“Diário de Anne Frank” será lido em jogos após antissemitismo da torcida da Lazio

  • Por Estadão Conteúdo
  • 24/10/2017 12h34
SEBASTIEN NOGIER / EFE Torcida da Lazio é acusada de antissemitismo

A Federação Italiana de Futebol (FIGC, na sigla em inglês) anunciou nesta terça-feira (24) que um trecho do “Diário de Anne Frank” vai ser lido antes das partidas pelas competições nacionais nesta semana para condenar os atos de antissemitismo de torcedores da Lazio e para manter vivas as memórias do Holocausto.

A FIGC também explicou que um minuto de silêncio será realizado nos jogos das três primeiras divisões do futebol italiano nesta semana, além de partidas amadoras e das divisões de base. A ação da federação se dá após torcedores da Lazio afixarem em um setor do Estádio Olímpico imagens de Anne Frank, autora do diário e que foi uma das vítimas do Holocausto, com uma camisa da Roma, o clube rival.

“Vejo o mundo ser lentamente transformado em uma região selvagem, eu ouço o trovão que, um dia, nos destruirá também, sinto o sofrimento de milhões. E, no entanto, quando olho para o céu, eu, de alguma forma, sinto que tudo mudará para melhor, que essa crueldade também deve terminar, que a paz e a tranquilidade retornarão mais uma vez”, afirma o trecho do diário que vai ser lido.

O comportamento dos torcedores Lazio repercutiu para além do mundo esportivo, com forte condenação de autoridades políticas. Foi o caso do chefe do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani. “Usar a imagem de Anne Frank como um insulto contra os outros é um assunto muito grave”, declarou.

As imagens de Anne Frank com a camisa da Roma foram afixadas após o jogo entre Lazio e Cagliari na Curva Nord, setor do Estádio Olímpico que estava interditado nessa partida por causa de manifestações racistas da torcida – o time ainda tem um jogo da pena para cumprir.

O primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, alertou para que os atos dos torcedores da Lazio não sejam subestimados. “É inacreditável, inaceitável e não pode ser minimizado”, disse.

Diante da repercussão do ato, o presidente da Lazio, Claudio Lotito, visitou uma sinagoga nesta terça-feira e prometeu que o clube vai promover uma nova campanha de educação ao antissemitismo. Ele tentou dissociar a equipe da ação do grupo de torcedores e também anunciou que a Lazio organizará uma viagem anual para o campo de concentração de Auschwitz com cerca de 200 jovens torcedores para “educá-los para não esquecerem”.

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