia entrou com uma ação criminal alegando suspeita de fraude e a Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar o caso e determinou a apreensão de computadores.

AUDIÊNCIA E RISCO DE PRISÃO

A Justiça determinou a realização de uma audiência no dia 27 de agosto para ouvir funcionários da Telemeeting. Sendo constatada a fraude, ainda será preciso que alguém (possivelmente, membros da oposição de Andrés Sanchez) entre com uma ação na Justiça Civil e no Conselho Deliberativo do clube para impugnar o resultado das urnas e anular a eleição. Se isso se concretizar, uma nova votação irá ocorrer.

Atestando as irregularidades, os responsáveis pela Telemeeting podem ser enquadrados no artigo 66 do Código de Defesa do Consumidor, que prevê pena de três meses a um ano de prisão e pagamento de multa. Caso confirme a participação de alguém do clube, essa pessoa também pode sofrer punições e ser expulsa do Corinthians.

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