Após mais polêmicas do que vitórias, Neymar vai em busca do tempo perdido no PSG
O certo é que o esforço do PSG para badalar Neymar um ano depois de sua chegada a Paris não diminuiu nem um pouco. Na sexta-feira (3), as contas do PSG no Twitter e demais redes sociais divulgaram um vídeo com ares de superprodução em que o clube celebra o primeiro aniversário da contratação que chacoalhou o esporte. Nas imagens, o brasileiro aparece chegando em jato privado, sendo acolhido pela direção no interior do Parque dos Príncipes, comparecendo diante da imprensa, sendo homenageado pelas luzes da Torre Eiffel e aclamado pela massa de fãs incondicionais, que sonhavam com ex-astro do Barcelona, seguido da mensagem #NJRxPSG1Yeartoday.
O curioso é que, para grande parte dos fãs, a equação entre o craque e a torcida na primeira temporada de fato não foi uma adição, mas sim Neymar versus PSG, como sugere o slogan. O princípio de desamor começou com o “pênaltigate”, o caso de desentendimento com Cavani sobre quem teria o status de cobrador oficial – antes privilégio do uruguaio. A balança já pesou em desfavor do brasileiro. Depois veio um primeiro jogo contra o Real Madrid nas oitavas de final da Liga dos Campeões, na qual quem brilhou foi Cristiano Ronaldo.
Seguiu-se a torção no tornozelo e a fratura no pé em um duelo com o Olympique de Marselha, que o tirou do segundo jogo contra os madrilenhos, ampliando a decepção dos parisienses. Os três meses de recuperação e fisioterapia no Brasil, longe dos torcedores e do grupo do PSG, mostraram um Neymar distante, pouco interessado em contribuir para o espírito do time e mais voltado às partidas de pôquer com os “parças” do que com os jogos finais da temporada. E então começou sua descida ao inferno. A eliminação na Copa do Mundo, com desempenho desastroso para sua imagem, a série de piadas que viralizaram pelo mundo, o vídeo de mea-culpa publicitário e sem alma.
Um mês depois da eliminação, Neymar reapareceu com o grupo na China para a disputa da Supercopa da França, disputada contra o Monaco. Se sua chegada foi notícia no mundo do esporte, a ausência do novo astro do PSG, Kylian Mbappé, ajudou a fazer com que os holofotes tivessem apenas uma direção. Mas na França poucos profissionais do futebol têm dúvidas de que a temporada precisa ser de recuperação para Neymar.
Para Jean-Michel Aulas, dirigente histórico e presidente do Lyon, a questão será se Neymar e Mbappé poderão conviver. “Em Paris, Neymar quer ser o número 1 incontestável e que os outros jogadores o considerem como tal. Mas há muitos bons jogadores em Paris e em especial um certo campeão do mundo que talvez vá ganhar a Bola de Ouro”, ponderou o dirigente, em entrevista ao L’Equipe.
Mbappé assegura que, de seu lado, não haverá rivalidade. “Nossa relação é de respeito e admiração recíprocas. Ele me disse que estava muito contente por mim, e eu acredito, porque ele é um cara legal”, afirmou à revista France Football.
O certo é que Neymar tem diante de si a necessidade de reconstruir a imagem como profissional, mostrando estar mais comprometido com o esporte, do que com o marketing pessoal. E essa reconstrução se dará em um momento delicado da equipe, com a chegada do alemão Thomas Tuchel – uma incógnita.
Se do ponto de vista esportivo, o apoio dos torcedores caiu, a imagem de Neymar continua a ser uma vantagem para o PSG como negócio. Desde que chegou, o clube parisiense aumentou sua receita em merchandising em 78%, e não para de assinar novos, e mais vantajosos contratos de patrocínio. O craque continua a ser um combustível para a marca, que multiplicou o número de fãs na Ásia por quatro. “Em termos de popularidade, Neymar está próximo de Ronaldo e supera Messi nessa região do mundo”, diz Sébastian Wasels, diretor de desenvolvimento do PSG.
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