Ex-presidente do Flamengo relembra ‘corte na carne’ para equilibrar finanças

  • Por Jovem Pan
  • 27/11/2019 11h52
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André Mello Andrade/ Estadão Conteúdo Eduardo Bandeira de Mello, Flamengo Bandeira de Mello é ex-presidente do Flamengo

Campeão da Copa Libertadores e do Brasileirão, o Flamengo celebrou duas grandes conquistas no mesmo final de semana após passar anos sem conquistas de peso no cenário nacional e internacional. O período sem maior brilho coincidiu com a presidência de Eduardo Bandeira de Mello, que comandou o clube entre 2013 e 2018. Em entrevista ao “Estadão”, o ex-dirigente do Fla disse que o principal foco da sua gestão foi reequilibrar as finanças. Ou, como ele mesmo diz, “cortar na carne”.

Foram diversos ajustes financeiros: renegociação e pagamento de dívidas, cortes de gastos principalmente no departamento de futebol e investimento maior na infraestrutura do clube do que em reforços. Um caso logo no primeiro mês da gestão Bandeira de Mello exemplifica o planejamento daquela diretoria: o Flamengo abriu mão do atacante Vagner Love, que retornou ao CSKA, da Rússia.

Bandeira de Mello recordou os sacrifícios que teve de fazer e mostrou-se orgulhoso por hoje o clube poder gastar quase R$ 200 milhões apenas em contratações. No fim do ano passado, ele não conseguiu eleger o candidato de sua chapa, Ricardo Lomba, e atualmente é rompido com a atual diretoria encabeçada por Rodolfo Landim.

“Pegamos um clube desacreditado e sem credibilidade. Entendemos que o caminho para a recuperação era equilibrar o clube financeiramente. No meu discurso de posse, eu disse que precisávamos equacionar os passivos financeiro, ético e moral. Claro que teve gente impaciente, até mesmo na imprensa, que criticava bastante e falava que tinha que ganhar título imediatamente, mas a maioria da torcida compreendeu e estamos colhendo frutos”, afirmou Bandeira de Mello.

“Tivemos de cortar na carne. Com duas semanas de gestão, mandamos o Love embora. Trabalhamos com um time modesto no início, algo que era necessário. Mas fomos melhorando ao longo dos anos e o time passou a ter mais resultado em campo, foi para a Libertadores. Passamos a investir mais, como nos casos de Guerrero, Diego, Everton Ribeiro e Vitinho. No fim do ano passado, o clube já estava com uma situação financeira confortável para fazer os investimentos desta temporada”, acrescentou o ex-presidente.

Com Bandeira de Mello, o Flamengo conseguiu o título da Copa do Brasil de 2013 e três troféus do Campeonato Carioca. Ele admitiu que teve erros durante sua gestão, mas acredita que tomou mais atitudes positivas para o clube. “Todo mundo erra, como aconteceu algumas vezes, de trocar de técnico ou não, por exemplo. Mas, de uma maneira geral, tenho muito orgulho da minha gestão. Fizemos uma revolução financeira e estrutural. Houve muita disposição para fazer sacrifícios, sem pensar em questões políticas”, disse.

OVACIONADO POR TORCIDA E SEM RELAÇÃO COM DIRETORIA 

Como torcedor, Bandeira de Mello viajou a Lima, no Peru, para assistir à final da Libertadores contra o River Plate, da Argentina. Ele foi ovacionado pelos torcedores no estádio. Com a atual diretoria, porém, a relação não é assim. O ex-presidente não tem contato com Rodolfo Landim. Neste ano, Bandeira de Mello foi acusado de ter interferido nas eleições e poderia ter sido expulso do clube, mas foi absolvido pelo Conselho de Administração.

“Foi uma experiência como torcedor, como várias outras que tive. Agora, voltei para a arquibancada. A torcida é extremamente carinhosa comigo, não tenho nada a reclamar, só tenho a agradecer”, disse Bandeira de Mello, que explicou por que teve de pagar ingresso para a decisão da Libertadores, algo que viralizou entre torcedores nas redes sociais. “Eu nem pedi. Eles tentaram me expulsar do clube, como que iam me dar ingresso?”, questionou.

Com o título da Libertadores, Bandeira de Mello agora pensa em ir ao Catar para acompanhar o Mundial de Clubes da Fifa, em dezembro. “Ainda não está sacramentado, mas acho que eu vou, sim ”

SEM DETALHES SOBRE TRAGÉDIA

O Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, foi construído durante a gestão de Bandeira de Mello. O ex-presidente foi indiciado por dolo eventual por causa do incêndio no alojamento da base que matou dez garotos. Ele evitou entrar em detalhes sobre o processo, mas disse que confia que provará sua inocência.

“Não gosto de entrar nesses detalhes em respeito à Justiça, mas tenho certeza de que tudo vai se resolver, já examinamos tudo do processo. É uma situação muito triste, mas claro que não se compara à tristeza da tragédia”, afirmou.

Questionado se o clube deveria indenizar os familiares mais rapidamente, Bandeira de Mello fez uma cobrança. Até agora, das dez vítimas, foram realizados quatro acordos. “Isso eu não estou acompanhando, mas acho que o clube tem que zelar pela sua imagem e responsabilidade”, opinou.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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