Da água para o vinho (ou do vinho para a água?): Jesus fez o que Abel não conseguiria no Flamengo

Alexandre Vidal/Flamengo

1º de junho de 2019! No universo paralelo rubro-negro, esse é o novo Natal. Jorge Jesus nasceu para o Flamengo há pouco mais de cinco meses e já está na galeria de maiores ídolos da história mais do que centenária do clube carioca.

Jorge Jesus chegou e revolucionou não só o Flamengo, como também o futebol brasileiro. Com o português no comando, o Rubro-Negro passou o trator em todo mundo no segundo semestre e está a apenas uma vitória na Libertadores e dois pontos no Campeonato Brasileiro de repetir um feito conquistado apenas pelo Santos de Pelé, em 62 e 63, e enfileiras os dois principais títulos continental e nacional.

JJ já esteve à frente do Flamengo em 33 oportunidades. São 23 vitórias, oito empates e duas derrotas. Aproveitamento de 77,77%. As únicas equipes que conseguiram bater o time do português foram o Emelec, por 2 a 0, no quinto jogo sob o comando do português, e o Bahia, por 3 a 0, na oitava partida do técnico. Desde o dia 4 de agosto, há mais de três meses, o torcedor rubro-negro não sabe o que é amargar uma derrota.

Da água para o vinho (ou do vinho para a água?)

Enfadonho e arrastado! Assim se define o Flamengo de Abel Braga no primeiro semestre. Apesar de conseguir conquistar os resultados, o futebol apresentado irritava os rubro-negros, que exigiam muito mais do que apenas algumas vitórias burocráticas dentro de um fraco Campeonato Carioca.

Olhando os números frios, as marcas de Abel Braga no comando do Flamengo não são ruins. Foram 30 partidas, com 18 vitórias, sete empates e cinco derrotas. Aproveitamento de 67,78%.

Som o comando de Abel Braga, o Rubro-Negro não tomou gols em oito dos 30 jogos. Já com Jorge Jesus, são 14 jogos sem ser vazado, em 33 disputados. O ataque do Fla passou em branco em quatro partidas com Abelão. Já com JJ, o ataque carioca não marcou em três jogos.

Depois de Jesus

Jorge Jesus estreou oficialmente pelo Flamengo no empate em 1 a 1 contra o Athletico Paranaense, no dia 10 de julho, 39 dias após o acerto oficial. A primeira partida do português no Maracanã, que no decorrer dos cinco meses viraria sua casa, foi a goleada em cima do Goiás, por 6 a 1, dando já um gostinho do que seria o Fla nos próximos meses.

Quando completou dois meses de Flamengo, a história de Jorge Jesus no futebol brasileiro poderia ter azedado. No dia 17 de julho, o Fla foi eliminado da Copa do Brasil pelo Athletico Paranaense nos pênaltis. Já no dia 31, JJ encarou o Emelec, no Maracanã, pelo jogo de volta das oitavas de final da Libertadores.

Depois de ser derrotado no Equador por 2 a 0, o Flamengo precisaria reverter o placar jogando em casa. Aos 19 minutos do primeiro tempo, Gabigol já tinha marcado duas vezes e igualado o marcador. Daquele momento em diante, a bola insistiu em não entrar e a vaga foi disputada nos pênaltis. O ponto de virada para JJ e a torcida flamenguista foi marcado naquele dia, com a classificação para as quartas da Liberta e o sonho de repetir 81 aceso.

No dia 25 de agosto, após vencer o Ceará por 3 a 0, o Flamengo assumiu a liderança do Campeonato Brasileiro. De lá para cá, a distância na ponta só aumenta e pode ser consagrada no domingo (24), caso o Palmeiras não vença o Grêmio. Em 1º de setembro, o duelo entre milionários mostrou ao Brasil a diferença entre dinheiro e futebol. O Rubro-Negro atropelou o Palmeiras de Felipão por 3 a 0 e encerrou mais uma passagem do técnico pentacampeão pelo Alviverde.

Em 23 de outubro, o auge. O Flamengo passou por cima do Grêmio em um sonoro 5 a 0 e garantiu classificação para a final da Libertadores.