Dissidente do grupo de Andrés, Ezabella promete saída de Odebrecht da gestão da Arena
Candidato mais novo à eleição do Corinthians, Felipe Ezabella, de 39 anos, lidera uma das chapas dissidentes do grupo de Andrés Sanchez, que comanda o Alvinegro há mais de uma década. O “Corinthians Grande” defende o profissionalismo da diretoria, a separação da administração do clube e do futebol e pretende tirar a Odebrecht, construtora responsável por erguer a Arena em Itaquera, da gestão do estádio.
Ezabella fez parte da chapa de Andrés Sanchez em 2007 e chegou a ocupar o cargo de vice-presidente de esportes terrestres por dois anos, mas deixou o grupo por não concordar mais com os rumos que o grupo do ex-presidente tomou durante os mandatos.
“A relação (com Andrés Sanchez) é boa, o clube é um lugar de convívio social, então a gente se encontra. Claro que existem as rusgas de campanha, porque cada um tem a sua opinião, mas, pelo menos da minha parte, não há nenhum desentendimento. Quanto a minha saída da diretoria, o problema foi o desgaste. Desde o momento em que a gente aceitou fazer parte de um grupo chamado ‘renovação e transparência’, a gente procurou seguir a linha que o grupo preconizava. Um exemplo é que o clube é obrigado por estatuto a publicar seus balancetes mensais no site e o clube não publica já faz tempo. Não foi por conta de um ponto específico, minha saída se deu pelo desgaste”, declarou o candidato em entrevista exclusiva ao programa Esporte em Discussão nesta terça-feira (9).
Para Felipe, um dos exemplos desta falta de transparência foi a recente venda de Jô ao futebol japonês. Oficialmente, o artilheiro do Brasileirão de 2017 foi vendido pelo valor de R$ 43 milhões, porém o candidato questiona quanto desta quantia estará nos cofres do Corinthians em 2018.
“O Jô foi vendido agora e estão falando em 11 milhões de euros. Eu quero saber quanto vai ficar para o clube, quanto que vai ser pago de comissão. Hoje teve a notícia do Mendoza (vendido ao futebol francês), quanto que vai ficar? Não tenho problemas com agentes, mas eu e os corintianos queremos saber os valores. Por isso acho que esta não é uma gestão transparente. Com o estádio também, desde o começo se prometeu falar quanto custou, quais as contas, as despesas. Não tem informação nenhuma. O Conselho Deliberativo chegou a pensar em entrar uma ação contra a diretoria para ter acessos a esses documentos”, declarou Ezabella.
Arena Corinthians – Tida como impagável, a dívida da Arena Corinthians é um dos maiores problemas que serão herdados pelo próximo presidente alvinegro. Para Ezabella, a saída para resolver esta questão passa pela exclusão da construtora Odebrecht da gestão da Arena.
“Talvez só o candidato da situação, ou o vice do Paulo Garcia (Emerson Piovesan) que era diretor financeiro, saibam 100% do que é a dívida da Arena. A gente entende que ela é maravilhosa e que ela é a solução e não o nosso problema. Mas temos que desatar o nó financeiro com a Caixa e uma das premissas que me diferencia muito dos outros candidatos é que não quero trabalhar com a Odebrecht. Respeito, é uma empresa que daqui a pouco volta a estar entre as maiores e melhores, com todos os seus problemas resolvidos, mas na minha gestão eu não pretendo trabalhar com eles. Vai ser fácil? Eu não sei, provavelmente não, mas eu quero tentar arranjar uma solução rápida para que a Odebrecht saia. Nossa associação com eles hoje mais atrapalha do que ajuda”, afirmou o candidato, que também expôs quais as suas propostas para fazer o estádio lucrar mesmo nos dias sem jogos.
“Aquilo foi usado para ser usado 364 dias por ano e nós usamos nos 40 dias de jogos. Agora tem o tour, mas o estacionamento fechado, sem fluxo de pessoas, você não consegue alugar os camarotes, não tem uma farmácia, um hipermercado, falou-se de ter uma universidade, enfim, é preciso botar aquilo para funcionar todos os dias e assim gerar receita para pagar o nó financeiro”.
A eleição do Corinthians será no dia 3 de fevereiro e, além de Felipe Ezabella e Andrés Sanchez, também concorrem ao cargo Antonio Roque Citadini, Romeu Tuma Júnior e Paulo Garcia.
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