“Eternamente grato” a Renato, Cristian revela mágoa por afastamento no Timão
“Todo jogador de futebol sabe o quanto é ruim ficar sem treinar, sem jogar, sem fazer o que ama. Não era uma situação muito boa para mim. Me deixava muito triste e também chateava as pessoas que conviviam comigo”.
Cristian, definitivamente, não guarda boas lembranças da sua segunda passagem pelo Corinthians. Contratado com pompa após rescindir com o Fenerbahce, em dezembro de 2014, o volante foi campeão brasileiro no ano seguinte, é verdade, mas nunca jogou como imaginava – foram apenas 44 partidas disputadas em duas temporadas, sendo somente 27 como titular. Para piorar, um afastamento no primeiro semestre de 2017 deixou uma incômoda mancha na relação do jogador com o clube.
Então dono do segundo maior salário do elenco, Cristian foi à imprensa em março e não hesitou em reclamar da diretoria corintiana pela ausência na lista de inscritos para o Campeonato Paulista. Não contente, também se queixou de falta de apoio após o sumiço de sua aliança na pré-temporada nos EUA – em caso que envolveu até a polícia. Como consequência, foi afastado e duramente criticado por Flavio Adauto (diretor de futebol) e Alessandro Nunes (gerente de futebol).
Cristian passou a não ser relacionado para jogos e foi até colocado como opção para reforçar o Guarani na Série B. Foram cinco meses de ócio até que ele fosse emprestado ao Grêmio, semifinalista da Libertadores e perseguidor do Corinthians no Campeonato Brasileiro. “A página já virou”, segundo o jogador, mas não sem antes deixar mágoas – como ele próprio revelou em entrevista exclusiva a André Ranieri que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan.
“Apesar de ser muito competitivo e focado durante os jogos, eu sou um cara muito paciente fora de campo. Para acabar com a minha paciência é um pouco difícil… Eu sou mineiro”, iniciou. “Só digo que não precisava daquele tipo de coisa (afastamento). Não só comigo, mas com qualquer jogador. É muito ruim. Desagradável para o clube e para o jogador. O jogador tem contrato, recebe para trabalhar pelo clube, aí algumas pessoas se acham donas de tudo e fazem as coisas sem pensar. Os prejudicados são o jogador e o próprio clube, que paga por um cara que não vai jogar”, desabafou.
De março a setembro, Cristian treinou em horários alternativos e não foi relacionado para nenhum jogo do Corinthians. A estreia na temporada aconteceu somente no dia 1º de outubro, já pelo Grêmio. O cenário, desolador, deixou o atleta de 34 anos chateado e com o desconfortável sentimento de solidão.
“Quando você está jogando, tudo é lindo, maravilhoso. Mas quando você passa pela situação que eu passei, acaba vendo quem realmente são os seus amigos, quem torce por você de verdade. Eu aprendi na dor, infelizmente. Nesse período, aprendi muitas coisas com a minha família e com os meus amigos. Já era próximo deles, mas me tornei ainda mais para poder me reerguer”, explicou.
Um dos principais “anjos da guarda” de Cristian foi Renato Gaúcho. O técnico do Grêmio se interessou pelo jogador e pediu a contratação dele no fim de agosto. O empréstimo se concretizou poucos dias depois, e Cristian chegou a Porto Alegre cercado de elogios do treinador. Foi o suficiente para elevar a confiança do atleta e resgatar a sua vontade de brilhar no Brasil.
“Sou eternamente grato ao Renato. Passar pelo que eu passei e ele me dar essa oportunidade de jogar por um time grande, com a camisa pesada, depois de muito tempo sem jogar, é muito difícil. Eu sou eternamente grato ao Renato e estou muito feliz por ele ter me dado essa oportunidade. É um dos melhores treinadores com quem trabalhei. Não à toa está fazendo sucesso no Grêmio”, afirmou.
Agora, o jogador, que até pouco tempo atrás estava encostado no CT Joaquim Grava, pode ser campeão da América pela primeira vez na carreira – o Grêmio está na semifinal da Libertadores e já confirmou que irá inscrever o atleta no torneio continental. A oportunidade anima Cristian.
“Deus sabe das coisas. Minha esposa sempre me falava que Deus tinha alguma coisa reservada para mim. Quem sabe não seja o título da Libertadores. Seria inacreditável para quem, há pouco tempo, estava afastado”, definiu o atleta, que tem contrato com o Corinthians até 31 de dezembro. “Eu não gosto muito de ficar pensando no futuro. Gosto de pensar no hoje. Espero fazer um bom trabalho no Grêmio, terminar o ano bem, e depois eu deixo na mão de Deus.”
Carinho pelo Corinthians permanece
Apesar da saída tumultuada, Cristian diz que o Corinthians ainda mora no seu coração. “Eu, particularmente, sou um cara bem resolvido. Não é porque não estou no clube que o carinho acaba. As pessoas vão e o clube continua. É assim que eu penso. O meu carinho pelo Corinthians é eterno. Foi um clube que abriu portas para mim… Não é porque eu não joguei nessa temporada que eu deixei de gostar do clube. O carinho permanece para sempre”, finalizou.
Por questões contratuais, Cristian não estará em campo no jogo entre Corinthians e Grêmio, na próxima quarta-feira, em Itaquera.
A entrevista exclusiva do volante a André Ranieri vai ao ar, na íntegra, no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan. Fique ligado!
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.