Campeão de (quase) tudo: por que o PSG não conseguiu vencer a Champions

  • Por Renato Barcellos/Jovem Pan
  • 10/05/2018 15h38 - Atualizado em 10/05/2018 15h45
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Reprodução/Twitter Reprodução / Twitter Liga dos Campeões é o principal foco do time desde que foi comprado pelo catariano Nasser Al-Khelaïfi em 2011.

A temporada do futebol europeu vai chegando ao fim e o PSG venceu todos os campeonatos que disputou, menos seu principal foco: a Liga dos Campeões. Objetivo desde que o time foi comprado pelo catariano Nasser Al-Khelaïfi em 2011, o sonho este ano foi interrompido nas oitavas de final, após eliminação para o Real Madrid.

A Jovem Pan reuniu alguns pontos que adiaram o tão sonhado título da Liga dos Campeões.

Contratações

Mesmo com Ángel Di María e Edinson Cavani, o PSG abriu o cofre e trouxe para o ataque Neymar Jr do Barcelona, pelo valor de R$ 810 milhões, e Kylian Mbappé, revelação do Monaco, que chegou por empréstimo e com o preço de compra fixado em R$ 678,5 milhões.

O meio de campo perdeu Blaise Matuidi, mas excelentes nomes como Thiago Motta, Marco Verratti, Giovani Lo Celso, Javier Pastore e Adrien Rabiot seguiram no time.

Mas o reforço na parte ofensiva, a defesa deixou um pouco a desejar. Chegou Daniel Alves, é verdade, mas eram apenas três zagueiros na equipe, desde 2016: Thiago Silva, Marquinhos e Presnel Kimpembe. Com as frequentes barradas do técnico Unai Emery ao ex-capitão da Seleção Brasileira, quem ganhou espaço foi o inexperiente Kimpembe.

Unai Emery

Após boas campanhas com o Sevilla, Unai Emery deixou a Espanha e chegou ao PSG em 2016. Na primeira temporada, venceu a Supercopa da França, a Copa da Liga Francesa e a Copa da França. Entretanto, ficou em segundo no Campeonato Francês e foi eliminado nas oitavas de final da Liga dos Campeões pelo Barcelona. Após abrir 4 a 0 no Parque dos Príncipes, o time de Paris foi até o Camp Nou e perdeu de 6 a 1 com direito a show de Neymar.

Mesmo após a derrota histórica, a diretoria confiou no trabalho do técnico e bancou a permanência. O time que já tinha estrelas se transformou em uma constelação com as contratações da temporada, e “dominar” o elenco foi uma das dificuldades do treinador, que se mostrou sem pulso e ficou em cima do muro durante as brigas entre Neymar e Cavani, por exemplo. Emery também se desentendia frequentemente com Thiago Silva: mesmo com poucas peças, sacou o defensor de diversas partidas e até cogitou mandá-lo embora.

As alterações durante as partidas também foram pontos questionáveis. A principal delas foi justamente na primeira partida contra o Real Madrid pelas oitavas de final da Liga dos Campeões. Jogando em casa e com o time superior na partida, sacou Cavani e colocou o lateral direito belga Thomas Meunier. Com o recuo do PSG, os merengues cresceram e viraram a partida, levando uma boa vantagem para o Parque dos Príncipes. No segundo jogo, em Paris, não substituiu Verratti, que foi expulso no meio do segundo tempo, quando os parisienses ainda tinham uma pequena chance de se classificar.

Neymar x Cavani

Desde que chegou a Paris, Neymar tentou se tornar o “dono” do time, já que não tinha espaço para isso no Barça. No clube catalão, o craque brasileiro dividia as penalidades com Lionel Messi e Luis Suárez. Nas cobranças de falta, ficava atrás apenas do argentino.

Cavani, que soube esperar a saída de Zlatan Ibrahimovic para assumir o posto de principal jogador do time, não abriu mão das cobranças, mas Neymar não gostou. Na partida contra o Toulouse, o brasileiro pediu para bater a penalidade e o uruguaio negou. Depois, nos pênaltis contra Saint-Étienne e Celtic, Neymar nem se manifestou.

Mas foi na vitória contra o Lyon por 2 a 0 que o clima esquentou. Em uma falta próxima da área, Daniel Alves “escondeu” a bola de Cavani para Neymar efetuar a cobrança. Mais tarde, na mesma partida, em outro pênalti, o Neymar tentou novamente para bater e ouviu outro “não”. Visivelmente incomodado, Cavani errou a batida.

Após esse episódio, ficou nítida a “Guerra Fria” entre brasileiros e o resto do mundo que acontecia no vestiário parisiense. O único que tentou apaziguar os ânimos foi Thiago Silva, que frequentemente batia de frente com Emery.

Vale lembrar que em 2010 Neymar, que atuava no Santos, já havia se desentendido com Dorival Jr por conta de um pênalti. O técnico santista designou outro jogador para efetuar a cobrança. O jovem de 18 anos, na época, desobedeceu às ordens do comandante e até chegou a insultá-lo.

Lesão de Neymar

Se a situação não era fácil após perder para o Real Madrid na partida de ida pelas oitavas de final da Liga do Campeões, ficou ainda mais crítica sem Neymar, que sofreu uma fissura no quinto metatarso do pé direito e ainda torceu a região ântero-externa do tornozelo durante a vitória sobre o Olympique de Marselha, pelo Campeonato Francês. O PSG não pode contar com o craque para a partida de volta e perdeu muito na parte ofensiva.

Se nos outros campeonatos Neymar não fez falta, não podemos dizer o mesmo na Liga dos Campeões.

Novos Ricos

Desde que foi comprado por Nasser Al-Khelaïfi, em 2011, e se tornou um dos clubes mais ricos do mundo, o Paris Saint-Germain teve seis chances, mas sequer chegou perto de concretizar o seu principal objetivo: conquistar o título da Liga dos Campeões da Europa.

Desde a temporada 2011/12, em que não participou do maior torneio de clubes do mundo, a equipe de Paris nunca passou das quartas de final da Champions. O detalhe é que, neste período, o PSG gastou mais de R$ 3 bilhões em reforços.

Com isso, a melhor campanha do clube fundado em 1970 segue sendo a da temporada 1994/95, quando caiu para o Milan na semifinal. Naquela época, porém, o PSG ainda não aparecia com força na lista dos clubes mais ricos do mundo.

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