Como o Liverpool deve atacar e como pode o Real Madrid se defender
KIEV – O melhor ataque da fase de grupos e também até a final na Ucrânia é o melhor da história da Champions: 3,2 gols por jogo (ajudando a edição deste ano a ter a melhor média de todos os tempos – exatamente a do tridente infernal).
Liverpool que pôde prescindir do talento de P. Coutinho em dezembro e ainda assim continuar sendo letal como a melhor fase da carreira dos três de frente. Salah está jogando uma bola e marcando os gols que ele não sabia que fazia. Mané também está anotando todos os gols que ele perdia com a mesma facilidade com que criava as chances pela sua velocidade. Firmino faz, passa, cria, se movimenta, ajuda atrás. É o segundo atleta que mais correu na Liga – mas sabendo o que fazia. É o segundo assistente também. Os três não param de atacar e também contragolpear. Ainda ajudando no bote mais à frente, e com dinâmica e troca de posições notáveis. Mérito deles de elevar ao máximo as ideias e treinos de Jurgen Klopp e levar o Liverpool até aqui.
Justo contra o time campeão de tudo. E que segue com seu pacto com o tinhoso. Também com desempenho devastador no contragolpe o Madrid. O Pitaco do Guffo fez as contas. É um bicampeão que praticamente tem o mesmo número de contra-ataques que o Liverpool (16 x 18). Finaliza em média a mesma coisa nessas ações. Os gols são praticamente na mesma proporção na temporada. São 28% deles dos merengues assim, 29% dos vermelhos, também. Seria ainda melhor e mais ofensivo com P.Coutinho o time de Kloppão da massa. Mas a segurança que Van Dijk deu atrás desde janeiro, e a fase de Milner que merecidamente ganhou um lugar no meio-campo (9 assistências, o maior número da história do torneio) sustentam um time que joga em um 4-3-3 de muita verticalidade, velocidade e técnica. Marcando à frente na intensidade kloppiana que tanto encanta a Kop. Recuperando e sabendo o que fazer com a bola com esse Liverpool que ataca e contragolpeia como se não houvesse amanhã. Ainda mais perigoso pela instabilidade defensiva do Real Madrid. Navas merece mais crédito do que tem recebido.
Cresce – como o time bicampeão – nos momentos decisivos, como negou ao Bayern no Bernabéu. Carvajal é dos melhores laterais-direitos do mundo (embora venha de inatividade em um mês parado). Varane sabe muito para alguém com apenas 25 anos. Busca sua quarta liga europeia. Sérgio Ramos é dos maiores e mais decisivos zagueiros da história. Marcelo está cada vez melhor com a bola na frente. Mas todos, sem exceção, defensivamente têm coletivamente jogado menos. Também porque a turma do meio não tem dado o suporte necessário. A bola explode no lado de Marcelo. Justo onde começam as soluções ofensivas do Liverpool.
Salah parte a partir dali. Com a canhota iluminada corta por dentro. E cria todo o barulho possível. Para Marcelo ou qualquer outro. Pela característica do excelente brasileiro, Salah deve repetir o que fez contra a Roma no Olímpico: ajudará menos Alexander-Arnold na contenção ao próprio Marcelo, e tentará jogar às costas dele como fez na de Kolarov. Tipo “uma minha, outra sua”. E que vença o melhor! E qual deles é o melhor? Se sou Zizou, seguro um tanto mais Marcelo. Se sou Klopp, deixo Salah solto na frente, e exijo mais e melhor cobertura de Wjnaldum (minha opção pela direita do trio da intermediária inglesa.
Esse duelo de altíssimo pode definir o grande vencedor daquele jogo que Zizou definiu: é o adversário mais difícil do que o Atlético de Madrid de 2016 e do que a Juventus de 2017.
Será?
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