De investigações de contratos a afastamento de dirigente; entenda as acusações contra o Cruzeiro
O Cruzeiro vive um dos piores momentos institucionais de sua história, com acusações envolvendo dirigentes do clube e investigações policiais. Tudo começou com denúncias feitas pelo Fantástico com relação a inúmeros contratos e planilhas da atual gestão alviceleste. Itair Machado, vice-presidente de futebol afastado, o presidente Wagner Pires de Sá, e Sérgio Nonato, diretor geral do Cruzeiro, são investigados pela Polícia Civil e Ministério Público.
Os dirigentes são acusados de quebrar regras da Fifa, da CBF e do governo federal. Um ponto diz respeito a um contrato com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado que emprestou R$ 2 milhões ao clube e recebeu direitos econômicos de dez jogadores, entre profissionais e da categoria de base, como garantia. Um deles é o jovem Estevão William, de apenas 12 anos. A prática é proibida pela Fifa.
Outra denúncias por parte do grupo de conselheiros e sócios é que o vice de futebol da Raposa, Itair Machado, recebeu no ano passado mais de 4 milhões em remuneração. O dirigente teve depositado em suas contas um total de R$ 4.060.543,45. Os cartolas teriam aumentado de forma sistemática seus salários com aval do presidente do clube.
Polícia na Toca da Raposa
Na última terça-feira (9), a Polícia Civil cumpriu 16 mandatos de busca e apreensão da Operação Primeiro Tempo, em endereços ligados ao Cruzeiro. Foram apreendidos documentos, celulares e computadores. Os policiais foram, inclusive, à sede do clube. Segundo GloboEsporte, o celular do presidente Wagner Pires de Sá foi um dos apreendidos.
Nota da Polícia Civil sobre a operação.
“A Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, por meio do Departamento Estadual de Investigação de Fraudes (DEF) realizou, nesta data, operação policial “PRIMEIRO TEMPO” visando o cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão, tanto em instalações do Cruzeiro quanto em residências e empresas de pessoas ligadas ao clube.
Encontra-se em tramitação no DEF um Inquérito Policial que visa apurar a prática de crimes, em tese, cometidos por dirigentes do Cruzeiro, havendo notícia da prática de falsificação de documentos, apropriação indébita e outros delitos, sendo que a operação “PRIMEIRO TEMPO” pretende reunir nos autos mais elementos necessários à investigação policial.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão foram apreendidos diversos documentos, computadores, celulares e outros equipamentos de interesse para a investigação.
Participaram da operação aproximadamente 100 (cem) policiais civis, dentre delegados, investigadores, escrivães e peritos, além de terem sido utilizadas cerca 30 (trinta) viaturas policiais.”
Perda de pontos
Já na quarta-feira (10), o colunista de “O Globo”, Ancelmo Gois, divulgou que a Fifa determinou que a Raposa perdesse 6 pontos no Campeonato Brasileiro. A punição deve-se à não quitação da contratação de William Bigode – hoje no Palmeiras – no valor de 1,5 milhão de euros (R$ 6,39 mi na cotação atual), em 2014. A dívida refere-se a três parcelas de 500 mil euros, que deveriam ser pagas ao Metalist. Contudo, a quantia seria repassada ao Zorya, dono dos direitos econômicos do atleta.
“Há um processo tramitando na FIFA, do FC Zorya da Ucrânia contra o Cruzeiro Esporte Clube, relativo à transferência do atleta William Bigode. O Cruzeiro EC perdeu a causa em primeira instância, mas, em seguida, entrou com um recurso conseguindo uma liminar que foi aceita pela FIFA e pelo CAS – Corte Arbitral do Esporte. Um novo julgamento será marcado dentro de aproximadamente 10 meses. Segundo nosso advogado internacional, Dr. Breno Tanuri, se houver nova derrota, o Clube terá 90 dias para efetuar o pagamento da dívida. Diante disso, não há nenhuma verdade quando se fala em perda de pontos”, se defendeu em nota o clube.
Afastamento de dirigente
Ainda na quarta-feira, O juiz Octávio de Almeida Neves, da 12ª Câmara Civel de Belo Horizonte, determinou em liminar o afastamento imediado do cargo do vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado. O dirigente ainda tem direito a recorrer na Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
O juiz deu decisão favorável ao agravo de instrumento protocolado por conselheiros e sócios do Cruzeiro. No dia 3 de julho, a juíza Lílian Bastos de Paula, da 22ª Vara Cível de Belo Horizonte, havia indeferido o pedido de afastamento de Itair Machado.
“Defiro a tutela de evidência recursal e afasto imediatamente o agravado Itair Machado de Souza do cargo de Vice-Presidente de Futebol do Cruzeiro Esporte Clube […] Fica impedido de praticar quaisquer atos de gestão inerentes à função no comando do Cruzeiro e de se valer dos poderes outorgados a ele no instrumento de procuração firmado pelo clube”, despachou o juiz.
“O Cruzeiro Esporte Clube informa que, em cumprimento à decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, antes mesmo de ser oficialmente comunicado, já providenciou o afastamento do Vice-Presidente de Futebol, Itair Machado. Itair esteve nesta manhã, na Sede Administrativa do Clube, para repassar pendências relativas ao exercício das suas funções e demais providências administrativas”, escreveu o clube.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.