Futebol e Melodia: os gols que saíram dos gramados para virar música

  • Por Jovem Pan
  • 14/09/2015 22h12
Montagem sobre Folhapress/WikiMedia Commons Jorge Ben Jor se inspirou em gol de Fio Maravilha

Quando um time pratica um futebol bonito, vistoso, “orquestrado”, é comum dizer que este time “joga por música”. A música inspira o futebol, mas a recíproca também é verdadeira: o futebol inspira a música e é responsável por grandes canções que fizeram sucesso no Brasil e no mundo. Algumas dessas canções a Rádio Jovem Pan relembra no segundo episódio da série “Futebol e Melodia”, produzida por André Ranieri.

Talvez poucos saibam quem foi João Batista de Sales, que defendeu o Flamengo nos anos 1970. No entanto, todos sabem como foi um de seus gols, um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa. Jorge Ben Jor compôs uma canção para homenagear a bela jogada que João, apelidado de Fio Maravilha, fez diante do Benfica em 1972 pelo Torneio Internacional de Verão do Rio de Janeiro.

“É uma música muito bonita, o Jorge, como sempre, trabalhou muito bem, contando realmente o que aconteceu em campo. A jogada iniciou alguns minutos depois que entrei em campo. Recebi a bola na intermediária do Flamengo, toquei na ponta direita para o Rogério, que me devolveu já no campo do Benfica, e o que aconteceu foi o que o Jorge disse: consegui dar um drible em dois zagueiros sem muito esforço, fiquei cara a cara com o goleiro, ele saiu, eu simplesmente passei por ele e toquei para o fundo da rede, que era o mais fácil a fazer”, conta Fio. Posteriormente, ele entrou na Justiça para ficar com parte dos direitos autorais da canção, o que levou Jorge Ben Jor a cantar “Filho Maravilha” em seus shows. No entanto, em 2009 João Batista de Sales desistiu do processo.

Outro “muso” inspirador de uma música foi José Ribamar de Oliveira, o Canhoteiro, ponta esquerda ídolo do São Paulo nos anos 1950, considerado por Pelé uma de suas inspirações. Em 415 partidas pelo Tricolor, anotou 103 gols. Pela Seleção Brasileira disputou 16 partida, mas ficou de fora da Copa do Mundo de 1958 para dar lugar a Zagallo de última hora.

“Canhoteiro foi um excepcional ponta esquerda. Era muito inteligente para jogar, na bandeirinha de corner ele driblava dois ou três. Jogador de muita qualidade, mas muito desligado. Acabou, mesmo com toda a qualidade, deixando que eu e Zagallo fossemos os ponteiros convocados para a Seleção. Mas seguramente está entre os dez melhores ponteiros esquerdos do Brasil de todos os tempos”, relembra Pepe, ídolo do Santos e contemporâneo do craque que deu origem à música “Canhoteiro”, de Fagner e Zeca Baleiro.

O Trio Esperança também usou um gol histórico de Paulo César Lima, o Paulo César Caju, para fazer música e compôs “Replay” em homenagem ao gol de falta na final da Taça Guanabara de 1972 contra o Vasco. “Era um jogo duríssimo, Maracanã lotado, mais de 150 mil pessoas, e teve uma falta na entrada da área. Só dei um leve toquinho na mesma direção do Andrada, que era um dos melhores goleiros do país, e nós fomos campeões. Como o Trio Esperança são rubro-negros e amigos meus, eles compuseram uma música para mim, uma homenagem belíssima que ficou marcada na minha vida e na minha carreira”.

O refrão da música, “É gol, que felicidade! É gol, o meu time é a alegria da cidade”, virou tema dos gols nas narrações da Rádio Jovem Pan.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.