Da ausência de CR7 ao estilo do time: as razões da crise que fez o Real demitir Lopetegui

  • Por Jovem Pan
  • 29/10/2018 18h03 - Atualizado em 29/10/2018 18h27
Toni Albir/EFE O espanhol Julen Lopetegui foi demitido do comando técnico do Real Madrid após a derrota por 5 a 1 para o Barcelona no Camp Nou

Durou menos de cinco meses a passagem de Julen Lopetegui pelo Real Madrid. O técnico que deixou a seleção espanhola às vésperas da Copa do Mundo para assumir o time mais vencedor do planeta não entregou aquilo que se esperava e perdeu o emprego após somente 14 jogos.

A equipe merengue soma seis vitórias, dois empates e seis derrotas na temporada, ocupa a nona colocação do Campeonato Espanhol – a sete pontos do líder, Barcelona – e não vence há cinco rodadas pela competição nacional – neste período, sofreu 11 gols, marcou apenas dois e foi derrotada por 5 a 1 pelo maior rival no Camp Nou.

O que explica a queda de rendimento do time que, há seis meses, fazia história e faturava o tricampeonato consecutivo da Liga dos Campeões da Europa? A Jovem Pan listou abaixo!

Saída de CR7

A venda de Cristiano Ronaldo à Juventus rendeu 100 milhões de euros aos cofres do Real Madrid, mas deixou, no Santiago Bernabéu, uma lacuna difícil de ser preenchida. Maior artilheiro da história do clube, o português era não só o principal jogador do time, como também o líder técnico, físico e emocional de um núcleo que ganhou quatro títulos continentais em cinco anos.

“O Cristiano era não só a referência técnica, mas a referência emocional do Real Madrid. Ele era aquele cara que fazia gol e resolvia quando o time estava mal. É o maior artilheiro da história do clube, tem uma personalidade forte, ocupava um papel de liderança dentro do vestiário e era muito respeitado por companheiros e adversários. Isso faz muita falta”, analisou o comentarista Bruno Prado, da Rádio Jovem Pan.

Quem chama a responsabilidade?

A saída de CR7 abriu um questionamento no Real Madrid: quem assumiria o protagonismo de um time acostumado a contar com grandes estrelas? A resposta ainda não apareceu. Os capitães Sérgio Ramos e Marcelo são líderes importantes, mas exercem funções defensivas. Luka Modric, Toni Kroos e Karim Benzema, por sua vez, sempre se destacaram mais como coadjuvantes do que como atores principais. Já Bale, Isco e Asensio ainda não se mostraram preparados para chamar a responsabilidade.

“Três jogadores dos quais se esperavam muito após a saída do Cristiano não estão rendendo: Bale, Asensio e Isco. Do Bale eu não esperava muito. Por questões físicas, mesmo. Ele sofre muitas lesões e dificilmente consegue engatar uma sequência. Já Asensio e Isco são jovens, mas talvez não estejam prontos para assumir o protagonismo de um clube do tamanho do Real Madrid”, afirmou Bruno Prado.

“O Asensio é muito bom, habilidoso, mas, por algum motivo, não consegue dar tudo de si nos jogos. Parece que não é tão bem preparado emocionalmente. Já o Isco é tecnicamente brilhante, mas, pela personalidade, talvez se sinta mais confortável ocupando um papel de coadjuvante. Ele se sentia mais à vontade tendo um cara como o Cristiano do lado”, acrescentou o comentarista.

Adeus de Zidane

Tricampeão europeu em seus três primeiros anos como técnico profissional, Zinédine Zidane optou por deixar o Real Madrid em maio e tem feito muita falta. Apesar de novato, o francês, na visão, de Bruno Prado, preenchia os requisitos básicos de um técnico do clube merengue.

“Se você pegar o histórico, o estilo de técnico do Real Madrid é muito próximo do estilo do Zidane. Aquele cara com nome forte, que tem um peso enorme e é um conciliador. O Lopetegui, nesse momento de crise, não teve peso para contornar a pressão. O próprio Rafael Benítez, que é mais famoso que o Lopetegui, durou pouco no Real antes do Zidane”, explicou.

Zidane

Estilo do time

O Real Madrid multicampeão de Zidane não era brilhante, mas tinha na consistência defensiva, eficiência ofensiva e capacidade de reagir a momentos de adversidade as suas principais marcas. Lopetegui chegou para impor o seu estilo, mas os resultados não apareceram. Em um clube imediatista como o Real Madrid, isso pode custar caro.

“O Lopetegui é um treinador que vinha fazendo um ótimo trabalho na seleção espanhola, mas tem um estilo um pouco diferente do Real Madrid. Ele é um cara que valoriza bastante a posse de bola e é mais agressivo. Ele gosta que os seus times pressionem, marquem mais à frente e acelerem. Adota um jogo posicional na fase ofensiva. Mas esse time do Real Madrid não tem essa característica. Não é de tanta aceleração…. É mais cadenciado. Isso contribuiu para a queda de rendimento da equipe”, analisou Bruno Prado.

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E agora?

Com a demissão de Lopetegui, começam as especulações a respeito de quem irá assumir o comando técnico do Real Madrid. Nomes como os de Antonio Conte, ex-Chelsea, Roberto Martínez, atualmente na Bélgica, e Maurício Pochettino, do Tottenham, são os mais cotados. No entanto, nem mesmo a efetivação de Santiago Solari, técnico do Real Madrid B que irá treinar a equipe principal como interino, é descartada.

“O Conte, provavelmente, seria um furacão enorme para esse Real Madrid. Ele é um ótimo técnico, mas, por trabalhos anteriores, dá para dizer que tem problemas na gestão de pessoas. Quem eu gostaria de ver no Real é o Maurício Pochettino. Mas acho que, agora, no meio da temporada, seria difícil. Talvez a solução caseira do Santiago Solari seja a ideal até o fim da temporada. Aí, no meio do ano que vem, a direção senta e define um técnico para pegar o trabalho do início”, finalizou Bruno Prado.

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