Questões relacionadas aos diretos humanos dividem opiniões sobre compra do Newcastle

  • Por Jovem Pan
  • 05/05/2020 16h14 - Atualizado em 05/05/2020 16h23
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Reprodução Compra do Newcastle por fundo árabe está gerando polêmica

As questões envolvendo os direitos humanos na Arábia Saudita tem dividido o Newcastle quando o assunto é a aquisição do clube. O processo de compra pelo Fundo Público de Investimentos (PIF) árabe, avaliado em mais de 300 milhões de libras, já está em andamento, e desperta sentimentos conflituosos no clube, na torcida e entre autoridades e personalidades na Inglaterra.

Segundo a BBC, os torcedores afirmam que não deixarão de levantar questões sobre os abusos cometidos, mesmo que apoiem a compra. Alex Hust, presidente do grupo de torcedores Newcastle United Supporters Trust (NUST), disse que a torcida será como um “amigo crítico” para a administração do clube, responsabilizando-o caso necessário. Uma pesquisa realizada entre os membros do NUST constatou que quase 97% aprovam a aquisição – segundo o parlamentar local Chi Onwurah, a percepção dos fãs sobre a transação talvez não abranja todos os fatos.

A posição é diferente entre alguns grupos de direitos humanos, além de Hatice Cengiz, noiva do jornalista Jamal Khashoggi, do The Washington Post. Khashoggi foi assassinado dentro do consulado saudita em Istambul em circunstâncias desconhecidas. Não se sabe a causa da morte, e seu corpo nunca foi localizado ou examinado. A família real saudita nega qualquer envolvimento com a morte.

O debate é calcado principalmente na vontade dos torcedores de ver Mike Ashley, que está à frente do Newcastle há 13 anos, longe do clube. Hatice Cengiz pediu que a torcida se unisse contra a aquisição, já que o PIF foi presidido por Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro que ela responsabiliza pela morte de seu então noivo, em 2018.

O torcedor Greg Morrison admitiu que se sente dividido. “Me sinto em um conflito. Embora não sejamos responsáveis ​​pelo que acontece, temos que aceitar que estamos apegados à Arábia Saudita e às questões relacionadas a isso”, disse. “Meu argumento é que os torcedores não permitam que o nosso clube seja usado para justificar ou defender o que acontece na Arábia Saudita, mas que aceitem e reconheçam que há problemas e incentivem o debate”, completou.

A Anistia Internacional, por sua vez, pediu uma voz mais crítica vinda das arquibancadas. “Não podemos dizer quem deve ser o dono do clube, mas enquanto houver espaço para que se critique a Arábia Saudita, é tudo que podemos esperar”, disse a porta-voz Jameela Khan.

Os torcedores reclamam que perderam sua influência a partir do momento que Ashley assumiu o clube, e pedem para que sejam envolvidos ativamente no processo de tomada de decisão. Trabalhador da Anistia e membro do NUST, Steve Cockburn se disse “desconfortável” com a situação. “Temos um papel de proteger nossa reputação e nossos valores e compromisso com a justiça social. Não temos escolha quanto à aquisição, mas nós temos uma escolha de como reagimos a isso e estou animado com a discussão de hoje”, disse. “Mesmo que eles se tornem donos do clube, eles não são donos de nossas opiniões”, finalizou.

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