Diniz abre o jogo, reclama de “histeria” e diz que saiu do Atlético-PR com convicções fortalecidas
Quando o assunto é Fernando Diniz, não existe meio-termo. Genioso, o técnico que ganhou projeção nacional por comandar o Grêmio Osasco Audax ao vice-campeonato paulista em 2016 com um futebol vistoso, de toque de bola e quase nenhum chutão, desperta amor e ódio na mesma medida. Há, de um lado, os que defendem o “estudioso”, “ousado” e “revolucionário” treinador, enquanto, de outro, tem quem diga que ele não passa de um profissional “lunático”, “teimoso” e “arrogante”.
O capítulo mais recente da “novela Fernando Diniz” aconteceu no Atlético-PR. E se encerrou há um mês, com demissão precoce após somente seis meses de trabalho. Houve momentos de brilho, é verdade, como as atuações contra o São Paulo na Copa do Brasil e diante do Newell’s Old Boys pela Sul-Americana, mas a marca final da passagem de Diniz pelo Furacão foi a de um time errático, desorganizado e fácil de ser batido – foram apenas cinco vitórias em 21 jogos e a demissão na penúltima posição do Campeonato Brasileiro.
Exatamente 30 dias depois de deixar o cargo, o treinador que mais divide opiniões no futebol brasileiro topou abriu o jogo sobre a primeira experiência em um clube de elite. Em entrevista exclusiva a Flávio Prado que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan, Fernando Diniz analisou os altos e baixos de sua passagem pelo Atlético-PR, reclamou de uma “histeria alimentada pela imprensa” tanto nos bons quanto nos maus momentos e avisou: as críticas não o farão mudar o jeito de trabalhar – pelo contrário, só fortaleceram as suas convicções.
Veja os principais trechos da entrevista abaixo!
Balanço da passagem pelo Atlético-PR
“A ida ao Atlético-PR só fez a minha carreira avançar. Foi uma experiência muito positiva. Eu enriqueci em todos os sentidos. O que fica foi que, com pouco tempo, em dois meses, o time já estava jogando de uma maneira em que conseguia ser competitivo, mesmo tendo um orçamento inferior, contra qualquer equipe do Brasil. Teve um momento brilhante, logo no início do trabalho, e, depois, acho que porque não estávamos preparados para esse momento, teve um período de queda muito aguda. Foi uma experiência muito válida.”
Queda repentina de desempenho
“Houve alguns resultados ruins, principalmente no mês de maio. Foi um mês em que tivemos muitos jogos em sequência… Como aqui no Brasil reage-se muito em função do resultado, criou-se uma histeria, alimentada pela imprensa, que ia para a torcida e acabou atingindo a confiança do próprio time. Pegamos um viés de baixa que, acredito eu, a gente conseguiria dar uma retomada durante a parada para a Copa.”
“8 ou 80” prejudica
“A gente teve um momento muito bom muito rápido. E, aí, pelo fato de jogarmos de um jeito diferente, repercutiu positivamente de uma maneira acima daquilo que tinha de repercutir naquele momento. A gente não estava jogando tão bem assim, não havíamos conquistado nada… Porém, como o fator externo reagiu de uma maneira positiva muito aguda, a gente, como um time, se perdeu um pouco. A gente se fragilizou, e, todas as vezes em que os adversários iam nos enfrentar, eles jogavam com uma aplicação tática maior do que em outras partidas. A gente acabou fortalecendo os rivais, essa repercussão… Em um segundo momento, quando a coisa começou a degringolar em termos de resultados, a crítica também veio de maneira aguda, e a gente também se fragilizou.”
Convicções fortalecidas
“A minha convicção está muito mais profunda. Às vezes, o que as pessoas falam em termos de críticas só faz a raiz ir mais para baixo, a convicção ficar mais forte… E é o que está acontecendo nesse momento. O que a gente tem de fazer são ajustes e melhorar o time. O time sempre tem muita coisa para melhorar. Mas as pessoas muitas vezes batem naquilo que está dando mais certo.”
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